quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Lampião na cabeça - Luciana Sandroni


Bandido ou herói? Vingativo ou generoso? A história de Virgulino Ferreira da Silva - o temido Lampião - é contada por Luciana Sandroni neste livro. A autora mergulhou na vida do rei do cangaço para dividir com os jovens a controversa trajetória do menino tranquilo, tocador de sanfona e bom de xaxado, mas que foi se perder no cangaço e entrou para a História como um homem perigoso e violento.

Serviço
Lampião na cabeça
Luciana Sandroni
112 páginas - R$ 49,50 (em média)
Editora Rocco

Ranxerox - Stefano Tamburini, Tatino Libertore e Alain Chabat


'Ranxerox' é um robô bronco e mal-humorado perdidamente apaixonado por Lubna. Vivendo em um mundo pós-apocalíptico, em que o consumismo, a violência e o egoísmo são as normas, ele não mede esforços para agradar sua garota. Seja conseguir drogas, gravar um filme na TV ou fazer uma performance na Broadway, ele fará de tudo para satisfazer os desejos de Lubna ou salvá-la das enrascadas em que se mete.

Serviço
Ranxerox
Stefano Tamburini, Tatino Libertore e Alain Chabat
192 páginas - R$ 49,90 (em média)
Editora Conrad

Operação massacre - Rodolfo Walsh


'Operação Massacre' narra os bastidores da ação policial que resultou no fuzilamento clandestino de doze civis acusados de conspirar contra o governo ditatorial que depusera Perón um ano antes. Reunidos em uma casa na região metropolitana de Buenos Aires para acompanhar a transmissão de uma luta de boxe pelo rádio, doze homens são presos e levados para a delegacia na noite de 9 de junho de 1956, onde permanecem sem acusação formal ou julgamento até a manhã seguinte, quando enfim são conduzidos a um lixão nos limites da cidade e condenados sumariamente ao fuzilamento. Eram suspeitos de participar da tentativa de golpe de Estado que os generais peronistas Tanco e Valle haviam incitado naquela mesma noite. A repressão ao golpe empregou julgamentos sumários, fuzilamentos e prisões clandestinas, mostrando o caráter violento do governo provisório que, um ano antes, havia deposto Juán Domingo Perón com a promessa de pacificar e devolver a liberdade ao país. Para reconstituir o percurso dos prisioneiros na noite do fuzilamento, o autor valeu-se de diálogos, contraposição de pontos de vista e outros recursos emprestados da ficção, conferindo à narrativa um ritmo de romance policial.

Serviço
Operação massacre
Rodolfo Walsh
Tradução: Hugo Mader
288 páginas - R$ 46,00 (em média)
Editora Companhia das Letras

Bíblia do Corintiano - Celso Unzelte


Esta caixa contém mais de 30 itens para colecionadores sobre a história do Corinthians. Dentre eles se destacam o livro com 304 páginas, contando a história dos cem anos do clube. A ata de reunião realizada em 1913, a partitura do primeiro hino corintiano, o diploma de campeão paulista do primeiro centenário da Independência do Brasil, entre outras, são algumas das reproduções que a caixa contém.

Serviço
Bíblia do Corintiano
Celso Unzelte
304 páginas - R$ 159,90 (em média)
Editora Panda Books

Dias felizes - Samuel Becktt


Em cena, Winnie, uma mulher de meia-idade enterrada em uma colina e debaixo de sol a pino, busca agarrar-se às poucas coisas que estão ao seu alcance, os objetos de uma bolsa. Ao redor, uma paisagem inóspita e o marido indiferente - Willie. O volume traz a tradução, o texto de apresentação e as sugestões de leitura de Fábio de Souza Andrade, professor e estudioso da obra de Beckett. O apêndice traz cartas que o irlandês trocou com Alan Schneider, diretor da montagem americana, o depoimento da atriz e pesquisadora Martha Fehsenfeld, que acompanhou orientações do próprio Beckett na versão londrina de 1979, além de um conjunto de fotos das atrizes que interpretaram Winnie.

Serviço
Dias felizes
Samuel Becktt
Tradução: Fábio de Souza Andrade
136 páginas - R$ 56,00 (em média)
Editora Cosac & Naify

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Esperando Godot - Samuel Beckett


Obra-prima do dramaturgo, romancista e poeta irlandês Samuel Beckett (1906-1989), ganhador do Prêmio Nobel de Literatura em 1969, o clássico ganha reedição com tradução do professor de teoria literária da USP Fábio de Souza Andrade. Escrita em francês, a peça estreou em 1953 e se tornou um divisor de águas no teatro do século passado. Na história, dois vagabundos aguardam infinitamente, num descampado, a vinda do senhor Godot, que nunca aparece. O apêndice informativo da edição inclui seção de fotos de montagens históricas da peça e sugestões de leitura complementar.

Serviço
Esperando Godot
Samuel Beckett
Tradução: Fábio de Souza Andrade
246 páginas - R$ 66,00 (em média)
Editora Cosac & Naify

domingo, 19 de setembro de 2010

Essa mulher e outros contos - Rodolfo Walsh


Este livro reúne o conjunto fundamental da prosa breve de Rodolfo Walsh, autor morto durante a ditadura argentina.

Serviço
Essa mulher e outros contos
Rodolfo Walsh
Tradução: Sérgio Molina e Rubia Prates Goldoni
256 páginas - R$ 39,00 (em média)
Editora 34

Grandes enigmas da humanidade - Vários autores


150 grandes perguntas históricas da humanidade são discutidas nesta obra. Ilustrado, 'Grandes Enigmas da Humanidade' convida o leitor para um mergulho nas profundezas dos temores e das esperanças dos homens. Tesouros escondidos, monstros das profundezas e dos picos, aparições e fenômenos até hoje inexplicados povoam este livro.

Serviço
Grandes enigmas da humanidade
Vários autores
Tradução: Luiz de Araújo e Marly Peres
360 páginas - R$ 99,00 (em média)
Editora Larousse

A valsa dos adeuses - Milan Kundera


Em um pequeno balneário decadente, oito personagens se ligam de maneiras improváveis. Esterilidade, amor não correspondido, adultério, depressão, aborto - Kundera reúne neste romance elementos que podem perturbar o amor. Pares se encontram e desencontram como se rodopiassem ao som de uma valsa. A música dá partida para o tema inicial do livro - a gravidez indesejada de uma jovem em contrapartida ao desejo de ser mãe que leva as mulheres até a estação de águas. Aos poucos, Milan Kundera apresenta a outros pares, a outros temas. E, através desses personagens, o autor levanta questões como a ética dos processos de fertilização, a traição entre amigos, os limites da paixão, as armadilhas do ciúme, o despertar do erotismo, a necessidade de tomar as rédeas da própria vida ou morte.

Serviço
A valsa dos adeuses
Milan Kundera
Tradução: Teresa Bulhões Carvalho da Fonseca
248 páginas - R$ 24,00 (em média)
Editora Companhia das Letras

1822 - Laurentino Gomes


Nesta aventura pela história, Laurentino Gomes conduz o leitor por uma jornada pela Independência do Brasil. Resultado de três anos de pesquisas e composta por 22 capítulos intercalados por ilustrações de fatos e personagens da época, a obra cobre um período de quatorze anos, entre 1821, data do retorno da corte portuguesa de D. João VI a Lisboa, e 1834, ano da morte do imperador D. Pedro I. O livro procura explicar como o Brasil conseguiu manter a integridade do seu território e se firmar como nação independente em 1822.

Serviço
1822
Laurentino Gomes
352 páginas - R$ 44,90 (em média)
Editora Nova Fronteira

Brasil - Uma história - Eduardo Bueno


'Brasil, uma história' é um panorama da História do Brasil, do descobrimento em 1500 ao governo Lula em 2010. O objetivo do livro é tirar a História da sala de aula e apresentá-la como algo que procura ser vivo e dinâmico.

Serviço
Brasil - Uma história
Eduardo Bueno
480 páginas - R$ 69,90 (em média)
Editora Leya

Fim de partida - Samuel Beckett


'Fim de Partida', escrito na atmosfera da pós-guerra, traz para o centro da cena histórica o modernismo tardio de Samuel Beckett. Os dois protagonistas, Hamm e Clov, giram em falso, reclusos num abrigo, sofrendo com a escassez de alimentos e remédios. Ambos perambulam no front da catástrofe, entre o desassossego dos paralíticos e o mutismo dos tagarelas. Pertencem a uma etapa mais violenta do processo histórico - são meros sobreviventes.

Serviço
Fim de partida
Samuel Beckett
158 páginas - R$ 56,00 (em média)
Editora Cosac & Naify

Sobressalto - Kenneth Cook


'Sobressalto' conta a história dos cinco dias em que o jovem professor John Grant mergulha em um pesadelo no outback, como é conhecido o semi-deserto australiano. É o último dia de aula, e Grant parte da minúscula Tibonga, onde leciona, para Bundanyabba, uma pequena cidade mineradora. Uma noite em Yabba e então o avião que finalmente o levará para Sidney, para o mar, para a civilização, para seis semanas de férias, para Robyn, uma mulher que inunda seus sonhos. Mas um policial que ele conhece em um bar o leva a um lugar onde se pode comer do melhor filé, e onde se joga o Two-up, uma espécie de cara ou coroa em que duas moedas são lançadas ao mesmo tempo. E o jovem Grant se vê hipnotizado diante do 'Jogo'. Em companhia de sujeitos que não conhece, Grant passa dias em que cura a ressaca de uma bebedeira com mais cerveja, em que sai de carro para caçar cangurus, em que faz coisas que ultrapassam o limite de seu senso moral. Dia a dia, aquele John Grant de Sidney desaparece dando lugar a outro homem, vindo da Austrália profunda a que se entrega, um mundo rude e selvagem esmagado pelo calor e encharcado de suor e cerveja, um mundo em que as pessoas têm jeitos de viver que lhe são complemente estranhos.

Serviço
Sobressalto
Kenneth Cook
Tradução: Maria Alice Stock
176 páginas - R$ 36,00 (em média)
Editora Grua Livros

Retratos imorais - Ronaldo Correia de Brito


Divididos em três seções, como a exposição de retratos numa galeria, os contos mostram figuras de homens e mulheres despedaçados, assombrados pela memória e pelo impacto do presente. Mãe e filho numa relação obsessiva, um garoto que sonha o grande mundo, um cirurgião que no momento crítico se sente paralisado.

Serviço
Retratos imorais
Ronaldo Correia de Brito
184 páginas - R$ 33,90 (em média)
Editora Alfaguara

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

A invenção da cultura - Roy Wagner


Publicado pela primeira vez em português, 35 anos depois de sua edição original, A invenção da cultura, de Roy Wagner, é provavelmente o livro mais esperado pelo meio antropológico brasileiro nos últimos anos. Um divisor de águas, radicaliza uma reflexão sobre o polêmico conceito de cultura em antropologia – a partir da consideração dos modos de conceitualização nativos, ela reformula a própria disciplina antropológica, fazendo-a pensar sobre si mesma. Para Wagner, não se trata de entender o que outros povos produzem como “cultura” a partir de um dado universal (a “natureza”), mas antes, o que é concebido como dado, e portanto como cultura, por outras populações. Após um meticuloso trabalho de tradução, a publicação finalmente é lançada, incluindo um post scriptum do autor escrito em 2010, especialmente para a edição brasileira, que contém ainda bibliografia completa e um índice remissivo de nomes e ideias.

Serviço
A invenção da cultura
Roy Wagner
Tradução: Alexandre Morales e Marcela Coelho de Souza
256 páginas - R$ 55,00 (em média)
Editora Cosac & Naify

50 jardins inesquecíveis do mundo - Editora Europa


O livro 50 Jardins Inesquecíveis do Mundo é uma coleção de textos e fotos que retrata as principais obras-primas do paisagismo em todo o mundo. A publicação foi produzida com a experiência das revistas Natureza e Viaje Mais. Tudo com a intenção de deixar qualquer viagem muito mais elegante e agradável. Uma viagem a Paris, por exemplo, não estaria completa sem uma visita aos jardins do Palácio de Versalhes, ao Jardim de Tuileries e ao Jardim de Luxemburgo.

Os jardins parisienses são referência em todo o mundo. Mas há outros tão ou ainda mais belos espalhados por diversas outras cidades. É caso de Keukenhof, na Holanda, com a belíssima florada de tulipas; o jardim botânico Kew Garden, na Inglaterra, um dos mais importantes do mundo; a inusitada Lombard Street, na Califórnia (EUA); a encantadora Ilha de Mainau, na Alemanha; os exóticos jardins japoneses de Kokoen e Ryoanki; ou os brasileiros jardins botânicos do Rio de Janeiro e de Curitiba.

Todos os lugares são retratados com três fotos que caracterizam bem o paisagismo do jardim. Fora isso, contam com uma curiosidade bastante interessante sobre local, sua história ou como aproveitar melhor um passeio até lá. São 50 regiões que você não pode deixar de conhecer. São 50 paisagens para você ver e nunca mais esquecer.

Serviço
50 jardins inesquecíveis do mundo
220 páginas - R$ 59,90 (em média)
Editora Europa

Política - João Ubaldo Ribeiro


Sem usar jargões nem impor qualquer visão particular, João Ubaldo destrincha alguns enigmas desta atividade inexorável à vida humana - a Política. Tem a ver com quem manda, por que manda, como manda. E João explica isso tudo como ninguém. Vai comendo pelas beiradas, explicando que coisa é essa, a Política, e por que ela interessa a todos e a cada um, e aos poucos desvendando conceitos fundamentais da sociedade e do Estado.

Escritor, jornalista, bacharel em Direito, mestre em Administração Pública e Ciência Política pela Universidade da Califórnia do Sul, João Ubaldo foi professor de Ciência Política da Universidade Federal da Bahia. Em Política, ele utiliza seu conhecimento acadêmico para tratar de temas como poder, nação, soberania, democracias, ditaduras, partidos políticos, ideologias - com linguagem clara.

Serviço
Política
João Ubaldo Ribeiro
192 páginas - R$ 35,90 (em média)
Editora Objetiva

Cócegas no raciocínio - João Montanaro


Considerado a grande revelação do quadrinho nacional nos últimos anos, João Montanaro ganha seu primeiro álbum no auge de seus 14 anos. Possivelmente, é o autor mais jovem a publicar um livro nesse mercado em nosso país. E a estreia é em grande estilo. Não é à toa que Montanaro se tornou tão querido de grandes nomes do traço brasileiro. O garoto é bom mesmo. E sabe disso. A ponto de, às vezes, algumas pessoas o considerarem meio marrento por comentários que faz em entrevistas ou no Twitter.

Definitivamente, não é o caso. Ele tem apenas 14 anos e, por mais maturidade que demonstre ao tratar certos temas (vale lembrar que, atualmente, Montanaro é chargista da Folha de S.Paulo), ainda é um adolescente. Quer coisa mais normal do que agir como tal? João Montanaro tem um humor gostosamente sacana. E com um traço que, por si só, já é engraçado. Neste livro, há várias passagens em que o leitor não deve estranhar se perguntar a si mesmo: "De onde esse moleque tirou essa ideia?", como na tira do João sem braço tendo que apontar um lápis.

Outro bom exemplo está nas páginas em que os convidados especiais, Laerte, Adão Iturrusgarai, Benett, Carranza, Jean Galvão e Orlando, fazem uma página para Montanaro e recebem outra de volta. Adivinhe: João sacaneou todos eles. Quer maior prova de admiração? Ele sabe que não dá pra fazer quadrinhos de humor sem ser irreverente.

Um grande mérito de Cócegas no raciocínio é mostrar a versatilidade do autor. As tiras, cartuns e charges são o ponto alto do álbum. A HQ em preto e branco, mais longa, mostra que Montanaro, ao menos por enquanto, se dá melhor em quadrinhos de menor fôlego. Nas páginas finais, as (belas) ilustrações tiram do leitor o sorriso que ele carregara até ali, mas comprovam o talento do garoto em outra praia. Isso porque suas aquarelas chamam mesmo a atenção.

Por fim, um elogio ao trabalho editorial da Garimpo. O álbum retrata na dose certa cada fase do trabalho de João Montanaro. Ou seja, Cócegas no raciocínio é uma ótima pedida para quem já o conhece e também para apresentá-lo a novos leitores. João Montanaro surgiu para o mercado aos 12 anos. Por isso, foi chamado algumas vezes de "menino-prodígio" do quadrinho nacional. Ele deve ter odiado receber o mesmo apelido do Robin, mas, como sacaneia todos à sua volta (nem os pais escapam), sabe que ser a "vítima" das tirações de sarro aqui ou ali é inevitável.

Serviço
Cócegas no raciocínio
João Montanaro
128 páginas - R$ 34,90 (em média)
Editora Garimpo

As palavras de Saramago - José Saramago


Único escritor de língua portuguesa a ganhar o prêmio Nobel, José Saramago (1922-2010) é um exemplo perfeito do intelectual engajado preconizado pelo autor de As palavras, Jean-Paul Sartre. Com efeito, a intervenção na esfera pública, o comprometimento com uma visão crítica do mundo, a defesa de ideias muitas vezes polêmicas, a indignação diante das injustiças e desigualdades econômicas e sociais são características marcantes de alguém que jamais separou o escritor do cidadão e sempre disse com todas as palavras o que pensava.

Este livro, editado por Fernando Gómez Aguillera, biógrafo espanhol de Saramago, traz uma ampla seleção de declarações do escritor extraídas de jornais, revistas e livros de entrevistas, publicados em Portugal, no Brasil, na Espanha e em diversos outros países, da segunda metade da década de 1970 até março de 2009.

Os textos estão organizados cronologicamente no interior de núcleos temáticos que abrangem as questões mais recorrentes nas manifestações do escritor. A primeira parte, centrada na pessoa José de Sousa Saramago, reúne comentários sobre sua infância, a formação autodidata, a trajetória pessoal, os lugares onde morou, bem como reflexões sobre si mesmo - o pessimismo, a indignação, a coerência, a primazia da ética - que traçam o perfil de um escritor sempre disposto a praticar a introspecção e a compartilhar seu pensamento com a opinião pública.

A segunda parte, em que vem para o primeiro plano a figura do escritor, traz reflexões sobre o ofício literário que mostram sua plena consciência dos procedimentos romanescos, concepções pouco ortodoxas para um comunista sobre as relações entre literatura e política - “não vou utilizar a literatura para fazer política” - e o papel do escritor na sociedade: “se o escritor tem algum papel, é intranquilizar”.

Na terceira parte, quem fala é o cidadão José de Sousa Saramago, o crítico, entre outras coisas, da globalização econômica, do “concubinato” dos meios de comunicação com o poder, do consumismo, do comunismo soviético, da paralisia da esquerda incapaz de inovar, do conservadorismo da Igreja católica, da postura de Israel em relação aos palestinos e do irracionalismo generalizado do mundo capitalista. Sua voz clama pela democracia social plena - não apenas formal e eleitoral -, pelo respeito integral aos direitos humanos e pelo sagrado direito de espernear: “Ao poder, a primeira coisa que se diz é não”.

As palavras de Saramago compõe o retrato falado de um escritor que exerceu seu ofício com o profissionalismo de um operário, a pertinácia de um militante político, a consciência de um cidadão e a visão ampla de um verdadeiro intelectual.

Serviço
As palavras de Saramago
José Saramago
480 páginas - R$ 53,00 (em média)
Editora Companhia das Letras

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Desgracida - Dalton Trevisan


Com seu estilo inconfundível, Dalton Trevisan prova, mais uma vez, porque é considerado um dos maiores contistas brasileiros contemporâneos. Vencedor do Prêmio Portugal Telecom 2003 com Pico na veia e do prêmio Clarice Lispector da Fundação Biblioteca Nacional 2008 por O maníaco do olho verde, o autor volta a desfiar em 'Desgracida' sua linguagem mordaz e humor cáustico, ao abordar as várias facetas da condição humana. Dividido em duas partes, o livro começa por Ministórias — uma seleção de textos inéditos do Vampiro de Curitiba, que reafirmam a idéia de Dalton de que só chegaria à perfeição quando compusesse histórias completas com apenas duas ou três linhas. A cada novo livro, seu texto é mais enxuto, conciso — magro, sem por isso ser inane. Aqui, literalmente, para bom entendedor, meia-palavra basta.

A consagrada ironia cortante e o habitual sarcasmo de suas histórias estão presentes em 90 microcontos — alguns de apenas uma frase — que transmitem todas as aflições e alegrias de homens e mulheres, com erotismo intenso e diálogos incomuns. Uma coletânea de histórias que retrata a realidade do Brasil hoje, os desastres do amor, as cenas da vida cotidiana, os infernos particulares, a guerra dos sexos. Na segunda parte, Mal traçadas linhas, são reproduzidos textos de antigas cartas enviadas a amigos, como Pedro Nava, Rubem Braga e Otto Lara Rezende.

Nestas correspondências, o então jovem escritor comete alguns “sacrilégios” em relação a algumas obras hoje consagradas. Em um texto endereçado ao amigo Otto, por exemplo, propõe: “Falemos mal do Grande Sertão. Rompe você ou começo eu?”, para depois prosseguir: “Um cronista genial, a mão leve de beija-flor, mas — ai de mim — romancista menor”. As cartas trocadas com os célebres interlocutores revelam um pouco mais sobre as idéias do recluso escritor curitibano, avesso a entrevistas, que coleciona uma legião de fãs que cresce proporcional a sua aparente timidez.

Quanto mais se recusa a aparecer, mais ansiosos por sua próxima obra crítica e público se tornam. Toda informação sobre o autor é breve e autônoma, retalho que se une a outros para formar uma peça homogênea — tal como muitos de seus livros. 'Desgracida' é mais uma peça indispensável deste quebra-cabeça que é a genial obra de Dalton Trevisan.

Serviço
Desgracida
Dalton Trevisan
240 páginas - R$ 37,90 (em média)
Editora Record

Gadget - Jaron Lanier


O livro discute os problemas técnicos e culturais que podem resultar de um design digital pouco ponderado e nos alerta que nossos mercados financeiros e sites como a Wikipédia, o Facebook e o Twitter estão elevando a “sabedoria” das multidões e os algoritmos de computador acima da inteligência e da capacidade de julgamento das pessoas. Lanier também nos mostra como a paranoia antigoverno dos anos 1960 influenciou o design do mundo on-line e permitiu a agressividade e a trivialização do discurso on-line; como o compartilhamento de arquivos está matando a classe média artística; como uma crença em um “arrebatamento” tecnológico motiva alguns dos tecnólogos mais influentes do mundo; e por que uma nova tecnologia humanista é necessária. Controverso e fascinante, este livro representa uma profunda defesa dos seres humanos por um autor mais do que qualificado a discorrer sobre como a tecnologia interage com a nossa cultura.

Serviço
Gadget
Jaron Lanier
248 páginas - R$ 39,90 (em média)
Editora Saraiva

Retratos pintados - Titus Riedl e Martin Paar


Retratos Pintados, de Titus Riedl e Martin Parr, recupera a ameaçada arte dos bonequeiros do Nordeste do País, que transformam o negativo da vida de pessoas simples em imagens que as ajudam a suportar a própria história.

Serviço
Retratos pintados
Titus Riedl e Martin Paar
68 páginas - US$ 60.00 (em média)
Editora Nazraeli Press

O Brasil holandês - Evaldo Cabral de Mello


A presença do conde Maurício de Nassau no Nordeste brasileiro, no início do século XVII, transformou Recife na cidade mais desenvolvida do Brasil. Em poucos anos, o que era um pequeno povoado de pescadores virou um centro cosmopolita. A história do governo holandês no Nordeste brasileiro se confunde com a guerra entre Holanda e Espanha. Em 1580, quando os espanhóis incorporaram Portugal, lusitanos e holandeses já tinham uma longa história de relações comerciais. O Brasil era, então, o elo mais frágil do império castelhano, e prometia lucros fabulosos provenientes do açúcar e do pau-brasil. Este volume reúne as passagens mais importantes dos documentos da época, desde as primeiras invasões na Bahia e Pernambuco até sua derrota e expulsão. Os textos - apresentados e contextualizados pela maior autoridade no período holandês no Brasil, o historiador Evaldo Cabral de Mello - foram escritos por viajantes, governantes e estudiosos. São depoimentos de quem participou ou assistiu aos fatos, e cuja vividez e precisão remete o leitor ao centro da história.

Serviço
O Brasil holandês
Evaldo Cabral de Mello
512 páginas - R$ 28,00 (em média)
Editora Companhia das Letras

A duração do dia - Adélia Prado


Adélia Prado - premiadíssima autora de Bagagem e Filandras, e com mais de 500 mil exemplares vendidos de sua obra - é uma das mais aclamadas escritoras da literatura brasileira, ao lado de nomes como Nélida Piñon, Lívia Garcia-Roza e Lya Luft. Com uma obra que inclui prosa, poesia e, recentemente, a estréia na literatura infantil com Quando eu era pequena, Adélia encanta mais uma vez em 'A duração do dia' pela linguagem ao mesmo tempo poética e impactante.

Depois de 10 anos sem publicar um livro de poesia, Adélia retorna ao gênero que a consagrou. E confirma porque é uma das maiores poetisas do país. 'A duração do dia' expõe uma poetisa sutil e sedutora, em versos que falam de amor, desejos, frustrações, sonhos. Uma sinuosa viagem pelos caminhos do coração. Com um estilo que contrasta a leveza das palavras com a força dos sentimentos, seu olhar único sobre as coisas aparentemente desimportantes do cotidiano revela a perplexidade e encantamento da vida.

Numa narrativa extremamente pessoal, Adélia volta a temas recorrentes em sua literatura: a vida provinciana, a religiosidade, as cores do campo, num espelho de sua própria experiência. Muitas vezes, Adélia opta por expor conflitos entre o sagrado e o profano, observados a partir de coisas simples da natureza ou até mesmo da leitura de um texto religioso. O livro traz textos repletos de emoções que, para a autora, são inseparáveis da criação, ainda que nascidas, muitas vezes, do sofrimento.
Apesar de muitos e variados, abordando temas tão diversos quanto o amor carnal, o amor divino, a vocação do poeta, as cores e as dores da vida, os textos de 'A duração do dia' possuem uma unidade, uma fala peculiar. Uma viagem literária de 24h, mas que permanece eterna em cada página.

Serviço
A duração do dia
Adélia Prado
112 páginas - R$ 27,90 (em média)
Editora Record

Luka e o fogo da vida - Salman Rushdie


Embora possa ser lido de forma independente, Luka e o Fogo da Vida retoma os protagonistas de Haroun e o Mar de Histórias, romance de Salman Rushdie publicado em 1990: Rashid Khalifa, famoso contador de histórias, cuja imaginação prodigiosa o faz viver entre o mundo real e o mundo da fantasia; Soraya, sua mulher; e os dois filhos, Haroun e Luka. Neste novo livro, Luka tem doze anos e sonha em seguir os passos do pai e do irmão mais velho, que já se aventuraram pelo mundo da magia. É então que, sem querer, ele roga uma maldição contra um circo que visita a cidade, cujos animais são maltratados pelo dono, o Capitão Aag. Naquela noite, o circo é destruído por um incêndio.

Mas o Capitão Aag se vinga, enfeitiçando o pai de Luka e fazendo-o cair num sono profundo, que acabará por matá-lo se o feitiço não for quebrado. Luka então descobre que o único jeito de salvar o pai é roubando o Fogo da Vida do topo da Montanha do Conhecimento. Ao longo da odisseia de Luka, uma impressionante variedade de mitologias se sucede. Além de ser populado por deuses gregos, romanos, astecas, hindus e nórdicos, o livro também faz alusão ao que se poderia chamar de universo mitológico moderno, como os filmes de Walt Disney, a trilogia De volta para o futuro e o romance Um ianque na corte do rei Artur, de Mark Twain.

Escrito num ritmo ágil e com um humor evidente nos jogos de linguagem que temperam a narrativa, Luka e o Fogo da Vida é uma declaração de amor à fantasia, ao mesmo tempo em que chama atenção para as ligações entre imaginação e realidade.

Serviço
Luka e o fogo da vida
Salman Rushdie
Tradução: José Rubens Siqueira
208 páginas - R$ 33,00 (em média)
Editora Companhia das Letras