quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Poucas linhas de muitos Trevisans

Escritores, em geral, começam produzindo contos como uma espécie de exercício para desenvolver o fôlego necessário até conseguirem encarar um romance. Dalton Trevisan, ao contrário, almeja escrever textos cada vez menores. Alguns de seus diálogos são apenas sinais gráficos que indicam, por exemplo, silêncio ou surpresa.

É o que se vê em Violetas e Pavões, antologia de 22 contos inéditos do escritor paranaense que chega às livrarias nesta sexta-feira. Com seu estilo irônico e mordaz, o autor retrata uma galeria de monstros morais – ladrões, estupradores, sádicos e maníacos.Aos 84 anos, Trevisan usa erotismo intenso e diálogos incomuns para retratar a realidade do Brasil de hoje, em que a miséria, o desemprego e o desespero diante da falta de perspectivas se misturam com a esperança por um futuro melhor.

Trevisan venceu o Prêmio Portugal Telecom 2003 com Pico na Veia. Em 2007, ficou em segundo lugar na mesma premiação com Macho Não Ganha Flor. “Inútil dizer que Dalton Trevisan se repete. Um encontro amoroso também é uma repetição de gestos e nem por isso deixa de ser desejado e sonhado”, disse certa vez o crítico literário Leo Gilson Ribeiro. Para Silviano Santiago, escritor e crítico, o paranaense é o autor de sua geração “que melhor soube dar dignidade aos sentimentos humanos”. Violetas e Pavões parece reafirmar a ideia de que Dalton Trevisan busca criar histórias completas com apenas duas ou três linhas.

Serviço
Violetas e Pavões
Dalton Trevisan
128 páginas - R$ 32,00 (em média)
Editora Record

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