sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Diálogos no inferno

"Este livro tem traços que podem aplicar-se a todos os governos", já adverte Maurice Joly no início de seu livro Diálogo no inferno entre Maquiavel e Montesquieu, novo título da Coleção Pequenos Frascos, lançado pela Editora Unesp. Apesar de sua publicação original ter sido feita há quase 150 anos, Joly não poderia ser mais universal e contemporâneo. Isso porque o embate ideológico imaginado pelo autor é muito mais do que um debate de conceitos divergentes: é a própria defesa dos regimes políticos de liberdade contra os regimes autoritários.

Entretanto, na época de sua produção, a obra tinha como objetivo atingir um governo e um governante específicos. Quando Diálogo no inferno entre Maquiavel e Montesquieu foi escrito, Maurice Joly vivia numa França sacudida por revoluções e transições de ordem política, e acabava de ver ascender ao trono Napoleão III (sobrinho de Napoleão Bonaparte), que instaurou um império despótico e desencadeou as reações liberais dos republicanos franceses.

Em resposta às condutas do novo imperador, Joly idealizou um embate histórico entre dois pensadores que marcaram a história política do mundo ocidental. Colocando os autores de O príncipe e de O espírito das leis (cujas vidas se separam por mais de um século) para defender seus conceitos, o escritor põe em discussão ideais muito maiores. Criou uma discussão entre a Força e a Lei, a Astúcia e o Direito, o Interesse e a Moral.

O resultado é a oposição de duas linhas de argumentos fortes que se embatem num diálogo lógico que desperta a atenção do leitor. Exatamente por isso, a obra se configura não só como uma aula sobre o pensamento político desses dois grandes pensadores, mas uma fonte de reflexão sobre os regimes políticos para todo o mundo contemporâneo.

Serviço
Diálogo no inferno entre Maquiavel e Montesquieu
Maurice Joly
Tradução: Nilson Moulin
356 páginas - R$ 45,00 (em média)
Editora Unesp

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