A fotografia de uns quantos médicos, disfarçados de piratas algures numa ilha malaia, ilustra as inúmeras notícias sobre as agressivas técnicas de marketing da indústria farmacêutica. Onde acaba a promoção e acaba a corrupção?
Para além do problema de polícia que eventualmente possa vir a existir, há um outro que continua escamoteado de forma permanente e que ninguém parece estar muito interessado em discutir. O exercício das profissões de saúde, e não exclusivamente da médica, exigem um constante e significativo esforço de actualização, sem o que não é possível garantir-se a introdução de inovação nem o aperfeiçoamento técnico essenciais ao desenvolvimento da qualidade dos cuidados de saúde. Até ao momento, tem sido a indústria farmacêutica, de forma naturalmente interessada e sempre dependente da ética que cada empresa coloca na sua forma de estar no mercado, a assegurar uma parte substancial desse investimento. Criaram-se regras, é um facto, mas as regras não pagam os encargos que as entidades empregadoras dos clínicos deveriam suportar. Esta matéria não é de fácil abordagem. Grande parte dos médicos exerce medicina quer de forma independente quer institucionalmente e os benefícos da formação abrangem a sua actividade sob qualquer das formas. Mas, enquanto as instituições empregadoras, públicas e privadas, não conseguirem assumir o investimento da formação dos seus quadros como uma responsabilidade sua, tornando-os assim mais indiferentes às ofertas da indústria, continuaremos a assistir às aventuras do pirata Sandokan.
Serviço
Os piratas da Malásia
Emílio Salgari
Tradução: Maiza Rocha
256 páginas - R$ 38,00 (emm média)
Editora Iluminuras
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