terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Pornopopéia


É difícil dar uma idéia, para quem não estava na área naquele momento, do que significou o lançamento do livrinho “Tanto faz”, de um então recém-balzaquiano Reinaldo Moraes, pela editora Brasiliense em 1981. Para nós, a quem cabia desempenhar o papel de “novíssima geração” do momento, era como se a história do desbunde de um bolsista brasileiro em Paris finalmente introduzisse na literatura brasileira uma sintaxe, um vocabulário, um humor, uma sujeira, uma inteligência e uma falta de modos que atualizavam por aqui, de um golpe só, todo o lado B do século 20, de Knut Hamsun aos Beats. Sim, tínhamos coisas pop como “PanAmérica” de José Agrippino e “Catatau” de Leminski, entre outras, mas “Tanto faz” era diferente. Lia-se sem nenhum tropeço, puro prazer. Não soava como experimentalismo ou como a busca consciente – e inevitavelmente impostada – de uma voz “jovem”. Aquilo parecia natural no cara.

Serviço
Pornopopéia
Reinaldo Moraes
244 páginas - R$ 44,00 (em média)
Editora Objetiva

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