terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Metrópole - Hildegard Rosenthal


Com imagens de Hildegard Rosenthal (1913-1990), será lançado amanhã (20.02), em São Paulo, o livro Metrópole Hildegard Rosenthal. Uma publicação do Instituto Moreira Salles, o livro dá continuidade à coleção iniciada por Paranóia, de Wesley Duke Lee e Roberto Piva, Sequências, de Otto Stupakoff e Norte, Marcel Gautherot – todos brochuras publicadas em tamanho médio, com excelente impressão e acabamento. Na mesma data, tem a abertura da mostra Profissão Fotógrafo – Hildegard Rosenthal e Horacio Coppola.

O livro contém mais de 100 imagens (extraídas de 3 mil negativos do IMS) e é dividido em cinco capítulos: “Cenas Urbanas”, “Edifícios e Grafismos”, “Interior”, “Noite/Chuva” e “Retratos” que traçam um breve panorama do vasto acervo da fotógrafa pertencente ao instituto. A organização e texto de introdução são da historiadora Maria Luiza Ferreira de Oliveira. No livro, também há um conto de Beatriz Bracher, inspirado na obra da fotógrafa. Esta ligação da ficção com a “realidade” da fotografia já vem sendo praticada na revista Serrote, publicada também pelo IMS.

Rosenthal fez um registro bastante instigante da São Paulo da metade do século 20. Para a historiadora, ela registra o tecido urbano em plena transformação. Entretanto, vistas hoje, se tornaram uma memória fundamental na história da construção da cidade, cujo caos permeiou seu crescimento mais formal e, ainda assim, com imagens extremamente românticas.

O lado mais artístico desta documentação, que aparece em “Edifícios e Grafismos”, mostra que Rosenthal não se limitava ao formalismo documental. As abstrações surgem em diferentes ângulos, não muito usuais para a sua época. Ela também foi buscar em cidadezinhas, como Pirapora do Bom Jesus, pequenos circos, espetáculos populares, crianças locais e outros motivos encontrados em Interior. O único porém é a ausência das colagens como O menino jornaleiro, publicada pelo IMS no catálogo da mostra Cenas Urbanas, de 1999.

Como o registrado na obra do grande Brassaï (1889-1984), a noite da metrópole também interessou a fotógrafa, especialmente os reflexos formados pelas poças de chuva. Diferentemente da São Paulo diurna, nota a historiadora Maria Luiza, Hildegard procurou um novo ritmo para seu registro cotidiano.

Outro lado especial do livro são os retratos. Na verdade, também, porque seus retratados são mais que especiais: entre eles, artistas plásticos como o lituano Lasar Segall (1891-1957), o italiano Alfredo Volpi (1896-1988), a húngara Yolanda Mohalyi (1909-1978); o escritor e crítico de teatro alemão Anatol Rosenfeld (1912-1963) e o escritor baiano Jorge Amado (1912-2001). Há uma pequena série de autoretratos no mínimo curiosa, onde ela aparece na cozinha, ao telefone e escrevendo, sempre com um cigarro na boca. Noutro, oposto a estes, a pose é de femme fatale com luvas e rede no rosto.

Hildegard Rosenthal nasceu e viveu até a adolescência em Frankfurt, Alemanha. Lá estudou pedagogia de 1929 a 1933. No ano seguinte mudou-se para Paris, passaou dois anos e voltou a Frankfurt, onde estudou fotografia com Paul Wolf (1887-1951). Veio para São Paulo em 1937, evitando o crescimento nazista e, logo depois, sendo uma das mulheres pioneiras, começa a trabalhar como fotojornalista para periódicos nacionais e internacionais.

Serviço
Metrópole
Hildegard Rosenthal
350 páginas - R$ 100,00 (em média)
Instituto Moreira Salles

Nenhum comentário: