De menino pobre a ídolo pop. De maior astro do país ao banimento sumário dos palcos, da mídia, da história. Wilson Simonal descreveu a mais meteórica e trágica curva de ascensão e queda já vista no Brasil. Na metade final dos anos 1960, Simonal rivalizava apenas com Roberto Carlos em termos de popularidade. Dez anos depois, acusado de ser o mandante do sequestro e tortura de seu contador, foi estigmatizado como delator a serviço da ditadura militar – e, oficiosamente, acabou condenado ao ostracismo artístico até morrer em 2000, corroído pelo álcool, pela depressão e pelo esquecimento do público.
Simonal era culpado ou inocente? Dedo-duro ou vítima de difamação movida por rancor, inveja, racismo? A polêmica, que se arrasta há quase quatro décadas, foi reacendida de vez em 2009, com o lançamento do documentário Ninguém sabe o duro que dei, dirigido por Cláudio Manoel, Micael Langer e Calvito Leal, cuja repercussão pôde ser medida pela avalanche de artigos em jornais, revistas e blogs com pontos de vista divergentes acerca de fatos, versões e mitos relativos ao “caso Simonal”, numa espécie de processo coletivo de exumação da história recente do Brasil.
Nesse contexto, Nem vem que não tem – A vida e o veneno de Wilson Simonal, biografia escrita por Ricardo Alexandre que chega agora às livrarias, é uma contribuição mais do que bem-vinda. Jornalista musical e diretor de redação da revista Época São Paulo, Alexandre dedicou boa parte dos últimos dez anos a um paciente trabalho de investigação sobre a vida do autodenominado “rei da pilantragem”. Além de se debruçar sobre jornais, revistas, filmes, discos e documentos de época, realizou centenas de entrevistas a fim de produzir aquele que talvez seja o mais completo retrato do cidadão Wilson Simonal de Castro, antes, durante e depois da fama.
Serviço
Nem vem que não tem – A vida e o veneno de Wilson Simonal
Ricardo Alexandre
392 páginas - R$ 39,90 (em média)
Editora Globo
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