Com textos de Agnaldo Farias, Paulo Herkenhoff, Roberto Segre, Julio Katinsky e Rodrigo Queiroz e fotos de Nelson Kon e Leonardo Finotti, "RUY Ohtake – Arquitetura e a Cidade" foi lançado na quinta-feira (26), em São Paulo.
É o maior registro já publicado da obra do arquiteto. Com 324 páginas, o livro mostra 88 projetos de Ohtake ao longo de seus quase 50 anos de atuação na arquitetura e em projetos urbanos.
Indicado arquiteto de 2009 pela Federação de arquitetos brasileiros este ano, Ohtake formou-se pela FAU-USP em 1960. Entre seus projetos mais conhecidos em São Paulo estão o Instituto Tomie Ohtake, o Hotel Unique e o Parque Ecológico do Tietê.
No texto sobre a obra do arquiteto que está publicado no volume, o crítico Paulo Herkenhoff atribui a Ohtake a síntese de dois modelos fundamentais da arquitetura brasileira:
"Ruy Ohtake, na história da arquitetura brasileira, foi quem compreendeu em sua geração a hipótese necessária de costurar os valores conceituais, por vezes quase opostos, de Oscar Niemeyer, a quem visita habitualmente desde 1958, e Vilanova Artigas, seu mestre na USP. A partir daí, Ohtake também trabalha em sua obra autoral alguns dos aspectos mais marcantes da sensibilidade específica das escolas carioca e paulista de arquitetura. Assim, sua arquitetura não dispensa as pontuais inscrições brutalistas, próprias do pensamento paulistano, tanto quanto se envolve na sensualidade da forma, da linguagem de Niemeyer. Seu pensamento político sobre as tarefas sociais do arquiteto está mais próximo da lição de ética de Artigas. A ousadia da forma o coloca mais próximo de Niemeyer."
O crítico de arte Agnaldo Farias trata do uso da cor nas várias fases da obra de Ohtake:
"(..)A cor foi se insinuando aos poucos, em empenas, caixilhos, nervuras em fachadas, portas de entradas, entre outros elementos.
A Embaixada do Brasil em Tóquio (1981) serve como um marco nesse processo: foi ali que o amarelo, aplicado sobre um volume convexo que se contrapõe ao plano côncavo que se lhe passa por cima, transformou-se em protagonista.
O comentário sobre a cor nas obras de Ruy Ohtake, contudo, não deve servir para encobrir sua associação com a forma, desde sempre alvo de suas pesquisas. Quanto a isso, assinale-se o momento decisivo em que linhas e planos curvos somaram-se aos procedimentos fundados na ortogonalidade. Dito de outro modo, a maturidade do arquiteto deu-se através da produção de espaços mais e mais suscetíveis à natureza; uma relação que começou por separações sutis, como paredes de vidros ou calçadas sinuosas, para então, pouco a pouco, no decorrer dos anos 1970, desdobrar-se em fachadas ondulantes, de que são exemplares desde a agência bancária de Goiânia, obra de 1977, até o Ohtake Cultural, de 1995, chegando a volumes cilíndricos, planos circulares e, por fim, às intrincadas formas orgânicas mais recentes.
Do mesmo modo que a aplicação das cores decorreu da crença do arquiteto no seu caráter vitalista, a especulação formal, o exercício plástico liberto do que lhe parece o padrão ortogonal um tanto rígido praticado em São Paulo nas últimas décadas, sempre foi por ele defendido como um antídoto mais poderoso e eficaz contra a experiência urbana estéril, propiciada por edifícios e espaços previsíveis; uma afirmação da arquitetura como móvel da beleza e da imaginação e, por isso mesmo, corresponsável pela promoção da dignidade dos cidadãos."
Serviço
Ruy Ohtake - Arquitetura e a Cidade
Ruy Ohtake
324 págins - R$ 160,00 (em média)
Instituto Tomie Ohtake
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