quarta-feira, 28 de abril de 2010

Chaplin - Uma Vida - Stephen Weissman

Teria Chaplin transformado tragédias pessoais em comédia universal, criando o Adorável vagabundo como uma paródia e uma memoração ao pai alcoólatra? Seriam as heroínas de seus filmes memórias sublimadas, parte recordadas, parte reprimidas, da mãe adorada e de vida trágica?

Uma mistura de história social corajosa, romance e ciência médica, o livro começa com Weissman dissecando o tempestuoso cortejo e o desastroso casamento dos pais de Chaplin. Depois nos leva ao mundo do teatro de variedades vitoriano. Dá vida às ruas do sul de Londres, ao traumático orfanato Hanwell e, finalmente, por um novo ângulo, à Hollywood dos anos 1910 e 1920.

Chaplin não foi apenas grande: ele foi gigantesco. Em um mundo arruinado pela guerra, ele trouxe o som do riso e alívio para tantas pessoas que necessitavam de alento durante períodos tão dilacerantes como a Primeira Guerra Mundial e a Grande Depressão.

Ao apresentar uma investigação sobre a trajetória de Chaplin e as fontes de sua genialidade, Stephen Weissman explica, de maneira detalhada e fascinante, como a infância trágica formou a personalidade e a arte daquele que é considerado um gênio atemporal.

Chaplin disse mais sobre o amor do que muitas pesquisas sérias sobre o assunto. – Woody Allen

Serviço
Chaplin - Uma Vida
Stephen Weissman
320 páginas - R$ 44,90 (em média)
Editora Larousse

A agenda internacional do Brasil - A política externa brasileira de FHC e Lula - Amaury de Souza


A política externa brasileira ganhou contornos mais definidos e afirmativos na virada do século XX para o XXI. Há uma quase unânime concordância de que o país deve aumentar o seu envolvimento e ter presença mais ativa no que toca a questões internacionais. Consolidou-se também a percepção de que a nossa presença internacional cresceu em importância nos últimos dez anos (85%) e deverá crescer ainda mais nos próximos dez (91%).

A substanciosa pesquisa de Amaury de Sousa é uma valiosa contribuição à reflexão sobre a inserção internacional do Brasil e um sinal muito positivo de que, na ampla gama dos cidadãos que pensam sobre este tema tão importante para a nação, há uma visão serena e fundamentada sobre quais são os interesses brasileiros.

Serviço
A agenda internacional do Brasil - A política externa brasileira de FHC e Lula
Amaury de Souza
191 páginas - R$ 35,00 (em média)
Editora Cebri-Campus & Elsevier

terça-feira, 27 de abril de 2010

Fidel e Che uma amizade revolucionária - Simon Reid-Henry


Che, o introspectivo. Fidel, o expansivo. Che, o internacionalista. Fidel, o líder cubano. Che, o jovem idealista de cabelos longos que se sacrifica pelos oprimidos. Fidel, o caudilho de barbas grisalhas que após 50 anos ainda controla a ilha de Cuba pelas mãos do irmão Raúl.

A revolução cubana, que surpreendeu um mundo bipolar ao instaurar o socialismo no hemisfério ocidental, teve dois grandes líderes unidos pela ideologia e pela amizade e separados por suas escolhas. Enquanto Ernesto Che Guevara abdicava do poder estabelecido para aventurar-se na África e na América do Sul, Fidel Castro administrava um regime centralizado em seu país natal.

Sobre essas duas figuras fundamentais da história recente é que se debruça o autor Simon Reid-Henry em Fidel & Che – Uma amizade revolucionária, com pesquisas feitas em Havana, Washington, Moscou, Miami, Princenton, Boston e Berlim – além de entrevistas com testemunhas da época.

O livro mostra que, a partir de uma associação política, inicia-se um relacionamento de amizade e camaradagem que mudaria de fato suas vidas. Desde os encontros preparativos da expedição revolucionária no México até os últimos dias de Guevara, já cercado nas montanhas bolivianas sem esperança de fuga, enquanto Fidel vivia os dias mais duros da Guerra Fria em Havana, o autor percorre os caminhos políticos dos dois líderes, mas sem perder o foco no tema principal: o envolvimento pessoal.

A narrativa de Reid-Henry guarda o melhor estilo jornalístico rápido e direto, uma envolvente reportagem, que mantém o leitor cativado com um ritmo que retoma a tensão dos acontecimentos daquela época. Apesar de tratar de figuras públicas com proeminência internacional, a pesquisa mantém a perspectiva das nuances e contradições de um relacionamento afetivo.

Entre o mito, de Che, e o sempre equívoco destino humano, de Fidel, está a morte do primeiro a lhes separar. A realidade impõe limites à preservação de uma aura heróica, que só atingem os que morreram jovens. Ou aqueles que não se viram diante das escolhas e seduções do poder. Guevara abandonou Cuba uma vez concluído o processo revolucionário para morrer em combate na selva. Fidel administra há 50 anos um estado burocratizado.

A pesquisa qualificada e a argúcia narrativa de Simon Reid-Henry, no entanto, têm o dom de devolver ao leitor, para além da história oficial, a figura de dois homens. Homens que emergem com o frescor da vida, por detrás das efígies do velho líder autocrático e do semideus generoso.

Serviço
Fidel e Che uma amizade revolucionária
Simon Reid-Henry
Tradução: Beatriz Velloso
576 páginas - R$ 69,90 (em média)
Editora Globo

A luta pela anistia - Haike R. Kleber da Silva

Após 30 anos da Lei de Anistia, marco da redemocratização brasileira, uma coletânea publicada pela Editora Unesp, Arquivo do Estado e Imprensa Oficial de São Paulo traz, além da reflexão de trabalhos escritos por acadêmicos e personagens que participaram do processo, uma vasta coleção de documentos. São 21 textos que discutem a história política recente do nosso país, as conquistas e derrotas do movimento de anistia, os direitos humanos, sua violação e a impunidade que marcou o período em que a ditadura militar esteve instalada no país.

Entre os autores, pesquisadores como Maria Luiza Tucci Carneiro e James Green; e personagens como Pedro Nikken, ex-presidente da Corte Interamericana de Direitos Humanos. Em seu conjunto, abordaram diversos temas, como a história da campanha da anistia, a experiência dos
países latino-americanos, além de questões mais pontuais como apuração de responsabilidades, punição dos torturadores, reparação aos anistiados políticos, a operação Condor, a abertura de arquivos da repressão, incluindo o acesso às suas informações.

A luta pela anistia apresenta também todo o esforço empreendido contra os primeiros abusos cometidos naquele momento, bem como as lutas iniciais reivindicando a libertação dos presos políticos e pequenas ações que se transformaram em uma grande campanha nacional pela anistia no Brasil. A obra inicia-se com uma breve reflexão sobre o processo de construção da memória social do país durante o período ditatorial. Para tal, são descritas as comemorações de maio de 1968, mostrando que os debates da anistia influenciam tanto as discussões sobre 1968 como a relação entre a sociedade brasileira com seu passado. Entre outros temas, a obra aborda também o papel das mulheres naquela época, que se revelou nos cenários públicos e privados, integrando-as no Movimento Feminino pela Anistia e transformando-as em grandes personagens da mobilização.

O livro apresenta também a dimensão e a força das campanhas em favor da libertação de todos aqueles que lutaram contra as ditaduras, tanto no Brasil quanto no Cone Sul, colaborando para a disseminação das reflexões sobre o passado, difundindo conhecimento e memória pública. Complementam o volume cinco guias de fontes sobre a anistia e processos correlatos de instituições como o Arquivo Público do Estado de São Paulo, o Arquivo Edgar Leuenroth/Unicamp, o Centro de Documentação e Informação Científica/PUC-SP, o Centro de Documentação e Memória da UNESP e o Centro de Documentação e Pesquisa
Vergueiro.

Serviço
A luta pela anistia
Organização: Haike R. Kleber da Silva
488 páginas - R$ 60,00 (em média)
Editora Unesp

Verbo, corpo e voz - Dispositivos de fala pública e produção da verdade no discurso político - Carlos Piovezani

Verbo, corpo e voz - Dispositivos de fala pública e produção da verdade no discurso político traz importantes reflexões teóricas e metodológicas tanto aos que pesquisam a análise do discurso quanto aos estudiosos da política. Carlos Piovezani reflete aqui sobre a condição histórica e as novas configurações semióticas do discurso político contemporâneo, considerando não apenas a consistência linguística, mas os suportes materiais e os fatores tecnológicos por meio dos quais os discursos circulam e agregam significado.

Aborda, entre outras coisas, as diferenças de fala pública política no palanque, no rádio e na TV, mostrando que no discurso político-eleitoral televisivo a criação de novos materiais de transmissão se faz necessária, bem como novas cenas que contextualizem determinado assunto, juntamente com dinâmicas e formulações semióticas singulares.

Este lançamento da Editora Unesp diferencia-se de outros trabalhos do gênero por recusar as "verdades" já aceitas e por não ter medo de rejeitar consensos estabelecidos, trilhando seu próprio caminho e expondo o descompasso entre os ritmos da vida e da ciência, buscando, desta forma, sua superação. Deste modo, oferece um novo aspecto à análise dos efeitos de verdade que tornam possível a persuasão, o autor trabalha outros fatores, como a tecnologia e os novos modos de pensar e sentir o mundo, abrindo portas para novos meios de formulação semiótica e de circulação histórico-social dos discursos.

Analisando fatores como palavras, gestos e voz, Carlos Piovezani reforça que nem todos os discursos são políticos, mostrando que cada um deles possui distintos modos de enunciação e legitimação institucional, assim como investimentos de poder diferenciados. Em oposição às análises do discurso realizadas no passado, que procuravam decifrar simulações e dissimulações ideológicas provenientes das mensagens políticas, Verbo, corpo e voz desfaz os dispositivos de palavras, imagens e sons que exercem a dominação política, propondo derrubar as máscaras da convicção e resistir às seduções da voz.

Serviço
Verbo, corpo e voz - Dispositivos de fala pública e produção da verdade no discurso político
Carlos Piovezani
367 páginas - R$ 58,00 (em média)
Editora Unesp

Atlântico Sul XXI - África e América do Sul na virada do milênio - Jonuel Gonçalves


Atlântico Sul XXI - África e América do Sul na virada do milênio analisa as relações econômicas estabelecidas entre ambos os lados do Atlântico, destacando as lutas bem-sucedidas empreendidas contra a pobreza em um quadro de acordos de livre-comércio entre os países dos dois continentes. Os textos reunidos neste volume, co-editado pela Editora Unesp e Uneb, resumem trabalhos de pesquisa desenvolvidos no Brasil, Angola, Argentina e África do Sul, dando um caráter sistemático a anos de contato intermitente.

A ideia de que a América do Sul e o continente africano são ligados apenas por elos derivados do tráfico negreiro permanece sólida quando tratamos da proximidade entre os dois continentes, entretanto, Atlântico Sul XXI mostra outros fatores que colaboram para uma ligação entre eles, caracterizando três pontos fundamentais. O primeiro é a compra de petróleo nigeriano e argelino pelo Brasil, depois as trocas com a África do Sul e, por último, a exploração insuficiente do diálogo devido ao desconhecimento das oportunidades e capacidades de ambos, além da falta de mecanismos que colaborariam para uma maior comunicação entre os países.

Negociações importantes também foram abordadas, entre elas as que favoreceram a aproximação entre a América do sul e o continente africano, como o Mercosul (Mercado Comum do Sul) e a Sacu (União Aduaneira da África Austral) que tiveram como objetivo criar uma zona com barreiras alfandegárias reduzidas e, posteriormente, uma zona de livre comércio que tem grandes possibilidades de tornar-se um dos principais eixos de relacionamento Sul-Sul.

Em Atlântico Sul XXI, a aproximação percebida entre os continentes se deve às afinidades culturais, que colaboram com as pesquisas de mercado e com os contratos, à existência de uma linha de crédito brasileiro para operadores de Angola, além da grande recuperação do comércio exterior entre os dois países. Entretanto, ainda são vários os fatores que dificultam essa relação, como a existência de diferentes níveis de desenvolvimento que exigem a implementação de instrumentos que possam promover uma transição e impedir que os desequilíbrios se intensifiquem.

Serviço
Atlântico Sul XXI - África e América do Sul na virada do milênio
Organização: Jonuel Gonçalves
265 páginas - R$ 42,00 (em média)
Editora Unesp

Os Informantes - Juan Gabriel Vásquez


A distância entre um conflito mundial e um conflito entre pais e filhos é menor do que parece. Um conflito entre pais e filhos, assim como o outro, é um choque entre duas maneiras de ver o mundo: os filhos se ressentem da realidade recebida por seus pais, enquanto estes reclamam do que os filhos fazem com o mundo que receberam.

Juan Gabriel Vásquez lança mão desses dois universos, o do conflito maior, político e internacional, e o do menor, no âmbito familiar, para contar uma história cujo epicentro é uma traição e retratar o espinhoso caminho que separa a ignorância e o conhecimento dos fatos acerca das pessoas que nos são próximas.

A narrativa é estruturada sob dois eixos temporais: a Colômbia dos anos 80 e 90, em que a população vive amedrontada pelos cartéis das drogas – a partir de quando é contada a história – e a Colômbia das décadas de 30 e 40, época em que o país recebia levas de imigrantes europeus e quando alemães e descendentes de alemães estavam à mercê da perseguição política. Os protagonistas chamam-se, pai e filho, Gabriel Santoro.O primeiro, um erudito viúvo, figura pública de prestígio na sociedade colombiana e professor de retórica. O segundo, um jornalista, autor de um livro sobre uma imigrante alemã judia – livro que fora inexplicável e publicamente destruído por ninguém menos do que o pai do autor. Após anos sem contato, um problema de saúde reaproxima os dois, mas apenas momentaneamente, pois as voltas da vida, assim como as da história, não tardam a perder os personagens, lançando Gabriel, o filho, numa dolorosa viagem sem volta em busca da verdade sobre o seu progenitor.

Embalada por traições públicas e privadas, esta é a história de como um ato, ainda que cometido em circunstâncias ambíguas e fruto da ação de um único indivíduo, se entranha na história maior – a história de um país – e tem consequências tão desastrosas quanto duradouras. Consequências indeléveis como só a culpa e a persistência de um afeto podem ser

Serviço
Os Informantes
Juan Gabriel Vásquez
Tradução: Heloisa Jahn
250 páginas - R$ 35,00 (em média)
Editora L&PM

Os 11 maiores laterais do futebol brasileiro - Paulo Guilherme


Eles são os pulmões dos times, atacam, marcam, batem faltas e fazem gols. Nesse livro da Editora Contexto, o mais recente da coleção "Os 11 maiores", o leitor poderá conhecer os melhores laterais do país: de Djalma e Nilton Santos até Cafu e Roberto Carlos, passando pelo capitão Carlos Alberto Torres, por Nelinho, Wladimir, Júnior, Leandro, Branco e Leonardo. Um timaço para ninguém botar defeito.

Cada vez mais os laterais se fazem importantes nos esquemas táticos das equipes. A posição é a que mais evoluiu no futebol mundial. De meros marcadores dos pontas adversários, os laterais foram se transformando em homens de todo terreno, ampliando suas fronteiras dentro dos esquemas táticos traçados pelos treinadores. Viraram alas, assumindo também funções na armação das jogadas. Ajudaram, assim, a sacramentar a “morte” dos pontas na tática das equipes. Aproveitaram a evolução da medicina esportiva e dos métodos de preparação física para se tornarem os grandes atletas de um time.

No livro Os 11 maiores laterais do futebol brasileiro (Editora Contexto), escrito pelo jornalista Paulo Guilherme, temos a oportunidade de conhecer ou de nos lembrar dos maiores laterais que já passaram pelos campos do nosso país. Para cada jogador selecionado o autor entrevistou uma personalidade esportiva. Dessa forma, o perfil do lateral é enriquecido com relato de quem o viu atuando.

Confira abaixo a relação dos capítulos de Os 11 maiores laterais do futebol brasileiro. Um livro imperdível e de tirar o fôlego. Afinal, laterais bons correm sem parar os 90 minutos, batem faltas, escanteios, defendem, chutam e fazem gols.

1. Nilton Santos: o homem que fez do futebol uma enciclopédia – Entrevista: Amarildo
2. Djalma Santos: força física e um fôlego inesgotável – Entrevista: Pepe
3. Carlos Alberto Torres: as glórias do eterno capitão – Entrevista: Clodoaldo
4. Nelinho: a arte de chutar com força e precisão – Entrevista: Wilson Piazza
5. Wladimir: o menino que virou ídolo da Fiel – Entrevista: Basílio
6. Júnior: técnica e classe das areias para os gramados – Entrevista: Zico
7. Leandro: unanimidade para quem entende de futebol – Entrevista: Raul Plassmann
8. Branco: suor e lágrimas a serviço da seleção – Entrevista: Ricardo Gomes
9. Leonardo: o lateral que se transformou em camisa 10 – Entrevista: Raí
10. Cafu: o incansável capitão do penta e dos recordes – Entrevista: Zetti
11. Roberto Carlos: as polêmicas de um craque galático – Entrevista: Zagallo

Serviço
Os 11 maiores laterais do futebol brasileiro
Paulo Guilherme
272 páginas - R$ 35,00
Editora Contexto

Os 11 maiores camisas 10 do futebol brasileiro - Marcelo Barreto

Dunga está em dúvida, mas Marcelo Barreto não. Ronaldinho Gaúcho está na seleção dos melhores camisas 10 de todos os tempos. Juntamente com: Zizinho, Pelé, Ademir da Guia, Rivellino, Dirceu Lopes, Zico, Raí, Neto, Rivaldo e Kaká.

O jornalista e apresentador Marcelo Barreto, quebrou a cabeça e recorreu à infância para escolher Os 11 maiores camisas 10 do futebol brasileiro, lançado pela Editora Contexto. “Nos meus times de futebol de botão, o camisa 10 era a tampinha de relógio ou o galalite que melhor conseguia encobrir o goleiro com a bolinha”, relembra o autor. O autor concluiu que camisa 10, por mais paradoxal que pareça, não é uma camisa, mas uma posição. “É a cara do futebol brasileiro”. Cada história é acompanhada de uma entrevista com personalidades do esporte e ao final um posfácio escrito por Zico: O Galinho de Quintino.

O primeiro capítulo, Zizinho: um camisa 10 no tempo em que o futebol não tinha números ¬– o único da lista que não teve Pelé como referência de camisa 10 – mostra como era o futebol-arte dos anos 1950. A entrevista é com o meio campista Gerson. A seguir foi a vez do homem que deu alma, vida e estigmatizou o 10. Coube a Zagallo descrever o atleta do século XX no capítulo Pelé: o maior jogador de todos os tempos inventou a camisa 10. Barreto revela como a camisa 10 foi parar no corpo de Pelé e as lendas, os bastidores e os fatos que transformaram o menino em Rei.

No terceiro capítulo, Ademir da Guia: o maestro de duas Academias do futebol, o autor apresenta o jogador símbolo do Palestra Itália, aquele que comandava toda uma equipe não com batutas, mas com chuteiras. O entrevistado foi o goleiro Leão, selecionado para o livro Os 11 maiores goleiros do futebol brasileiro. E o próprio Ademir da Guia concedeu entrevista para falar de outro grande camisa 10 no capítulo seguinte, Rivellino: o Reizinho que conquistou muito mais fora do Parque. Dono de um chute poderoso e dribles desconcertantes, Riva ganhou o respeito e a admiração de Maradona. No quinto capítulo, Dirceu Lopes: livre como um passarinho para brilhar ao lado de Tostão, encontramos a história de um gênio que parou as conquistas do Santos nos anos 1960 e ajudou a colocar o Cruzeiro na lista dos grandes clubes brasileiros. Seu parceiro de time, Tostão, que estará no livro Os 11 maiores centroavantes do futebol brasileiro, foi o incumbido de retratar o companheiro em entrevista.

Em Zico: o Galinho que Pelé apontou como sucessor da camisa 10 está a trajetória de glórias e decepções do maior ídolo do Flamengo, um mágico com a camisa amarela, que infelizmente não ganhou nenhuma das três Copas que disputou. O seu grande amigo, o lateral Junior (retratado em Os 11 melhores laterais do futebol brasileiro), foi o entrevistado desse sexto capítulo e revela como era o Galinho na vida e em campo. E por falar em grandes amigos, outro lateral que estará no livro do jornalista Paulo Guilherme, Leonardo, é o entrevistado no capítulo seguinte para falar do craque Raí: de irmão de Sócrates a campeão mundial, galã e ídolo tricolor. O garoto de Ribeirão Preto, que quase foi jogador do Corinthians, marcou toda uma geração de torcedores no São Paulo de Telê Santana e conquistou a França no PSG. O oitavo capítulo, Neto: sempre polêmico, brigando com a balança e conquistando a Fiel, teve como entrevistado o Rei de Roma: Falcão (destaque em Os 11 maiores volantes do futebol brasileiro). Neto, um líder dentro de campo e exímio batedor de falta, era um jogador romântico em plena época de profissionais.

Os três últimos jogadores têm algumas coisas em comum: atuaram juntos com a camisa brasileira e foram campeões mundiais. Em Rivaldo: menino simples, astro avesso à mídia, jogador que conquistou o mundo, Marcelo Barreto conta como o rapaz humilde, mas de toques refinados encantou o planeta da bola. O entrevistado foi Luiz Felipe Scolari, que apostou no seu futebol em 2002, quando muitos não acreditavam mais. O décimo capítulo retrata o jogador Ronaldinho Gaúcho: comparado a Pelé e dado como aposentado. Tudo muito depressa, que anda frequentando todas as rodas de discussão em bares e na mídia. O entrevistado foi Wanderley Luxemburgo. Por fim, coube ao técnico Parreira descrever o jovem que deixo o Morumbi para encantar os gramados do Velho Mundo e hoje é e uma das esperanças da nossa seleção na Copa da África do Sul. A história desse garoto está no capítulo Kaká: muito mais do que um bom moço, campeão na seleção e na Europa.

Entre botões e gramados, Marcelo Barreto conseguiu elaborar uma seleção de ídolos e jogadores acima da média. Os 11 maiores camisas 10 do futebol brasileiro é mais um livro da coleção 11 maiores..., na qual a Contexto já retratou os técnicos e que até maio deste ano ainda terá no time as obras com os melhores laterais, goleiros, volantes e centroavantes.

Serviço
Os 11 maiores camisas 10 do futebol brasileiro
Marcelo Barreto
256 páginas - R$ 35,00 (em média)
Editora Contexto

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Cidade Errante - Arquitetura em Movimento - Marta Bogéa


As habitações japonesas clássicas eram espaços vazios que se alteravam conforme a conveniência. Ao amanhecer, cama, travesseiros e lençóis eram recolhidos e cediam lugar à mobília diurna. O século XXI elevou tal conceito ao plano dos edifícios e das cidades. É sabido que cidades e homens mantêm curiosa relação de simbiose: embora fruto da imaginação humana, com o passar do tempo as cidades assumem contornos próprios, moldando os hábitos de seus habitantes. Numa arquitetura desenraizada, em que conceitos como tempo e espaço se transformam em éter, como reagirão seus moradores?

Serviço
Cidade Errante - Arquitetura em Movimento
Marta Bogéa
248 páginas - R$ 75,00 (em média)
Editora Senac São Paulo

Sociedade Rural Brasileira – 90 anos - Guilherme Wendel de Magalhães


A contratação de imigrantes para as lavouras de café, leis sobre questões agrárias, formação da frente parlamentar rural durante a Constituinte de 1988, o mercado exportador, a regulamentação do setor cafeeiro, técnicas de melhoramento agrícola e todos os temas que mobilizaram o setor rural brasileiro nos últimos 90 anos são alguns dos vários assuntos tratados pela Sociedade Rural Brasileira (SRB) desde 1919 e agoras registrados em “Sociedade Rural Brasileira – 90 anos”, livro organizado por Guilherme Wendel de Magalhães e editado pela Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, em parceria com a SRB.

A obra faz um resgate histórico da instituição, incluindo textos publicados em sua principal revista e transcritos para o livro. A apresentação é feita pelo atual presidente da Sociedade Rural Brasileira, Cesário Ramalho da Silva, e os prefácios são de Reinhold Stephanes, Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; e João de Almeida Sampaio Filho, secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. Uma linha do tempo contextualiza a SRB no cenário nacional e aponta fatos relevantes para o setor.

O capítulo “Semear” apresenta a ata da primeira reunião que tratou da fundação da SRB, no dia 20 de maio de 1919, e a biografia do fundador, Eduardo da Fonseca Cotching. Ainda neste capítulo, a história da publicação inaugurada em 1920, sob o nome de “Annaes da Sociedade Rural Brasileira” que em seu início apresentava informações do setor, artigos, e informações internas da entidade. Em 1922, a publicação mudou o nome para Revista da Sociedade Rural Brasileira, acrescentando notícias e estatísticas.

De 1941 a 1946, por imposição do Governo Vargas, a palavra “Brasileira” foi suprimida do nome da revista – o objetivo do governo era de que não se transformasse em porta-voz do campo. Em 1946, voltou a se chamar Revista da Sociedade Rural Brasileira. Nove anos mais tarde, teve o nome alterado para A Rural. Em 1995, transformou-se em Informativo Rural e, em 2009, novamente passou a se chamar A Rural. O capítulo inteiro é ilustrado com fotos dos vários momentos da publicação.

Serviço
Sociedade Rural Brasileira – 90 anos
Organização: Guilherme Wendel de Magalhães
132 páginas - R$ 50,00 (em média)
Imprensa Oficial e Sociedade Rural Brasileira

Arte Moderna - Giulio Carlo Argan


"Giulio Carlo Argan foi o último representante de uma grande tradição crítica que corresponde historicamente aos movimentos modernos da arte. De fato, o crítico e ensaísta italiano provém de uma escola (a de Adolfo e Lionello Venturi) que procura o sentido da arte na sua história, mais do que em faculdades inatas ou em princípios absolutos. Foi Argan, aliás, que levou essa orientação até as últimas conseqüências: se a arte é um fenômeno histórico, não há garantia de que ela seja eterna. O desaparecimento do artesanato, de que a arte era guia e modelo, e o surgimento da produção industrial, que se baseia sobre outros princípios, pode muito bem determinar o fim da arte como atividade culturalmente relevante. Essa tese é o pano de fundo desta Arte moderna."

Serviço
Arte Moderna
Giulio Carlo Argan
Tradução: Denise Bottmann e Federico Carotti
736 páginas - R$ 191,50 (em média)
Editora Companhia das Letras

Balada da Praia dos Cães - José Cardoso Pires


'Balada da Praia dos Cães' traz uma história de assassinato, baseada em fatos reais. O livro foi realizado a partir do relato do homem acusado como ser coautor do crime e de relatórios policiais.

Serviço
Balada da Praia dos Cães
José Cardoso Pires
368 páginas - R$ 43,00 (em média)
Editora Bertrand Brasil

Pele o Osso - Luis Gusmán


Um magrelo cinquentão cocainômano, recém-convertido ao protestantismo, cujo sugestivo apelido ? Osso ? é o que lhe resta quando perde a memória e acorda numa favela com uma gorda louca que diz ser sua esposa.Um vendedor de peles gordo e diabético, acossado pelo Greenpeace e o aquecimento global numa Buenos Aires na qual seu ofício herdado da família vai se tornando anacrônico, e que ao sair com prostitutas diz ser o advogado Roberto, e não o peleteiro Landa.Esses são Pele e Osso, os personagens-marginais do mais novo romance do consagrado escritor argentino Luis Gusmán, autor de O vidrinho (Iluminuras, 1990) e Villa (Iluminuras, 2001).

Entre Pele e Osso, o narrador tece uma intrincada rede de tipos que compõe uma Buenos Aires decadente, como o engenheiro que também é piloto de barco; alguém cujos maiores atributos são o nome ? Bocconi ?, as piadas óbvias e a desconfiança contra quem mente o próprio nome e a profissão; a bioarquiteta e radiestesista que fez plástica para mudar a energia do rosto; a prostituta de nome russo que ganha um extra como reikiana; o pai-de-santo sedutor que rouba a mulher de Osso; a bióloga ecologista que trai o marido com o professor de mergulho e se apaixona por um peleteiro que se diz advogado.Tais personagens se encontram pela habilidade narrativa ágil e econômica de Gusmán, que tem como uma de suas principais virtudes deixar falarem seus personagens.

A força do diálogo é recuperada neste livro, e cada um desses anônimos, com as suas palavras ditas à meia, se escondem e se mostram, em silenciamentos compartilhados pelo narrador, sempre comedido.Em Pele e Osso, a fala está reduzida ao essencial, não o da comunicação, mas o que caracteriza o diálogo vivo, com suas vacilações, provocações mútuas, mal--entendidos, silêncios.E o que une Pele e Osso? Interesses egoístas, a fúria incendiária compartilhada, um plano terrorista delirante ou apenas um fiapo de comunhão contra o desamparo, numa condição que os impele à solidão?

Enfim, é difícil saber, pois nesta Buenos Aires, a globalização, o ecologismo, o charlatanismo e outras mistificações se somam como uma torrente alienante, em contraponto a Pele e Osso, que ao se exporem numa dimensão intimista, revelam-se não meramente como tipos alienados, mas como singularidades vivas, que podem inclusive trocar de nome, fé, profissão e bandeira, por conveniência ou necessidade. Há poucas respostas. Poderia se dizer também que Pele e Osso é um livro sobre a amizade.

Serviço
Pele o Osso
Luis Gusmán
Tradução: Wilson Alves-Bexerra
220 págians- R$ 44,00 (em média)
Editora Iluminuras

domingo, 25 de abril de 2010

O Encouraçado Potemkin - Neal Bascomb


Em O encouraçado Potemkin, Neal Bascomb apresenta um trabalho meticuloso, pioneiro na utilização de material inédito dos arquivos soviéticos, para iluminar esse evento central das histórias da Marinha russa.

Em 1905, após uma refeição de carne podre, mais de 700 marinheiros russos se amotinaram contra os oficias a bordo do mais poderoso encouraçado do mundo. Trabalhavam duro e eram extremamente oprimidos ― uma existência injusta e sem esperança, como a que vivia a maioria da classe trabalhadora russa da época. Certamente o motim — um grito pela liberdade que iria nortear o curso do século XX — não surpreendeu ninguém.

Contra qualquer chance razoável de sucesso, os marinheiros revolucionários, liderados pelo carismático instigador Matyuchenko, arriscaram suas vidas para tomar posse do encouraçado e pendurar a bandeira vermelha da revolução. Foi o começo de uma perseguição violenta de porto em porto que se estendeu por 11 dias assustadores e passou a simbolizar a própria Revolução Russa.

Permeado de aventura, batalhas navais, sacrifício, traição e vingança e vencedor do United States Maritime Literature Award, O encouraçado Potemkin conta uma história de tirar o fôlego, sobre o mais sangrento motim naval que o mundo já viu.

Serviço
O Encouraçado Potemkin
Neal Bascomb
Tradução: Fernanda Ravagnani
440 páginas - R$ 59,90 (em média)
Editora Objetiva

Juó Bananére - Irrisor, Irrisório - Carlos Eduardo S. Capela


Quem é e como é esse tal de Juó Bananére? Um narrador e personagem – quem sabe um heterônimo – ou simples pseudônimo de um escritor ocultado que fala por outro e por si mesmo? Qual seria, afinal, o estatuto da representação dessa espécie de persona que, ao que tudo indica, ganhou autonomia, quase plena, frente a seu inventor?

Parece que Juó Bananére tornou-se ele mesmo um “sujeito literário”, ou um “ser da escrita”, pois inventado por Alexandre Marcondes Machado acabou por reinventar seu inventor como escritor. Talvez se possa dizer que na escritura cômica e macarrônica brasileira existe Juó Bananére e não Alexandre Marcondes Machado.

Fenômeno semelhante acontece com o Barão de Itararé e seu inventor Aparício Torelly, além de alguns outros, que trabalham com o gênero cômico popular. Isso indica que o cômico popular – que tem origem nas festas coletivas, nas práticas de expropriação, ocultação e hibridização de materiais, nas combinações disparatadas e arbitrárias – quando se realiza na escrita contamina-a com essa “lógica” diversa e a transforma em “outra coisa”, que não o padrão erudito e seu aparato de poder.

Juó Bananére irrisor, irrisório de Carlos Eduardo Schmidt Capela, com seu acuradíssimo estudo inicial e a magnífica antologia que o segue, dá conta das dimensões problemáticas, e também criativas e inventivas, da escritura do principal cômico-macarrônico brasileiro, em quantidade e qualidade.

Colaborando intensamente em O Pirralho, a revista paulistana criada por Oswald de Andrade e amigos, juntando charges e caricaturas de Voltolino, desde 1911, continua até 1917 e nos anos seguintes em outras publicações humorísticas de teor semelhante (O Queixoso, A Vespa, A Manha, esta do Barão de Itararé) só findando com a morte de Alexandre Marcondes Machado, em 1933.

A força humorística e satírica do cômico macarrônico institui sua autonomia frente ao cânone erudito e os padrões de leitura deste não servem e não dão conta desse corpo estranho no mundo da escrita. Isso lembra os problemas de leitura da obra do Marquês de Sade (este por diverso motivo).

Assim, Juó Bananére, sendo moderno pelas inúmeras implicações sociais e de linguagem de sua escrita, não pode ser visto como “precursor” do modernismo erudito da Semana de 1922. O estatuto de sua representação é bem outro. E, falando com radicalidade, seu italiano imigrante pobre em São Paulo – e os ítalo-paulistas – aparece como uma espécie viva e monstruosa de bagaço social e cultural. E essa espécie de bagaço fala e escreve pela voz dos despossuídos do país, o qual nunca terá prestígio mas se impõe como uma afronta, uma escrita afrontosa, já que não é bagaço de si próprio, senão dos poderes do Capital.

Serviço
Juó Bananére - Irrisor, Irrisório
Carlos Eduardo S. Capela
538 páginas - R$ 80,00 (em média)
Editora Nankin Editorial / Edusp

O arquipélago da insónia - António Lobo Antunes


O arquipélago da insónia, vigésimo livro de Lobo Antunes, é a primeira obra de uma trilogia sobre o mundo rural. "Eu tenho a impressão que este livro é o primeiro de uma trilogia que se passa fora de Lisboa. Este, no Alentejo. O que estou a fazer agora no Ribatejo e o outro provavelmente na Beira Alta", revela o autor. Comparado com Faulkner, Joyce e Conrad, o português é internacionalmente aclamado por sua escrita difícil e altamente subjetiva: "Eu sei que ninguém escreve como eu, mas isso não me traz alegria nenhuma."

"De onde me virá a impressão que, na casa, apesar de igual, quase tudo lhe falta?" Assim se inicia a história de O arquipélago da insónia: com a imagem de um casarão outrora imponente, símbolo de poder de uma época em que nada faltava, mas que agora parece abandonado.

E é por meio de uma polifonia de vozes - o avô poderoso e seu neto autista, feitores e empregadas submissas, personagens vivos ou já mortos -, que António Lobo Antunes constrói uma história de decadência e desilusão que atravessa três gerações de uma família que antes foi poderosa, proprietária de terras no interior de Portugal.

Nas páginas de O arquipélago da insónia não convergem apenas ecos dos personagens que povoam as páginas de romances anteriores do autor; nelas estão muitos dos motivos e das obsessões de sua escrita - o relógio, os retratos, os fantasmas, a procura do silêncio. É uma história narrada como em sonho, em que as diferentes vozes se fundem ou se intercalam, e finalmente escapam da seqüência temporal. Desse conjunto de impressões surge um romance único, arrebatador, de um mestre da prosa contemporânea.

Serviço
O arquipélago da insónia
António Lobo Antunes
256 págians - R$ 44,90 (em média)
Editora Alfaguara

Menino do Mato - Manoel de Barros


A poesia de Manoel de Barros, incensada e adorada por tantos, dá mais um passo na sua rara e única história. “Menino do mato”, seu mais recente livro, e “Poesia completa” chegam às livrarias em março pela LeYa. “Menino do mato”, o 20º livro de poesias do autor, que completou 93 anos em dezembro passado, e quebra um jejum de três anos sem publicar uma obra – seu último trabalho foi “Memórias inventadas III”, de 2007.

“Menino do mato”, o novo livro do poeta, divide-se em duas partes: “Menino do mato” e “Caderno de Aprendiz”. São 96 páginas de lirismo e leveza nas quais o leitor reencontra a poesia única de Manoel de Barros. A segunda parte é composta em grande parte por versos curtos, mas tão intensos em imagens e significados quanto os poemas presentes na primeira metade.

- O livro nos traz de volta o Menino - como explica Pascoal Soto, editor da LeYa - O Menino renasceu novamente, como sempre, como em cada um dos livros que compõem a obra deste “Fazedor de Amanhecer”. A “Oficina de desregular a Natureza” de Manoel de Barros continua em franca produção. Setenta e três anos depois da publicação de seu Poemas concebidos sem pecado, eis que suas ferramentas mágicas – 1 abridor de amanhecer, 1 prego de farfalha, 1 encolhedor de rios e 1 esticador de horizontes – continuam a operar maravilhas. A matéria de sua poesia continua a mesma. Os tontos, os passarinhos, o arrebol, Bernardo, as pedras, os gorjeios, o rio, o ermo, o silêncio, o avô, a solidão... – tudo e todos estão aqui neste Menino do mato. É como se já o conhecemos de muito, mas que Manoel e suas ferramentas mágicas revelassem o Menino pela primeira vez. Ele está certo quando diz: “Sempre acho que na ponta do meu lápis tem um nascimento.”

“Menino do mato” é a primeiro livro de Manoel desde 2007, quando publicou “Memórias inventadas III” (A terceira infância), ilustrado por sua filha, Martha Barros. À época o autor chegou a afirmar que seria seu último livro. Apesar das dificuldades inerentes à idade, o poeta se mantém ativo - escreve sempre à mão, imprimindo à sua caligrafia quase o mesmo cuidado artesanal com que desenha seus versos.

Serviço
Menino do Mato
Manoel de Barros
96 páginas - R$ 29,90 (em média)
Editora Leya

Poesia Completa - Manoel de Barros - Editora Leya




'Agradeço as referências elogiosas à minha poesia. É o que me alimenta e me faz reverdecer um pouco. Estou comovido com o seu convite. Um dia, quem sabe, haveremos de nos encontrar. Com o abraço e a amizade do Manoel de Barros'

Depois daquele bilhete, que guardo até hoje como um troféu, perdi a conta das cartas que trocamos. Tornamo-nos amigos e durante um bom tempo esqueci-me do convite que fizera o poeta. Tinha a sua amizade e isso sempre me bastou.

Hoje, depois de ter editado cinco livros do poeta, tenho a felicidade de apresentar a você, leitor, sua poesia completa.

Abra este livro como quem abre uma caixinha de música ou um pacotinho de suspiros. Eu sei que você não irá se arrepender." (Pascal Soto)

Serviço

Poesia Completa
Manoel de Barros
496 págians - R$ 69,90 (em média)
Editora Leya

O Pequeno livro do Rock - Hervé Bourhis


'Jamais tive uma overdose; não vi os Sex Pistols no Chalet du Lac; não estive no Bronx nos primórdios do hip-hop; não vi os Beatles ao vivo no Ed Sullivan Show; não fui aos shows do Elvis em 55; não compartilhei groupies com o Led Zeppelin; não sou um crítico de rock profissional; não tenho vontade de ser completo, objetivo ou de boa-fé. Em suma, não tenho nenhuma legitimidade para escrever este livro, e foi por todas essas razões que mesmo assim o escrevi.'

Não é à toa que Hervé Bourhis inicia assim o seu Pequeno Livro do Rock.

Cansado de ver tantas compilações de notícias e informações repetidas sobre o rock'n'roll, esse francês de 35 anos, amante da música e do desenho, decidiu escrever ele mesmo o seu diário particular do rock com base naquilo que leu, ouviu e respirou durante décadas em revistas, canções e filmes que marcaram as gerações dos cinco continentes.

Ilustrado ano a ano através de capas de discos, letras de músicas, cortes de cabelo, fatos e boatos, o autor fez questão de não se deter apenas em ícones do gênero, retratando situações curiosas sobre personagens desconhecidos, os quais, de alguma forma, tiveram papel importante nesse cenário.

Há ainda as 'batalhas', onde Hervé, de maneira divertida, lista e compara _como faz todo bom fã de rock _discos de dois artistas ou grupos diferentes: Chuck Berry ou Little Richard, Lou Reed ou David Bowie, Nirvana ou Pixies? Quem será o vencedor?

Ao fim, quem sempre sai vencendo é o leitor. Mesmo aqueles que não são fãs de carteirinha se sentirão parte dessa história, 'A única que realmente nos afetou, a única na qual nos envolvemos. Um livro que se folheia seguindo a ordem, na desordem, pouco importa. Um livro que se ouve. No qual a trilha sonora gira em círculo dentro de nossa cabeça'. _do prefácio de Hugo Cassavetti

Serviço
O Pequeno livro do Rock
Hervé Bourhis
Tradução: Fabiana Caso e Laurence Trille
224 págians - R$ 44,90 (em média)
Editora Conrad

Rimbaud - A vida dupla de um rebelde - Edmund White


Não são poucas as biografias que procuram entender o mistério de Arthur Rimbaud (1854-91). Talento precoce, o poeta francês compôs toda a sua obra antes dos vinte anos, para depois abandonar qualquer projeto de criação artística. Neste ensaio biográfico, o crítico Edmund White refaz a trajetória do artista, de sua juventude sob os auspícios da mãe dominadora à boemia da Paris do fim do século XIX, até as andanças do poeta pela Europa e pelo continente africano depois de abandonar a literatura.

No centro de tudo está o relato da paixão de Rimbaud por outro poeta, o já então célebre Paul Verlaine, que o acolheria sob suas asas e promoveria sua obra nos círculos literários de Paris. Com seu comportamento extravagante, no entanto, Rimbaud afastou Verlaine dos amigos, arruinou seu casamento e foi responsável por sua prisão, anos mais tarde.

Da crônica desse amor conturbado, White extrai também a crônica de toda uma geração. Ganham vida a Paris da Comuna, os cafés e os clubes literários, bem como as polêmicas da época e o gradual impacto da obra de Rimbaud sobre os demais poetas. Num retrato desmistificador, White revela uma vida surpreendente, do artista que revolucionou uma época e que deu as costas à sua criação.

Leia trecho em PDF do livro

Serviço
Rimbaud - A vida dupla de um rebelde
Edmund White
Tradução: Marcos Bagno
192 págians - R$ 35,00 (em média)
Editora Companhia das Letras

Adriana Varejão - Entre carnes e mares - Editora Cobogó

Em edição Bilingue, a obra traz mais de 170 reproduções de trabalhos da artista plástica, além de ensaios críticos assinados por Silviano Santiago e Lília Moritz Schwarcz, entre outros autores

Primoroso o acabamento do livro “Adriana Varejão - Entre carnes e mares”, encomendado pelo banco BTG Pactual à gráfica Santa Marta, mostrando os últimos vinte anos de arte da carioca, conhecida internacionalmente. A obra dela se dá em torno de temas da colonização portuguesa, a azulejaria e a utilização do corpo humano como elemento estético.

Serviço
Adriana Varejão - Entre carnes e mares
Organização: Isabel Diegue
368 páginas - R$ 125,00 (em média)
Editora Cobogó

O pianista no Bordel - Juan Luis Cebrián


Juan Luis Cebrián foi diretor-fundador do El País - o jornal espanhol que começou a circular em 1976, durante a transição do país para a democracia. Nas três décadas que se seguiram à criação do que é hoje o maior jornal da Espanha, Cebrián construiu uma carreira indissoluvelmente ligada à sociedade democrática.

Em O Pianista no Bordel, Juan Luis Cebrián propõe uma coletânea de ensaios sobre o ofício ao qual dedicou toda sua vida: o jornalismo. Reflexões de primeira grandeza alinhadas a relatos sobre a eclosão do jornalismo como um grande instrumento de difusão cultural; a relação da imprensa com a democracia e seu papel de fiador da liberdade de expressão; a encarniçada luta do jornalismo contra o poder político, interessado em transformar informação em propaganda.

Para, ao final, traçar algumas linhas mestras que definam o enfrentamento do desafio iminente do jornalista: vencer um novo tipo de censura que não tem origem em pressões externas, mas na própria sociedade midiática, cujos interesses econômicos nem sempre coincidem com a apuração da verdade e com a livre circulação da informação.

Serviço
O pianista no Bordel
Juan Luis Cebrián
Tradução: Eliana Aguiar
168 páginas - R$ 36,90 (em média)
Editora Objetiva

O Pai, a mãe e a filha - Ana Luisa Escorel


Este é um livro que nasceu clássico. Memórias de infância por um lado, memórias de escritores por outro, dois gêneros bem assentados em nosso país bem como pelo planeta afora, nada tem de ambíguo, antes de duplo. O olhar da menina, assim lindamente nomeada, vai organizando e decifrando o mundo a partir da casa, focalizando o entorno, os vizinhos, a malta dos pequenos, os visitantes. E se volta da infância para trás, perscrutando o passado tal como se apresenta às crianças, encarnado nos mais velhos: os pais, os tios, os avós, e os casos que contam. A teia vai compondo o universo em que a menina se move.

A prosa apurada, que evita o clichê mas incorpora o coloquial, revela-se cheia de sábias escolhas. Quem escreve é um adulto, sopesando, discriminando, ponderando. Podam-se com rigor os nomes próprios, o que alivia o texto e evita o cunho de almanaque. Os “podres” são narrados com graça. A vida deste tomboy franzino mas forte, os cabelos cortados, sempre de macacão, é cheia de traquinagens e peripécias. Delineiam-se os perfis de um pai e uma mãe marcantes, nem é preciso dizer, mas igualmente os de muitos outros figurantes.

O leitor fica com pena quando o livro acaba e nada mais acontece a partir da infância da menina, cujo olhar aprendeu a emular, sendo doloroso despregar-se dele. E depois? fica-se perguntando. Será que as aventuras posteriores seriam menos interessantes? Não, com certeza, na pena desta escritora.

Serviço
O Pai, a mãe e a filha
Ana Luisa Escorel
288 páginas - R$ 35,00 (em média)
Editora Ouro sobre Azul

N.D.A - Arnaldo Antunes


N. D. A. é o décimo livro de Arnaldo, depois de Psia (1986), Tudos (1990), As Coisas (1992), 40 Escritos (ensaios, 2000) e Palavra Desordem (2002), lançados também pela Iluminuras, além de 2 ou + corpos no mesmo espaço, pela Perspectiva (1997), ET Eu Tu (com imagens de Márcia Xavier, 2003), pela Cosac Naify e das antologias Como é que chama o nome disso, (Publifolha, 2006), Doble Duplo (Ed. Zona de Obras/ Tangará, Espanha, 2000), Antologia (Quasi Edições, Portugal, 2006) e a recém-lançada Melhores Poemas (organizada por Noemi Jaffe, Ed. Global, 2010).

Sua última reunião de poemas inéditos foi lançada como parte da antologia Como É Que Chama O Nome Disso, de 2006, mas não havia saído como volume autônomo. Essa seção, intitulada Nada de DNA, foi incorporada agora como um apêndice deste novo volume. Para além do diálogo formal entre os títulos, N. D. A. parece compor com Nada de DNA um volume poético bem coeso, dentro de sua variedade de formas.

A relevância dos aspectos rítmicos, a busca por síntese e precisão, a fragmentação de vocábulos que sugerem múltiplas leituras no mesmo espaço sintático e o uso de elementos gráfico-visuais, são alguns traços dessa poesia, que ainda dialoga com a tradição de canção popular, exercida por Arnaldo em seu trabalho como cantor e compositor.

Em N. D. A., Arnaldo parece tensionar os limites das duas principais direções de seu trabalho poético — nos verbais, experimenta formatos mais longos, de até três ou quatro páginas. Nos visuais, além dos já explorados recursos de variação de tipos, disposição das letras na página, mescla de palavras e imagens; apresenta agora também alguns poema-objetos, expostos em 2008, em mostra individual na galeria Laura Marsiaj (Rio de Janeiro) e, em 2009, na mostra Ler Vendo, Movendo, realizada no Paço da Liberdade (SESC PR), fotografados por Fernando Laszlo. Tudo isso equilibrado pelo projeto gráfico, assinado pelo próprio autor.

N. D. A. traz ainda uma parte de Cartões Postais — reunião de fotos de placas e escritos urbanos que, deslocados de seu contexto original, adquirem poeticidade, gerando novos significados. A sequência das fotos acaba por sugerir uma narrativa oculta, que associa locais diferentes por elos de sentidos imprevistos.

Serviço
N.D.A
Arnaldo Antunes
208 páginas - R$ 44,00 (em média)
Editora Iluminuras

A poesia completa de Machado de Assis


As poesias de Machado de Assis já mereceram algumas edições, desde 1901, aquela organizada pelo próprio poeta, mas nada que se compare à escala da publicação de sua prosa, especialmente contos e romances. Como sabido, Machado escolheu o que ele considerava o melhor e excluiu muitos poemas, que foram depois recuperados e incorporados por editores e editoras, formando afinal um conjunto que vem sendo chamado de Poesias Completas, embora se constate que continuam mais ou menos incompletas...

Por sua vez a Comissão Machado de Assis, nos idos dos anos de 1950-1960, produziu uma edição crítica das Poesias Completas, restaurando o que seria a última vontade do autor, como o fez com as obras em prosa que Machado havia publicado em vida. Foi restaurada, com texto confiável, a edição de 1901.

Nesse século decorrido, diversos e cuidadosos pesquisadores – merecendo realce Raimundo Magalhães Jr. e Jean-Michel Massa, entre outros – examinaram jornais e revistas (e mesmo documentos particulares) do século xix e levantaram muitos textos “desprezados” ou “esquecidos” e os fizeram integrar às poesias machadianas.

Esta nova edição incorpora tudo o que até agora se conhece dessas poesias, oferecendo preciosas notas de esclarecimentos, tanto das origens e publicação, quanto de problemas de linguagem, cortes, modificações e dúvidas. Trata-se pois de edição cuidadosamente anotada pela jovem pesquisadora Rutzkaya Queiroz dos Reis, tudo feito no âmbito de pesquisas na Universidade de Campinas. Foi incorporada, pela primeira vez em livro, até mesmo a paródia machadiana de fragmento do Inferno da Divina Comédia, de Dante, recuperada em pesquisa de Eugênio Vinci de Moraes, existindo referência anterior a ela, mas não sua transcrição, em Raimundo Magalhães Jr.

Com esta edição – produto de esforços comuns da Edusp e da Nankin Editorial – os pesquisadores, estudiosos e poetas do Brasil e de alhures terão acesso à Poesia Completa em edição plenamente confiável, com tudo o que até hoje foi encontrado e publicado, ou não.

Completa este volume uma considerável fortuna crítica da época das publicações dos livros de poemas de Machado, contribuição esclarecedora da repercussão então alcançada. Vale notar que Machado de Assis cuidou com carinho e atenção de sua poesia, diferentemente do que certa tradição crítica, meio atrabiliária, veio a firmar, como se ele fosse apenas um mau poeta, ou nem de fato poeta fosse...

Serviço

A poesia completa de Machado de Assis
Machado de Assis
Organização: Rutzkaya Queiroz dos reis
752 páginas - R$ 100,00 (em média)
Editora Nankin Editorial/ Edusp

Invisível - Paul Auster


Adam Walker recorda os acontecimentos da primavera e do verão de 1967, quando era um jovem poeta e estudante de letras na universidade de Columbia, Nova York. Quarenta anos depois, os fatos incontornáveis daquele ano, em que se vivia a Guerra Fria e a crescente oposição à Guerra do Vietnã, somam-se a eventos pessoais decisivos, que o vão acompanhar até o fim da vida.

Ele rememora o estranho encontro em uma festa e a posterior relação tumultuada que desenvolve com dois estrangeiros: o suíço Rudolf Born, professor visitante de relações internacionais na mesma Universidade Columbia, e sua enigmática e sedutora companheira, a francesa Margot. O professor Born propõe ao jovem poeta financiar um projeto de revista literária, acalentando a ideia de ter sua biografia escrita por Walker.

O rapaz fica intrigado com a rápida simpatia que desperta no casal, mas a oferta é boa demais para ser recusada. Aos poucos, porém, passa a desconfiar das intenções de Born, uma combinação de raivoso analista político, intelectual cínico, dândi espirituoso.

Um evento imprevisto e trágico vai fazer com que a relação entre o estudante prodígio e o enigmático professor se torne áspera e, depois, doentia, levando a história de ambos a Paris. A narrativa de Adam Walker, hoje com mais de sessenta anos, porém, mostra-se incapaz de dar conta da complexidade dessa história revisitada nos meandros da memória e nos limites da linguagem.

Vozes de outros personagens ganham o primeiro plano: Jim, antigo colega de Adam, que se tornou James Freeman, escritor de sucesso, a quem Walker recorre para que lhe ajude a terminar a narrativa; a irmã Gwyn, por quem ele sente um irresistível desejo incestuoso; Cécile, enteada francesa de Born, que manteve um diário dos tempos em que conheceu e se apaixonou por Walker.

Em Invisível, o escritor americano Paul Auster compõe um romance feito de diferentes vozes e tempos narrativos. Narradores e formas narrativas se alternam, aceleram o ritmo da leitura, reservando descobertas e mudanças de rumo até as últimas frases do livro e deixando o leitor sem fôlego.

Serviço
Invisível
Paul Auster
Tradução: Ruvens Figueiredo
280 páginas - R$ 47,50 (em média)
Editora Companhia das Letras

sábado, 24 de abril de 2010

Sinuca de Bico - Josh Bazell


Implicante, ranzinza e com um humor negro cruel, Dr. Peter Brown é o último médico que gostaríamos de encontrar na emergência do hospital. O que ninguém sabe, porém, é que por trás de sua figura debochada, Peter esconde um passado inusitado: ele é Brwna, ex-matador da Máfia com um talento nato para a violência. Sua rotina no hospital é ameaçada quando um novo paciente o reconhece dos tempos da Máfia. Agora, Peter conta com as próximas oito horas de plantão para salvar o doente – e a própria pele – numa delicada cirurgia ou terá que enfrentar a vingança da Cosa Nostra. Este é o mote de Sinuca de bico, romance de estreia do norte-americano Josh Bazell, médico de formação. Mistura de M.A.S.H com Família soprano para o The Washington Post, comparado a Elmore Leonard pelo The Time e aclamado pelos principais veículos de imprensa dos Estados Unidos, Sinuca de bico já foi negociado para adaptação cinematográfica, e terá Leonardo Di Caprio no papel principal.

Serviço
Sinuca de Bico
Josh Bazell
Tradução: Ana Carolina Bento Ribeiro
288 págians - R$ 38,90 (em média)
Editora Rocco

Poemas da Cabana Montanhesa - Saigyo


Poemas da cabana montanhesa é a primeira antologia de Saigyō em português e reúne 135poemas medievais japoneses. A antologia original continha 1571 composições em sua primeira compilação. Todos os poemas são tankas, forma poética tradicional japonesa composta por cinco versos que totalizam 31 sílabas. O primeiro e o terceiro versos devem ter cinco sílabas e o segundo, o quarto e o quinto sete. Os temas são contemplativos em sua maior parte, por terem sido compostos durante as viagens que o poeta realizou aos lugares sagrados do Japão. Também comparecem como assuntos o abandono do mundo e a dificuldade de desapegar-se às paixões, o pensamento budista, a admiração pela natureza. Os poemas de Saigyō buscam a simplicidade e admitem a abordagem de cenas cotidianas e objetos corriqueiros, segundo a ideia de que nenhum objeto é tão simplório ou tão sublime que não possa ser tratado poeticamente. As ilustrações são sumiês, um tipo de pintura japonesa, feitas por Tova Cohen, esposa do tradutor. Uma introdução bastante extensa situa muito bem o período histórico do poeta.

Saigyō (1118–1190), cujo nome de batismo é Satō Norikiyo, nasceu em uma família de samurais. Quando jovem segue a carreira militar, mas aos 23 anos, em 1141, abandona a vida na corte e torna-se monge. Recusa seu nome secular, Norikiyo, e tenta vários nomes budistas antes de, finalmente, se fixar como Saigyō. Inicialmente, é treinado no quietismo da seita Tendai e, mais tarde, passa para a de Jōdo. Leva a vida viajando – alternando longos períodos de autoprivação intencional em selecionados sítios isolados nas montanhas para a prática de austeridades budistas, com três prolongadas peregrinações a áreas muito remotas, e com outras viagens mais curtas e retornos ocasionais à capital Quioto, para participar de cerimônias imperiais. Em 1147, começa seu primeiro grande empreendimento – a longa viagem ao extremo norte do país. Em 1168, agora com 51 anos de idade, sai para sua segunda peregrinação, desta vez à ilha Shikoku. Consta ter vivido períodos em Ise, o mais sagrado sítio do xintó, e em Yoshino, próximo ao monte Kōya.

Nissim Cohen (Istambul, 1930 – Jacareí, 2009) viveu parte de sua vida em Israel, onde se formou em Engenharia. Em 1958, após haver participado de duas guerras, emigrou para o Brasil. Conheceu o budismo nos Estados Unidos nos anos 1970 aplicando-se, posteriormente, tanto ao aprendizado como à instrução e à orientação do budismo, e também à meditação. Traduziu e escreveu diversas obras sobre o tema. Faleceu em 2009, após prolongada doença, sempre encarando a vida e sua situação com a melhor ótica budista.

Serviço
Poemas da Cabana Montanhesa
Saigyo
Organizaçãoe Tradução: Nissin Cohen
1587 páginas - R$ 18,00 (em média)
Editoa Hedra

O Cachorro que jogava na ponta esquerda - Luis Fernando Veríssimo


A editora Rocco lança em abril a coleção "Gol de Letras", com volumes voltados para as crianças e assinados por craques das artes e do esporte. A ideia é colocar no mercado 11 títulos até o início da Copa do Mundo, em junho.

O livro "O Cachorro que Jogava na Ponta Esquerda", conta a história de um time sem nome, camisa ou chuteira, que vê num animal o reforço necessário para brilhar na simplicidade das partidas disputadas na rua.

Serviço
O Cachorro que jogava na ponta esquerda
Luis Fernando Veríssimo
80 páginas - R$ 24 (em média)
Editora Rocco

Lá vem história outra vez - Heloísa Pietro


O que será que tem dentro do cofre do sábio? Qual é a mensagem secreta dos papagaios? Quem é o ser humano mais inteligente do mundo? As respostas podem estar num conto do Himalaia, numa fábula persa ou numa singela história africana. Com narrativas, esse é um livro básico para a formação de jovens leitores, pois, como Heloisa Prieto escreve na introdução, "nossas histórias preferidas sempre falam de nossos maiores segredos, as emoções mais verdadeiras de nossas vidas, os grandes sonhos e esperanças".

Serviço
Lá vem história outra vez
Heloísa Pietro
80 páginas - R$ 34,50 (em média)
Editora Companhia das Letras

sábado, 17 de abril de 2010

100 Viagens Que Toda Mulher Precisa Fazer - Stephanie Elizondo Griest


'100 Viagens Que Toda Mulher Precisa Fazer' une os conhecimentos e as experiências de uma viajante que carimbou vários passaportes e agora oferece algumas anotações, para que outras possam colocar o pé na estrada com o mesmo espírito feminino. O leitor entrará em comunhão com os espíritos das heroínas do passado no México e no Egito; atravessará as estepes da Mongólia montada em um cavalo miniatura; mergulhará e colherá pérolas em Bahrain; tomará um banho de lama em um vulcão colombiano; dançará com a magia do vodu na África Ocidental; devorará chocolates em Bruxelas; aprenderá a surfar na Costa Rica; beberá champanhe direto da fonte na França e muito mais.

Serviço
100 Viagens Que Toda Mulher Precisa Fazer
Stephanie Elizondo Griest
Tradução: Camila Werner
304 páginas - R$ 44,90 (em média)
Editora Contexto

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Nova York: A Vida na Grande Cidade - Will Eisner


O selo de quadrinhos da Companhia das Letras reuniu em um mesmo título quatro graphic novels do famoso quadrinista Will Eisner (1917-2005). Produzidas em 1981 e 1982, as histórias de Nova York: A Vida na Grande Cidade retratam a partir do cenário da cidade, aspectos do dia a dia de seus habitantes. Esses breves vislumbres iluminam com delicadeza desde as situações mais cotidianas até as reviravoltas mais trágicas.

Nessas histórias, que são, sobretudo biografias de personagens solitários e esquecidos, Eisner põe em xeque o isolamento e a indiferença impostos pela metrópole. Verdadeira obra-prima dos quadrinhos, Nova York é um registro impressionante não só da sensibilidade de seu autor, mas da vida que se esconde por trás de toda grande cidade.

Considerado um dos criadores do quadrinho moderno, Will Eisner foi um dos mais importantes artistas do século XX. Pai do herói Spirit, Eisner influenciou gerações de quadrinistas no mundo todo.

Serviço
Nova York: A Vida na Grande Cidade
Will Eisner
Tradução: Augusto Pacheco Calil
440 páginas - R$ 57,00 (em média)
Companhia das Letras

Fidel e Che - Uma amizade Revolucionária - Dimon Reid-Henry


Che, o introspectivo. Fidel, o expansivo. Che, o internacionalista. Fidel, o líder cubano. Che, o jovem idealista de cabelos longos que se sacrifica pelos oprimidos. Fidel, o caudilho de barbas grisalhas que após 50 anos ainda controla a ilha de Cuba pelas mãos do irmão Raúl.

A revolução cubana, que surpreendeu um mundo bipolar ao instaurar o socialismo no hemisfério ocidental, teve dois grandes líderes unidos pela ideologia e pela amizade e separados por suas escolhas. Enquanto Ernesto Che Guevara abdicava do poder estabelecido para aventurar-se na África e na América do Sul, Fidel Castro administrava um regime centralizado em seu país natal.

O livro mostra que, a partir de uma associação política, inicia-se um relacionamento de amizade e camaradagem que mudaria de fato suas vidas. Desde os encontros preparativos da expedição revolucionária no México até os últimos dias de Guevara, já cercado nas montanhas bolivianas sem esperança de fuga, enquanto Fidel vivia os dias mais duros da Guerra Fria em Havana, o autor percorre os caminhos políticos dos dois líderes, mas sem perder o foco no tema principal: o envolvimento pessoal.

A narrativa de Reid-Henry guarda o melhor estilo jornalístico rápido e direto, uma envolvente reportagem, que mantém o leitor cativado com um ritmo que retoma a tensão dos acontecimentos daquela época. Apesar de tratar de figuras públicas com proeminência internacional, a pesquisa mantém a perspectiva das nuances e contradições de um relacionamento afetivo.

Entre o mito, de Che, e o sempre equívoco destino humano, de Fidel, está a morte do primeiro a lhes separar. A realidade impõe limites à preservação de uma aura heróica, que só atingem os que morreram jovens. Ou aqueles que não se viram diante das escolhas e seduções do poder. Guevara abandonou Cuba uma vez concluído o processo revolucionário para morrer em combate na selva. Fidel administra há 50 anos um estado burocratizado.

A pesquisa qualificada e a argúcia narrativa de Simon Reid-Henry, no entanto, têm o dom de devolver ao leitor, para além da história oficial, a figura de dois homens. Homens que emergem com o frescor da vida, por detrás das efígies do velho líder autocrático e do semideus generoso.

Serviço
Fidel e Che - Uma amizade Revolucionária
Dimon Reid-Henry
Tradução: Beatriz Velloso
576 páginas - R$ 69,90 (em média)
Editora Globo

O Cativeiro da Terra - José de Souza Martins


Esta é uma nova edição, cuidadosamente editada, revista e bastante ampliada de uma obra clássica. O Cativeiro da Terra foi revisitado por seu autor, José de Souza Martins, que incorporou novos textos, atualizou a discussão sobre as questões tratadas e, ainda, acrescentou um novo ensaio fotográfico. O livro conta com um palpitante prefácio elaborado especialmente para esta edição. O cativeiro da terra é a matriz estrutural e histórica da sociedade que somos hoje. Ele condenou a nossa modernidade e a nossa entrada no mundo capitalista a uma modalidade de coerção do trabalho. Aí encontramos a explicação de nossa lentidão histórica e a postergação da ascensão social dos condenados à servidão. Uma leitura emocionante, uma obra fundamental para todos os que, de fato, querem entender o Brasil.

Serviço
O Cativeiro da Terra
José de Souza Martins
288 páginas - R$ 39,90 (em média)
Editora Contexto

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Arquitetura Paisagística Contemporanea No Brasil - Mônica Bahia Schlee e Raquel Tardin


Neste livro, professores e pesquisadores de instituições brasileiras investigam a produção paisagística nos períodos colonial e pós-colonial, os rumos e as tendências que marcaram essa atividade durante as décadas de afirmação do caráter nacional, entre 1930 e 1970, e a contribuição, a partir de 1976, dos afiliados da Associação Brasileira de Arquitetos Paisagistas (Abap) a essa área. Os autores ainda refletem sobre o futuro da profissão de arquiteto paisagista no Brasil.

Serviço
Arquitetura Paisagística Contemporanea No Brasil
Mônica Bahia Schlee e Raquel Tardin
Organizador: Ivete Farah
232 páginas - R$ 75,00 (em média)
Editora Senac

O gato que cantava de galo - Ricardo Filho


Vaidoso e independente, esse gato domina a paisagem do alto dos telhados. Loiro de olhos verdes, Alemão se acha irresistível e faz o maior sucesso com as gatinhas. E não é pra menos. É fácil simpatizar com ele logo nas primeiras páginas, mesmo quando se mostra interesseiro ou canta de galo, arrancando suspiros das gatinhas.

Mas o gato não quer compromisso com ninguém. Gosta mesmo é de passar as tardes na praia, sentindo a brisa fresca e se encantando com a imensidão do mar. Vive livre, leve e solto... até o dia que resolve seguir um perfume desconhecido.

Serviço
O gato que cantava de galo
Ricardo Filho
Ilustração: Mariana Newlands
40 páginas - R$ 34,90 (em média)
Editora Globo

A Noiva da Canoa e Outros Amores Embarcados - Ronny Hein


A Editora Europa apresenta o livro A Noiva da Canoa e outros amores embarcados, de Ronny Hein. Um dos mais renomados jornalistas especializados em turismo no Brasil narra divertidas histórias que têm como cenário algum tipo de meio de transporte.

Na obra, o autor de O Olhar do Hipopótamo e Europa: Reportagens Apaixonadas narra uma série de histórias resultantes das observações que fez enquanto viajava, já que Hein é um dos jornalistas de turismo mais aclamados do Brasil.

Todos os contos e novelas de A Noiva da Canoa e outros amores embarcados têm como cenário algum tipo de meio de transporte, exceto o que leva o nome de “Beijo de Aeroporto”, que se passa em um terminal de passageiros. Não se trata de uma forma de homenagem às maravilhas da tecnologia que nos conduzem de um lugar para outro, mas sim de como navios, aviões, metrôs, trens, ônibus e outros veículos são palcos de acontecimentos aparentemente triviais que, se observados com atenção, carregam enorme potencial poético e dramático.

Do encontro casual entre pessoas que trafegam rumo a algum destino determinado, surgem, em mais ocasiões do que seria justo supor, situações que determinam, paradoxalmente, bruscas alterações do outro destino — aquele nunca mencionado em passagens ou bilhetes. E é exatamente o fato de serem ficções baseadas em fatos reais que as histórias relatadas em A Noiva da Canoa e outros amores embarcados ganham mais força e charme, tornando-se intrigantes.

Serviço
A Noiva da Canoa e Outros Amores Embarcados
Ronny Hein
212 páginas - R$ 20,00 (em média)
Editora Europa

Lições e Subversões - Lucia Santaella


Neste livro Lucia Santaella, coordenadora dos cursos de pós-gradução em comunicação da PUC-SP, nos brinda com breves ensaios que marcam sua vida acadêmica. Sempre ensinando a subverter o óbvio, a autora trata de uma interessante e variada gama de temas como a subversão de hábitos do cotidiano, as lições do olhar e dos sentidos e os diversos aspectos da mulher moderna e como ela impacta o masculino. Esta obra vai atrair todo tipo de leitor que esteja disposto a ler o mundo com olhos mais livres.

Serviço
Lições e Subversões
Lucia Santaella
181 páginas - R$ 27 (em média)
Lazuli/ Companhia Editora Nacional

quarta-feira, 14 de abril de 2010

A coleira do Cão - Ruben Fonseca

A coleira do cão, segundo livro de Rubem Fonseca publicado em 1965, é em certa medida um diálogo com seu livro de estreia, Os prisioneiros, ressaltando em seus contos a condição do homem como prisioneiro de si mesmo. As oito histórias desse volume são consideradas pela crítica o segundo degrau na construção de uma das obras literárias mais complexas e ricas de nosso tempo, que põe cada leitor diante de sua própria imagem em meio à beleza e à violência do mundo.

Serviço
A coleira do Cão
Ruben Fonseca
256 páginas - R$ 39,90 (em média)
Editora Agir

Doutor Pasavento - Enrique Vila Matas


Doutor Pasavento é sobretudo uma elegia da discrição e homenagem a escritores como J. D. Salinger, Thomas Pynchon e Robert Walser, autores que de alguma forma atingiram a invisibilidade. A fixação do autor por desaparecer, não ser ninguém, a atração pelo abismo, pelo nada, é explorada de maneira radical. “De onde vem a sua paixão por desaparecer?”,
pergunta alguém ao narrador logo na abertura do romance.

Serviço
Doutor Pasavento
Enrique Vila Matas
Tradução: José Geraldo Couto
416 páginas - R$ 55,00 (em média)
Editora Cosac & Naify

A vida literária no Brasil durante o Romantismo - Ubiratan Machado


Uma fascinante recriação do ambiente intelectual brasileiro durante o século XIX. Mais do que sugere o título, Ubiratan Machado apresenta um retrato de corpo inteiro da sociedade do Segundo Reinado, vista por hábitos, costumes e peculiaridades de escritores, editores e público, em sintonia com os padrões de comportamento da sociedade da época. D.Pedro II e a sua relação com a vida literária e os escritores, as livrarias, os best-sellers, os recitativos, o humor romântico, as polêmicas, a atuação feminina nas letras são alguns dos temas abordados em A vida literária no Brasil durante o romantismo, com sensibilidade e amplo conhecimento, num estilo leve e saboroso que faz da leitura um prazer permanente.

Serviço
A vida literária no Brasil durante o Romantismo
Ubiratan Machado
392 páginas - R$ 49,00 (em média)
Editora Tinta Negra Bazar Editorial

Psicanálise Lacaniana - Márcio Peter de Souza Leite


Evitar que o barroquismo vire uma teoria esotérica é um desafio, e ninguém melhor que Márcio Peter de Souza Leite para responder à altura. O valor intelectual deste livro na difusão do pensamento de Jacques Lacan no Brasil testemunha o lugar ímpar que seu autor ocupa no campo freudiano. Na alvorada de um novo milênio, capitalizando um século de existência, a psicanálise continua seu avanço, pois o inconsciente nunca dorme, e os verdadeiros analistas jamais desistem.

Ler Lacan nunca foi fácil para ninguém, sendo ainda uma empreitada mais difícil para os psicanalistas de outras cepas, aqueles cujos percursos garantem o confronto de um saber que tende a negar o reconhecimento de uma verdade vinda do Outro, Sigmund Freud, pai de todos. Por isso mesmo, quando Márcio Peter de Souza Leite, alguns anos atrás, se dispôs a enfrentar uma plateia de colegas kleinianos para falar do discurso lacaniano, existia o risco de acabar tudo numa autêntica – parafraseando Ferenczi – “confusão de línguas”. No entanto, não foi o que aconteceu; muito pelo contrário, a alteridade da audiência estimulou o orador a dar o melhor de si, e seus interlocutores foram beneficiados com a explanação de uma teoria que, embora psicanalítica, não era coincidente com suas formações, além de questionar suas práticas.

O saldo positivo da experiência extrapolou seus participantes quando o dizer virou palavra escrita, e o texto decorrente estendeu para uma boa quantidade de leitores o sucesso daquele ato de transmissão. Temos agora, no presente volume, a segunda versão da obra, mais elaborada e ambiciosa.

Com efeito, se antes era mister esclarecer o fundamento da negação da falta enquanto pivô conceitual, desta vez percebe-se a tentativa de oferecer uma visão panorâmica da orientação lacaniana na psicanálise contemporânea. Algo assim como uma atualização doutrinária, onde uma ordem de razões sustenta a argumentação de forma consistente, nada dogmática. Ao mesmo tempo, muda o público-alvo: já não se trata de dialetizar com os que pensam diferente, e sim de levar a palavra plena para quem quiser ouvir, neófitos ou escolados.

Márcio Peter faz jus ao desafio de evitar que o lacanismo barroco vire esoterismo intelectual. O valor operacional deste livro na difusão do pensamento de Jacques Lacan no Brasil testemunha a importância do lugar ímpar que seu autor ocupa, seja no marco institucional do qual faz parte, e também extramuros. Na alvorada de um novo milênio, capitalizando um século de existência, a psicanálise continua seu avanço, pois o inconsciente nunca dorme, e os verdadeiros analistas jamais desistem.

Serviço
Psicanálise Lacaniana
Márcio Peter de Souza Leite
272 páginas - R$ 49,00 (em média)
Editora Iluminuras