As imagens captadas pelas lentes de sua Leica deram um novo sentido ao cotidiano, nas fotos do dia-a-dia das cidades de uma Europa assolada pela guerra, assim como nos retratos de pintores e escritores. Como repórter fotográfico, viajou pelo mundo registrando momentos decisivos da história da vitória dos comunistas na China ao último retrato de Gandhi, minutos
antes de seu assassinato.
Henri Cartier-Bresson: fotógrafo, publicado em 1979, traz 155 fotos selecionadas pelo autor para representar sua extensa produção. No livro, Bresson agrupou as imagens em seis módulos, de forma inesperada e surpreendente. Se em livros anteriores, como Les Danses à Bali (1954), D.une Chine à l.autre (1954) e Vive La France (1970), sua obra era apresentada em recortes temáticos específicos, em Henri Cartier-Bresson: fotógrafo, ele abre espaço para a reflexão do leitor, convidado a estabelecer relações inéditas e pessoais sobre as fotos. Segundo Augusto Massi, editor da Cosac Naify, Bresson opta em promover o encontro de duas realidades distantes, ao invés de estabelecer um critério cronológico e de antologia ao volume.
Um dos principais poetas da língua francesa hoje, Yves Bonnefoy também contribui para um entendimento da obra de Bresson no prefácio assinado por ele. Bonnefoy guia o leitor por novas e diversas interpretações, como a que revela o caráter menos histórico e mais metafísico das fotos do autor. Cartier-Bresson encontrou-se ao longo da vida no coração dos acontecimentos mais marcantes da época, na Alemanha por ocasião da abertura dos campos, na China no fim do Kuomintang e, depois, na ascensão de Mao, e ao lado de Gandhi a poucos instantes de sua morte
ou durante os primeiros protestos no Alabama. Mas seria compreendê-lo muito mal pensar que ele privilegiou esses momentos por seu valor histórico, como o faria o fotógrafo de reportagem, pois também é sua lição que uma anciã à porta de casa tem o mesmo peso que o exército em marcha ou o sábio que vai morrer, e que também não é porque ela se cobre com a bandeira estrelada que é preciso buscar ali uma imagem da América, pois a bandeira dissipa o seu significado nessa equivalência de tudo a tudo que Cartier-Bresson faz ascender de suas sondagens. O acontecimento pode estar lá, na foto, mas é como que deslocado por alguns milímetros. metafísicos que bastarão para desfazer sua primazia sobre a vida.
Serviço
Henri Cartier-Bresson: Fotógrafo
Organização: Henri Cartier-Bresson e Robert Delpire
Tradução: Célia Euvaldo
344 páginas - 155 fotografias P&B - R$ 170,00 (em média)
Editora Cosac & Naify
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