Em 28 de julho de 1907, André Gide, que se hospedava na propriedade de seu amigo Eugène Rouart em Bagnols-de-Grenade, próximo a Toulouse, encontra um jovem, Ferdinand, filho de um empregado da herdade. Com este, que ele apelidará carinhosamente de “pombo-torcaz” — ramier, em francês — em razão de uma espécie de “arrulho” que ele emitia ao fazer amor, o futuro Prêmio Nobel, à época quase quadragenário, viverá uma noite de êxtase que o fará sentir-se “dez anos mais jovem”.
Arrebatado pelo acontecimento, Gide se lança no relato lírico e minucioso desse episódio, ao qual terão acesso apenas alguns amigos muito próximos, entre os quais Jacques Copeau. Gide volta várias vezes a Bagnols, e se preocupa com o destino de Ferdinand, que morreria em 1910. Seu Pombo-torcaz, no entanto, não seria jamais publicado.
Quase um século após haver sido escrito, encontrado recentemente por Catherine Gide em meio aos arquivos de seu pai, apresentamos este Pombo-torcaz, mundialmente inédito e cuja publicação Catherine finalmente autorizou, consagrando a “emoção da descoberta erótica, a alegria da cumplicidade, a vitória do desejo e do prazer partilhados”, como ela escreve no preâmbulo.
No prefácio e no posfácio, Jean-Claude Perrier e David Walker debruçam-se sobre esta insólita peça narrativa e enriquecem a edição com excertos inéditos da correspondência André Gide–Eugène Rouart.
Serviço
O Pombo-Torcaz
André Gide
Tradução: Mauro Pinheiro
256 páginas - R$ 40,00 (em média)
Editora Estação Liberdade
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