segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Sobre o feminismo e a sociedade moderna

O Segundo Sexo é um ensaio da francesa Simone de Beauvoir (1908-1986), publicado em 1949, sobre a repressão feminina que a examina segundo: dados da biologia e questões da psicanálise, a história, os mitos (primeiro volume); a formação social, a condição para o casamento e o sexo, a personalidade, o caminho da independência (segundo volume).

Preste atenção no segmento Justificações, que compreende os capítulos A Narcisista, A Apaixonada e A Mística. É a exposição de três imagens que ainda refletem perfis da mulher contemporânea. Beauvoir foi uma das principais pensadoras sobre o papel da mulher na sociedade. Entre seus livros, estão Memórias de uma Moça Bem-comportada, A Força das Coisas.

Trecho: "A mulher está às voltas com uma realidade mágica [...]. Em vez de assumir sua existência, contempla o céu a pura ideia de seu destino; em vez de agir, ergue sua estátua no imaginário; em vez de raciocinar, sonha." (pág. 804)

Serviço
O Segundo Sexo
Simone de Beauvoir
936 páginas - R$ 109,90 (em média)
Editora Nova Fronteira
OBS: Este post foi retirado da Revista Bravo! do mês de agosto.

Para entender Nova York


Se um livro fosse uma estação de metrô, Um século em Nova York deixaria o leitor em pleno cruzamento da rua 42 com a Sétima Avenida e a Broadway, no meio de uma multidão de americanos e turistas, à sombra de arranha-céus e diante de umimpressionante painel de outdoors, letreiros luminosos e anúncios eletrônicos.

Marshall Berman narra neste livro a história dos cem anos do surgimento de Times Square como um espaço públicorepresentativo dos ideais do novo urbanismo americano do século XX. Tratando afinal de um cruzamento de avenidas, pessoas e signos, os temas aqui também se entrecruzam, interligados pelo mesmo cenário: a virada urbanística de Nova York há cem anos, a agitação cultural da Broadway na década de 1930, a famosa fotografia de um casal se beijando no fim da Segunda Guerra, e por fim a situação atual do espaço público à sombra do poder financeiro das grandes corporações.

Fino, analista das promessas e das contradições da modernidade, Berman apresenta ao mesmo tempo uma história cultural do urbanismo e uma apaixonada celebração da vida nas cidades modernas.

Serviço
Um século em Nova York: Espetáculos em Time Square
Marshall Berman
Tradutora: Rosaura Eichenberg
376 páginas - R$ 50,00 (em média)
Editora Companhia das Letras

Idéias selecionadas por Felipe


Mais de 175 idéias de importância essencial esclarecidas: do canibalismo ao zen, do tempo ao inconsciente, da lógica à teoria do caos. Fernández-Armesto, historiador respeitado internacionalmente, põe o leitor em contato com as principais noções históricas, filosóficas e científicas que moldam nosso mundo. Essa análise abrangente e audaciosa vem acompanhada de uma belíssima combinação de imagens contemporâneas e históricas que esclarecem e ao mesmo tempo entretêm o leitor. Além disso, inclui sugestões de leitura de especialistas, o que instigará ainda mais o pensar.

Serviço
Idéias que mudaram o mundo
Felipe Fernandes Armesto
400 páginas - R$ 75,00 em média
Editora Arx

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

O olhar de Bresson pelas letras de Pierre


Albert Camus, equilibrando um cigarro em meio a um sorriso cúmplice; Jean-Paul Sartre, na Pont des Arts, com seu olhar inconfundível; os funerais de Churchill e Gandhi; os retratos de Coco Chanel, William Faulkner e Samuel Beckett; a Guerra Civil Espanhola; a libertação de Paris; a Alemanha em ruínas. Ao lembrar das imagens que marcaram o século XX, evoca-se aquele que foi o responsável pelo olhar de um dos períodos mais turbulentos da história: Henri Cartier-Bresson (1908-2004). HCB, como é conhecido no meio, ensinou o mundo a ver e, juntamente com Robert Capa, contribuiu para alçar a posição do fotógrafo a outro patamar, não como mero ilustrador, mas como autor, que transmite sua visão e assina as próprias imagens. Foi também ao lado de Capa e de outros três fotógrafos visionários que fundou,em 1947, a agência de fotojornalismo mais prestigiosa do mundo, a Magnum. Pela primeira vez na história, os fotógrafos tornavam-se proprietários de seus negativos – uma utopia para a época.

O jornalista Pierre Assouline, biógrafo de personalidades como o escritor belga Georges Simenon e do editor francês Gaston Gallimard, traça aqui o perfil do grande artista, construído após cinco anos de constantes conversas, durante os quais fundiu-se no papel de entrevistador e amigo. Ao revelar a parceria entre Cartier-Bresson e sua inseparável Leica, mostra que o olhar do fotógrafo não tinha limites e que as imagens por ele captadas refletem o caráter universal da natureza humana.

Serviço
CARTIER-BRESSON: O OLHAR DO SÉCULO
Pierre Assouline
Tradução de Julia da Rosa Simões
352 páginas - R$ 56,00 (em média)
Editora L&PM

Um livro para se ler aos fins de tarde


A obra de Toni Morrison é toda debruçada sobre a condição do negro nos Estados Unidos e, sobretudo, da mulher negra americana. Em Amada, ela visitou o terror permanente da vida na escravatura. Agora, em Compaixão, recua mais na história e vai à origem, a 1690, quando a própria nação norte-americana estava nascendo, cem anos antes da Declaração de Independência. Morrison nos faz lembrar que o começo do regime escravagista se confunde com esse início da nação, os dois cresceram juntos. A autora vê, nesse alvorecer do país, a possibilidade de uma escravatura sem racismo, que junta brancos, negros e indígenas numa mesma árdua luta pela sobrevivência na natureza inóspita do nordeste americano.

Compaixão é a história de Florens, que a própria mãe entrega como pagamento da dívida de seu senhor, na esperança de que possa ter uma vida melhor numa fazenda remota, ao lado de três outras mulheres - Rebekka, a senhora branca; Lina, uma escrava indígena; e Sorrow, outra escrava negra - e do tolerante senhor anglo-holandês Jacob Vaark.

Em meio às asperezas da vida rural desse período, ameaçada pela varíola, numa terra sem lei, dividida entre o puritanismo religioso das seitas protestantes dos brancos e a tolerância e liberdade do indígena e do negro, Florens descobre o amor e o sexo. Luta com a natureza do nordeste da América do Norte e com sua própria natureza, ambas bravias, uma fria, a outra ardente. Sempre em busca de um amor perdido: o de sua mãe e o de sua pátria.

Serviço
COMPAIXÃO
Toni Morrison
Tradução: José Rubens Siqueira
160 páginas - R$ 36,50 (em média)
Editora Companhia das Letras

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

As vozes do imitador


Para quem conhece a obra do escritor e dramaturgo austríaco, o procedimento é até certo ponto familiar: em romances como O náufrago e Extinção, a repetição de descrições e opiniões dos personagens, a nomeação exaustiva e obsessiva de fatores históricos e coletivos parecem ser a única forma de dar conta do desconforto no mundo. Mas, se nesses livros o sentido era obtido por meio da ênfase, daquilo que é dito muito mais que mostrado, O imitador de vozes se guia por um acúmulo mais horizontal e variado de situações, uma sucessão desconcertante de incêndios, enforcamentos, desastres naturais, excursões turísticas mal-sucedidas, brigas por heranças e toda sorte de fatos patéticos contados por narradores que misturam espanto e ironia nas frestas de um registro falsamente neutro.

Ao final, o conjunto acaba apontando para os tradicionais alvos de Bernhard: a sociedade regida pelas aparências, sob as quais se esconde a memória de um tempo caracterizado por catástrofes políticas e sociais, na qual pouco resta ao homem além da consciência e da revolta contra sua própria condição limitada, mesquinha, muitas vezes ridícula.

Serviço
O Imitador de vozes
Thomas Bernhard
Tradução : Sergio Tellaroli
160 páginas - R$ 39,00 (em média)
Editora Companhia das Letras

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Introdução à obra de Gilberto Freyre

Em Sociologia, Freyre esforça-se por apresentar, num texto didaticamente orientado, a natureza e o lugar da sociologia no quadro geral das ciências e suas ramificações temáticas. O livro consiste numa espécie de organograma a partir do qual o autor inscreve, além das atribuições da sociologia, as inter-relações, os limites e as limitações de seus campos de investigação. Trata-se, portanto, de uma obra importantíssima para conhecer a ossatura do pensamento sociológico de Gilberto Freyre.

Esta nova edição de Sociologia chega às nossas mãos num momento em que ocorre um balanço acerca do legado de Freyre para as ciências sociais no Brasil. Há, com efeito, o resgate do papel de Freyre no processo de sistematização da sociologia e o reconhecimento de sua contribuição para a compreensão da dinâmica de dominação social na sociedade brasileira. A leitura de Sociologia pode, com efeito, ajudar os estudiosos de sua obra a mapear algumas de suas influências teóricas; compreender, no seu pensamento, as relações entre as ‘variáveis’ raça, cultura e geografia; identificar os fundamentos teóricos da sua interpretação.

Serviço
Livro Sociologia e Palestras
Organização: Elide Rugai e Simone Meucci
404 páginas - R$ 40,00 (em média)
Editora É Realizações

terça-feira, 25 de agosto de 2009

O cinema, a entrevista e Ismail


Ismail Xavier é um dos mais importantes pensadores do nosso cinema. Nas entrevistas aqui reunidas, Ismail, deixando de lado sua discrição metodológica habitual, enfatiza um tipo de interpretação formal que privilegia as conexões entre história, cinema e ideologia. “A teoria do cinema não está isolada e deve dialogar com os mais diversos contextos da reflexão estética; nesse sentido, a teoria que se apóia na pesquisa histórica, e inversamente a realimenta, tem um papel fundamental de contraponto face ao que emerge do debate sobre a cultura e a sociedade contemporânea.”

Com 24 anos Ismail passa a integrar o corpo decente do Departamento de Cinema na Escola de Comunicações da USP. Sua tese de mestrado Sétima arte: um culto moderno, defendida em 1975 e orientada por Paulo Emílio Salles Gomes é publicada em 1978.Em sua tese de doutorado, orientado por Antonio Candido, discute o estilo de Glauber Rocha, em 1980 publicada como Sertão mar: Glauber Rocha e a estética da fome. Realiza PhD e pós-doutorado na New York University, Em 1993 Publica Alegorias do subdesenvolvimento: Cinema Novo, Tropicalismo, Cinema Marginal, sua tese de livre docência. Em 2003 publica O olhar e a cena.

Serviço
Encontros
Ismail Xavier
Organização: Adilson Mendes
296 páginas - R$ 29,90 (em média)
Editora Azougue

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Uma história de São Paulo pelo Oriente.

Quando se fala sobre imigração em São Paulo, no geral se tem como referência um ambiente rural impulsionado pela pujante economia do café. Nas sombras desta história, há um tecido urbano fortemente influenciado pelo afluxo de sírios e libaneses que chegam à capital paulista entre os anos de 1890 e 1960 para se integrarem a uma estrutura social diversificada e complexa. Percorrendo a aglomeração de lojas de tecidos e armarinhos, Patrícios - Sírios e libaneses em São Paulo tem como foco principal justamente o processo de integração destas duas etnias no meio social paulistano.

Oswaldo Mário Serra Truzzi recria, neste lançamento da Editora Unesp, o modo como sírios e libaneses se dedicaram ao comércio, discute os dilemas relativos à construção de identidades e analisa as estratégias de mobilidade social. Também faz uma comparação com o processo imigratório norte-americano, ressaltando os contextos relativos à sociedade receptora. Como coloca Boris Fausto na introdução ao livro, esta incursão comparativa é particularmente frutífera, colocando em relevo "o estágio de desenvolvimento econômico do Brasil e dos Estados Unidos, na época do afluxo dos imigrantes, a concorrência entre as diferentes etnias na disputa pelos nichos de mercado, o peso da cultura anglo-saxã, tal como foi modelada nos Estados Unidos".

Esta segunda edição oferece ainda uma recente pesquisa feita com mulçumanos árabes em São Paulo, que faz avançar cronologicamente o estudo até as últimas décadas, explorando as sociabilidades e os valores familiares desse grupo.

Serviço
Patrícios - Sírios e libaneses em São Paulo
Oswaldo Mário Serra Truzzi
354 páginas - R$ 50 (em média)
Editora Unesp

O medo globalizado

“Arjun Appadurai é conhecido como autor de novas formulações notáveis que esclareceram os desenvolvimentos globais contemporâneos, especialmente em Modernity at Large. Neste novo livro, ele aborda os problemas mais cruciais e intrigantes da violência coletiva que hoje nos cerca. Um livro repleto de ideias novas e originais, alimento essencial para o espírito dos especialistas e de todos os que se preocupam com essas questões.”Charles Taylor, autor de Modern Social Imaginaries

As transformações na economia mundial desde a década de 1970 produziram efeitos consideráveis nas relações entre as nações e as pessoas. Multiplicaram se as disputas e preocupações sobre soberania nacional, indigenismo, imigração, liberdade, mercado, democracia e direi tos humanos.Algumas ditaduras sumiram, outras permaneceram ativas e uma ou outra mais insiste em afirmar se no palco mundial como se as mudanças no mundo ao longo do último meio século não tivessem existido.

A macroviolência tomou aspectos insuspeitados e a violência cotidiana instalou se de vez nos países subdesenvolvidos e se faz sempre mais presente no chamado primeiro mundo que parece por vezes a ponto de deixar de sê-lo. A globalização é uma realidade em mais de um campo, sobretudo naqueles marcados por um sinal negativo: o da violência em geral e do terrorismo em particular, do etnocídio e do “civicídio”.O conflito entre civilizações é afirmado por alguns, negado por outros e, afinal, de algum modo, real ou imaginário, experimentado por todos.Nesse cenário que os eventos de 2001 tornaram ainda mais instável e para cuja descrição a palavra conturbado é apenas um sofrível eufemismo, uma questão se destaca: a dos números. Os grandes e os pequenos números. Num mundo cada vez mais povoado e no qual o medo aos grandes números poderia ter uma razão de ser sempre crescente, o temor ao pequeno número parece impor-se.

O pequeno número pode ser o dos oligopólios e dos bandos tirânicos de todas as cores ideológicas mas também o dos imigrantes e o dos grupos terroristas moleculares que não mais parecem obedecer a uma grande e nítida lógica única,mais suportável senão mais preferível do que a atomização generaliza da que instaura uma geografia do medo como contrapartida à geografia do ódio.
Serviço
O medo ao pequeno número - ensaio sobre a geografia da raiva
Arjun Appadurai
112 páginas - R$ 35,00 (em média)
Editora Iluminuras

Minima Moralia, Adorno.


A filosofia de Theodor Adorno é considerada uma das mais complexas do séc. XX. Pertencente à famosa Escola de Frankfurt, Adorno fundamenta sua filosofia na perspectiva dialética. Minima Moralia é um dos grandes clássicos do pensamento europeu no século XX, e reaparece em nova tradução, de Gabriel Cohn, após longa e sentida ausência no mercado editorial brasileiro. A Azougue Editorial preparou uma edição de luxo para os aforismos escritos pelo autor. E Gabriel Cohn guia os leitores pela mão num texto que encerra o livro – Alguns problemas de leitura e tradução de Minima Moralia. Todos os que se interessam pelas marcas que o mundo tal como é deixa na vida cotidiana têm o que pensar nesse conjunto de pequenos textos agudos e provocantes.

Serviço
Minima Moralia
Theodor W. Adorno
Tradução: Gabriel Cohn
264 páginas - R$ 58,00 (em média)
Editora Azougue Editorial

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Tolstói desvenda a socieade russa que também é a nossa

Publicada em 1859, quando o escritor tinha pouco mais de trinta anos, Felicidade conjugal é talvez a primeira obra-prima de Lev Tolstói e prenuncia um tema que terá importância fundamental na vida do autor russo — o tema do desejo, neste caso apreendido do ponto de vista feminino. Ao contrário do que ocorre em A Sonata a Kreutzer (1891), obra de andamento vertiginoso e com a qual este livro forma um estranho díptico, o tom dominante é dado aqui pela delicadeza da Sonata ao Luar, de Beethoven, peça que a narradora executa nas páginas de início e fim da novela.

Com um talento incomum para descrever os estados de alma de suas personagens, Tolstói põe em destaque a figura da jovem e bela Mária, que narra as várias etapas de sua vida amorosa, desde o primeiro despertar dos sentidos até o momento em que, tendo experimentado por si mesma o absurdo da existência, ela pode, enfim, voltar à própria vida. Combinando sutileza e gravidade, o "observador genialmente perspicaz" que foi Tolstói — segundo as palavras de Boris Schnaiderman, que assina a tradução, as notas e o posfácio — escreveu uma novela em que "o humano e o literário encontram o seu máximo de expressão".

Serviço
Felicidade conjugal
Lev Tolstói
Tradução: Boris Schnaiderman
128 páginas - R$ 30,00
Editora 34

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Ensaios sobre corvos e escrivaninhas

Para Erasmo de Roterdã, a loucura - o alegre extravio da razão - explica muitas das atividades em que incorrem os seres humanos - a guerra, o amor, a política, as artes. Bertrand Russell, ao completar noventa anos, comentou - Ao longo de toda a vida, ouvi dizer que o homem é um animal racional; até hoje, porém, não tenho uma só prova de que seja mesmo. A verdade é que em todas as épocas houve loucos, e a atual não é exceção. Neste livro de ensaios saborosos, Alberto Manguel parte das frases mais famosas de 'Alice no País das Maravilhas', de Lewis Carroll, para inventariar um universo de personagens, artistas e obras que se nutrem do tipo de demência sublime que, desde a Antiguidade, desafia regras e instituições.

Serviço
À mesa com o Chapeleiro Maluco
Alberto Manguel
Tradução: Josely Vianna Baptista
248 páginas - R$ 36,00 (em média)
Editora Companhia das Letras

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

O pensamento de Bakhtin



Este livro detalha, com profundidade, conceitos-chave e períodos de construção do pensamento bakhtiniano. Sua introdução esclarece a posição de diversos autores diante dos escritos de M. Bakhtin e de seu círculo, bem como as perspectivas de estudiosos que trilharam as veredas constituídas pelos trabalhos e pela maneira como foram sendo conhecidos, principalmente no Ocidente. A idéia de prosa e de uma “prosaística”, o que inclui a prosa cotidiana, a literária, a filosófica e a teoria subjacente, é trabalhada de forma a articular questões ligadas à autoria, dimensão que abarca tanto o conceito de vozes e entonação, como a paródia, o discurso citado e a polifonia, os textos disputados, as teorias do romance e dos gêneros, o difícil conceito de cronotopo, entre outras.

Serviço
Mikhail Bakhtin: Criação de uma Prosaística
Gary Saul Morson; Carlytrad Emerson
Tradução: Antonio de Pádua Danesi
552 páginas - R$ 88,00 (em média)
Editora Edusp

terça-feira, 18 de agosto de 2009

O patrimônio da princesa

Vez por outra o acaso encarrega-se de trazer boas novas. Foi assim para os pesquisadores Bia e Pedro Corrêa do Lago que faziam uma visita a única neta viva da Princesa Isabel quando ela revela que sobre os sues cuidados havia um grande baú de fotos herdadas da família. Quem pensava encontrar apenas retratos posados de famíliares acabou se deparando com olhares diversos de um Brasil em formação. Olhares estes que depois de uma prévia seleção integram o livro "Coleção Princesa Isabel - Fotografia do século 19" que a editora Capivara coloca no mercado em uma volumosa edição muito bem apurada de mais de 400 páginas de história deste Brasil. O preto e branco das fotos vai colorindo um retrato ainda desconhecido da história da fotografia brasileira e revela a existência de um acervo de importância fundamental para a cultura do país.

Patrimônio Cultural "Nunca imaginávamos que, além da coleção de D. Pedro, tivesse sido conservado um conjunto tão importante e coeso da história brasileira" - afirma Pedro Corrêa. O conjunto de imagens de mais de mil fotografias, reunidas neste lançamento da Editora Capivara, é - juntamente com o acervo doado por D. Pedro II à Biblioteca Nacional – o conjunto documental existente de maior importância da fotografia brasileira do século XIX e a descoberta mais significativa já realizada em termos da fotografia oitocentista do Brasil. A organização do livro inclui uma reportagem completa das festas da Lei Áurea, com algumas das primeiras grandes imagens do fotojornalismo brasileiro, tiradas em 13 de maio de 1888.

Não só várias dessas fotografias permaneceram inéditas por 120 anos como se ignorava até mesmo que este e outros eventos, agora documentados, tivessem sido registrados pela fotografia. Com a Coleção Princesa Isabel ressurgem centenas de vistas desconhecidas do Norte ao Sul do país e ilustra-se também a evolução do retrato fotográfico no Brasil. A obra dos grandes artistas fotógrafos é agora enriquecida, ou mesmo revelada, e a Coleção abre a perspectiva de uma nova história da fotografia brasileira no século XIX.

Serviço
Coleção Princesa Isabel - fotografia do século XIX
Organizadores:Pedro e Bia Corrêa do lago
432 pág - R$: 190
Editora: Capivara

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Mallarmé e Melville



Os livros da Hedra, tem se diferenciado no mercado por conta do cuidado de suas publicações. Embora, sejam livros de bolso e, em uma primeira avaliação isso os torne 'menores' frente àqueles impressos em tamanho tradicionais, essa avaliação não tem nenhuma fundamento. As edições da Hedra, como podemos comprovar por estes dois exemplares, seguem um belo padrão grafico que torna atrativos os títulos e auxilia na leitura; as traduções são bem apuradas e os títulos da coleção muito bem escolhidos.

No livro, Contos Indianos, há quatro narrativas fantásticas ("O retrato encantado", "A falsa velha", "O morto vivo" e "Nala e Damayanti") rearranjadas em 1893 por Stéphane Mallarmé, inspiradas no volume Contes et légendes de L'Inde anceienne (1878), organizado e traduzido por Mary Summer, que levou aos franceses as narrativas mais tradicionais da Índia, como o Mahabharata.

Já em Hawthorne e seus musgos aparece em 17 e 24 de agosto de 1850 no The Literary World, prestigiado periódico da época. Trata-se de um ensaio sobre The Mosses from an Old Manse [Os musgos de um velho presbitério], livro de contos de Nathaniel Hawthorne. Através de uma análise profunda e apaixonada dessa obra, Melville expõe suas ideias fulgurantes a respeito da literatura, defendendo ardorosamente uma literatura americana autônoma e original, livre de sua dependência da tradição inglesa.

Estes títulos tratam de temas e assuntos diversos. São de épocas, sociedades e geografias diferentes, mas ambos revelam um pouco dos meandros que envolvem a vida do homem em seu contexto atemporal.

Serviço
Contos Indianos
Stéphane Mallarmé
Tradutor: Dorothée de Bruchard
112 páginas - R$ 15,00 (em média)
Editora Hedra

Hawthorne e seus musgos
Herman Melville
Tradutor: Luiz Roberto Takayama
128 páginas - R$ 17,00 (em média)

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

"O diabo na rua, no meio do redemunho"


A Editora Nova Aguilar, dando prosseguimento à parceria editorial com a Nova Fronteira, lança, após criteriosa preparação de texto e revisão, a nova edição de João Guimarães Rosa: Ficção completa, que reúne em dois volumes toda a produção ficcional do autor: Sagarana, Manuelzão e Miguilim, No Urubuquaquá, no Pinhém, Noites do sertão, Grande Sertão: Veredas, Primeiras estórias, Tutaméia, Estas estórias e Ave, palavra. A obra traz ainda cronologia da vida e da obra, bibliografia, iconografia, diálogo com Günter Lorenz e extensa fortuna crítica assinada por nomes como Tristão de Ataíde, Franklin de Oliveira, Antonio Candido, Augusto de Campos, Walnice Nogueira Galvão, Luiz Costa Lima, Paulo Rónai e Haroldo de Campos, entre outros.

A organização é do professor Eduardo F. Coutinho.“A obra de Guimarães Rosa é uma obra plural, marcada pela ambigüidade e pelo signo da busca, que se ergue como uma constelação de elementos muitas vezes opostos e contraditórios”, escreve o organizador no prefácio desta edição. “Regional e universal, mimética e consciente de seu próprio caráter de ficcionalidade, ‘realista’ e ‘anti-realista’, ela é, por excelência, um produto do século XX, uma arte de tensões e relatividade, e ao mesmo tempo a perfeita expressão do contexto de que emerge, uma terra que só pode ser compreendida quando vista como um grande amálgama de culturas.

(...) A fortuna crítica de Guimarães Rosa cresce a todo momento, como aumenta e se diversifica seu público ledor, e cada travessia realizada pelas páginas de seus livros é, como afirmou o próprio autor a respeito do idioma, uma ‘porta para o infinito’.”A Nova Aguilar, fundada em 1958, ficou conhecida pela linha de obras completas que incluem autores como Camões, Cervantes, Dostoiévski e Oscar Wilde. Entre os brasileiros, já foram lançadas as obras reunidas de Mario Quintana, Fernando Sabino, Vinicius de Moraes, entre tantos outros.

O trabalho é coordenado por Sebastião Lacerda, com a experiência de quem há décadas trabalha com edição de obras completas à frente da editora. Em sua parceria com a Nova Fronteira, a Nova Aguilar já lançou novas edições das obras de Machado de Assis, João Cabral de Melo Neto, Ferreira Gullar, Manuel Bandeira, Joaquim Cardozo e o teatro de William Shakespeare traduzido por Barbara Heliodora.

Serviço
João Guimarães Rosa: Ficção completa 2 volumes
João Guimarães Rosa
Organizador: Eduardo F. Coutinho
2.320 páginas - R$ 390,00 (em média)
Editora Nova Aguilar

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

O novo imperialismo

Em um ensaio instigante, o autor mostra como os EUA assumiram a responsabilidade de colonizar o mundo após a Primeira Guerra Mundial e como esse país se reinventou para lidar com a poderosa força de oposição que surgiu depois de 1945. Kiernan apresenta uma visão singular e erudita do império e explica os motivos que continuam fazendo com que os Estados Unidos não se limitem às suas fronteiras, mesmo em tempos de crise.

Serviço
Estado Unidos: o novo imperialismo
V.G. Kiernan
490 páginas - R$ 62,90
Editora: Record

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

O legado de Marx, Burle.

Depois da exposição Roberto Burle Marx 100 anos: A permanência do instável, que levou mais de 185 mil pessoas ao Museu do Paço Imperial em apenas quatro meses, o legado do paisagista com alma de ambientalista transforma-se agora em um livro homônimo, com textos do próprio artista e de autores nacionais e internacionais, alguns ainda inéditos.

O livro Roberto Burle Marx 100 anos: A permanência do instável, que chega agora às livrarias pela Editora Rocco, foi concebido a partir da mostra, mas é, na verdade, muito mais do que um catálogo. Com alcance maior e enfoque diferenciado sobre a multiplicidade da obra de Burle Marx, ele aborda uma série de questões levantadas pelo artista, de forma vanguardista, nos campos do modernismo, paisagismo, urbanismo, ecologia e botânica. Questões essas que indicavam a necessidade de aprofundar o exame de sua obra com diversos ensaios sobre facetas específicas.

A publicação, de capa dura com 250 páginas, tem o prefácio escrito por Lauro Cavalcanti, também curador da exposição, e Farès el-Dahdah, professor de Arquitetura na Rice University, e sua estrutura dividida em três módulos, com textos de autores como José Tabacow, Lélia Coelho Frota, Paulo Venâncio Filho, André Corrêa do Lago, Jacques Leenhardt e Dorothée Imbert, entre outros, além de belas fotografias. Após a introdução, acerca da trajetória de Burle Marx e da análise do tema recorrente da instabilidade no paisagismo, as três unidades se originam a partir de aspectos levantados pelo próprio artista: os princípios de composição dos jardins, estes vistos como expressão artística, e o papel deles na humanização do urbanismo das grandes cidades.

Serviço
Roberto Burle Marx 100 anos: A permanência do instável
Autores diversos
Organização: Lauro Cavalcanti e Farès el-Dahdah
250 páginas - R$ 80,00 (em média)
Editora Rocco

terça-feira, 11 de agosto de 2009

O Afeganistão e a mulher

Depois de Terra e cinzas (2002) e As mil casas do sonho e do terror (2003), a Estação Liberdade lança Syngué Sabour, novo livro do aclamado escritor afegão, que levou de surpresa com esta obra o Prêmio Goncourt 2008. Em persa, syngué significa “pedra” e, sabour, “paciente”. Pedra paciente, a pedra-de-paciência. A personagem central desta obra, uma mulher afegã, vela o marido — que vegeta em uma cama com uma bala alojada na cabeça. Os tempos são difíceis, na rua os tanques e as Kalashnikov atiram sem cessar, a guerra civil impera às portas da casa onde a mulher espera por um milagre. Enquanto isso, lentamente a mulher faz jorrarem de dentro de si as recordações há muito escondidas. Passa a narrar ao marido fatos que ele sempre ignorara.

Como a syngué sabour da mitologia persa, a pedra negra que recebe dos peregrinos suas dores e lamentos, o homem prostrado ouve sua esposa. Ouve a extraordinária confissão da mulher, que segreda-lhe, de maneira inimaginável num país islâmico, tudo o que mantivera para si, soterrado sob uma espessa camada de tradição.A ideia para a obra surgiu a partir de um episódio em que foi convidado para um evento literário em Cabul por uma amiga, a poeta Nadia Anjuman.

Chegando lá, descobriu que a poeta estava morta, por “causas familiares”. Investigando, soube que Nadia havia sido espancada até a morte pelo próprio marido, com a conivência da mãe, pois eles discordavam de seu modo de vida.A frase que abre o livro — “Em algum lugar do Afeganistão ou alhures” — já revela a proposta do autor de não particularizar sua obra no âmbito topográfico: é sobre cultura afegã, ou, mais precisamente, sobre a ortodoxia islâmica que o autor se debruça em Syngué sabour.

Não por acaso anônimos, seus personagens fazem irromper as tensões de todo um povo, as mazelas de uma região ressentida de conflitos perenes, sem, no entanto, que se abdique da sutileza e do refinamento do detalhe.Estilista da linguagem, cuja economia maneja com precisão, Rahimi conduz o leitor entre o lirismo e a contundência, entre o que é velado e o que se escancara, através dos conflitos políticos, religiosos e morais de um país em escombros.

Esta obra, a primeira que ele escreveu diretamente em francês, conquistou o Prêmio Goncourt de 2008 e consolida o autor afegão como um dos grandes nomes da literatura trans-étnica deste início de século XXI. O júri que atribui o Goncourt para Syngué sabour era composto por: Tahar Ben Jelloun, Françoise Chandernargor, Edmonde Charles-Roux, Didier Decoin, Françoise Mallet-Joris, Bernard Pivot, Patrick Rambaud, Robert Sabatier, Jorge Semprun e Michel Tournier.No dia seguinte a seu comunicado de agradecimento pelo prêmio, Rahimi emitiu outro contra a deportação de 50 compatriotas afegãos que seriam embarcados à força de Calais (França), no que teve sucesso, imbuído de nova autoridade como laureado do Goncourt.

Serviço
Pedra-de-paciência
Rahimi Atiq
Tradução: Flávia Nascimento
152 páginas - R$ 30 (em média)
Editora Estação Liberdade

A herança de Che

As paixões e polêmicas em torno da já mítica figura de Che Guevara formam um grande desafio para aqueles que buscam traçar um perfil fidedigno de sua figura histórica. Desafio enfrentado por Olivier Besancenot e Michael Löwy em Che Guevara: uma chama que continua ardendo. Neste lançamento da Editora Unesp, discutem, a partir de diversos ângulos, a evolução do pensamento político, valores, propostas e sonhos do médico argentino que morreu combatendo a ditadura militar boliviana em 1967.

Nessa busca, os autores revelam um caráter mais humano desse personagem revolucionário, expondo suas forças e fraquezas, sua lucidez e cegueira, seus erros e inabilidades. O que o destacava dos demais personagens políticos da história era a coerência que mantinha entre o discurso e a prática, pensamento e ação. Essa singularidade de agir conforme a palavra é, para Löwy e Besancenot, a razão de Che continuar a fascinar inúmeras pessoas em todo o mundo, principalmente os jovens.

E o fascínio inesgotável leva à atualização de alternativas ideológicas, igualitárias e democráticas inspiradas pelos ideais defendidos por Che. Esse é um campo amplamente discutido nas páginas do livro: seu legado está presente nos inúmeros movimentos sociais que vêm se consolidado nos últimos anos (Fórum Social Mundial, zapatistas, Via Campesina, entre outros) e escancara a influência guevarista para a construção do chamado "socialismo do século XXI".

Além de debater a herança política nos movimentos sociais, principalmente na América Latina, Che Guevara: uma chama que continua ardendo constrói uma interessante narrativa, cheia de detalhes que desvendam a trajetória da guerrilha que ele comandou na Bolívia antes de ser capturado no vilarejo de La Higuera pelo exercito local. Outro mérito da obra é a discussão sobre sua busca constante de um novo modelo de socialismo a partir das ressalvas aos erros cometidos no século XX.

Serviço
Che Guevara: uma chama que continua ardendo
Olivier Besancenot e Michael Löwy
Tradutora: Maria Leonor Loureiro
150 páginas - R$ 24 (em média)
Editora: Unesp

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Avaliação em foco

Santiago Castillo Arredondo e Jesús Cabrerizo Diago são duas grandes referências para os debates sobre a complexidade e a importância da avaliação de alunos no ambiente escolar e universitário. Destes dois autores, a Editora Unesp, em parceria com o IBPEX, lança Práticas
de avaliação educacional: materiais e instrumentos (392 páginas, R$ 45) e Avaliação educacional e promoção escolar (584 páginas, R$ 69), onde são apresentadas soluções, aprimoramentos e ferramentas para que a avaliação educacional seja mais justa e coerente para os alunos e professores.

Desenvolvidos com base no sistema educacional espanhol, as obras dialogam intensamente com o plano de educação do Brasil, colocando sob perspectiva crítica as matérias relacionadas com a avaliação dos mais diversos cursos de magistério, como pedagogia, ciências sociais e educação
física. Deste modo, o educador brasileiro tem à sua disposição o resultado de várias pesquisas desenvolvidas nos últimos 15 anos nas universidades europeias, mas em uma edição que facilita a aplicação dos conceitos no contexto pedagógico nacional. Os dois volumes são complementares, discutindo a avaliação educacional como um processo de aprendizagem gradual, com objetivos e
metas fundamentais a serem cumpridas.

Em Práticas de avaliação educacional: materiais e instrumentos, os autores apresentam aos docentes 153 instrumentos de avaliação, distribuídos em 14 categorias distintas. Há também diversas sugestões de provas e de tabelas, apresentadas como materiais que visam incentivar
os professores a enfrentar novos contextos avaliativos, trabalhando de forma a reelaborar e construir novos métodos de análise.

Já Avaliação educacional e promoção escolar enfatiza a necessidade de a escola se pautar em
referenciais significativos, trazendo à tona a preocupação com o lado humano do aluno, considerando suas possibilidades e limitações para desenvolver uma evolução progressiva. Progressivamente, os oito tópicos propostos em cada capítulo avançam em conhecimento, autonomia e responsabilidade social e pessoal.

Serviço
Práticas de avaliação educacional: materiais e instrumentos e Avaliação educacional e
promoção escolar
Santiago Castillo Arredondo e Jesús Cabrerizo Diago
Tradução: Sandra Martha Dolinsky
392 e 584 páginas - R$ 45 e R$ 69 (em média)
Editora UNESP

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Malatesta e Lovecraft


A editora Hedra, tem seguido em suas publicações um layout arejado e diferenciado, que torna atrativo suas obras e ressalta o textos dos grandes escritores que compõe o hall da editora. Nestas duas edições podemos acompanhar não só os seus belos textos mas este projeto gráfico, um dos grandes diferenciais que tem firmado a Hedra no mercado editorial.

O Chamado de Cthulhu reúne desde as primeiras produções de Lovecraft, como “Dagon”, até obras escritas logo antes de sua morte, como “O assombro das trevas”. Traz ainda o grande clássico “O chamado de Cthulhu” e o inédito “A música de Erich Zann”, considerado pelo autor um de seus melhores escritos. O volume é um desconcertante passeio pelo universo macabro de um dos grandes mestres do horror.

Entre camponeses reúne dois importantes textos do autor, publicados originalmente em um período em que anarquistas rompem com outros grupos socialistas por discordarem da eficácia da participação na vida parlamentar através de partidos políticos, e procuram formular estratégias coerentes com uma ação federalista, comuns a duas tendências anarquistas: comunistas e coletivistas.

Entre camponeses (1883), obra didática destinada ao trabalhador rural como agente legítimo da revolução, trata dos principais fundamentos que deveriam capacitar os revolucionários do campo em sua luta local, e portanto federativa. Período eleitoral (1897), por outro lado, discorre sobre os aspectos da tática abstencionista dos libertários, e contra a participação parlamentar, partidária e representativa proposta pela social democracia.

Serviço
O chamado de Cthulhu e outros contos
H.P. Lovecraft
Tradutor: Guilherme da Silva Braga
160 páginas - R$ 17,00 (em média)
Editora: Hedra

Entre camponeses
Errico Malatesta
Tradutor: Plínio Augusto Coêlho
112 páginas - R$ 10,00 (em média)
Editora: Hedra

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Sartre, ponto.


A rainha Albemarle ou o último turista – fragmentos, de Jean-Paul Sartre (192 pp.), é um diário de viagem inacabado escrito pelo filósofo francês durante e logo após uma visita à Itália no outono de 1951. Seu texto foi estabelecido e anotado por Arlette Elkaïm-Sartre –filha adotiva de Sartre, que também responde pela apresentação – e traduzido por Júlio Castañon Guimarães.

O subtítulo, fragmentos, se explica não tanto pelo texto ser constuído de pequenas partes esparsas, mas porque Sartre, envolvido em seguida em outros projetos, principalmente políticos, deixou o livro inacabado, sem formar um todo orgânico. Mas isto não importa, porque é perfeitamente coerente com o projeto em si. Como explicita a “Apresentação”: “Esse [recente] desejo de escrever em liberdade logo se volta para a própria Itália. Em Roma, Nápoles e Capri, ele toma notas, essencialmente descritivas, em suportes improvisados. [Depois] em Veneza, continua a escrever em um caderno, escolhendo as palavras para fazer a presença da cidade vibrar – [o relato] assume [então] a forma de um diário, com um tom que permanecerá nas versões posteriores – mistura de emoção e ironia”.

Ironia, tratando-se de Sartre, se entende. Emoção, entende-se menos, pois esse é o homem que tentou juntar literatura e filosofia, narração e tese. Mas A rainha Albemarle ou o último turista revela um Sartre diferente, que quer respirar mais livremente depois de dois anos exaustivos dedicados ao livro sobre Jean Genet, e antes do início de seu engajamento político direto, que se avizinha e que ele naturalmente adivinha.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

A literatura grega e nós

Através dos gregos formou-se o imaginário e a tradição ocidental. O que hoje chamamos de 'moderno' é um espelho difuso daquilo que era pauta entre o povo de Zeus. A lenda de Filoctetes, o herói grego abandonado em uma ilha durante a guerra de Troia, foi tema de peças de Ésquilo, Eurípides e Sófocles na Antiguidade e, nos tempos modernos, despertou o interesse de escritores como André Gide, Heiner Müller e Seamus Heany.

Das versões antigas, porém, a única que chegou aos nossos dias foi a de Sófocles apresentada aqui em edição bilíngue e na bela tradução de Trajano Vieira. Além das notas e do posfácio do tradutor, este volume traz, em apêndice, o célebre ensaio de Edmund Wilson sobre o texto de Sófocles, no qual o crítico norte-americano analisa as qualidades que fazem de Filoctetes uma obra-prima e uma peça extremamente singular no corpus das tragédias gregas.

Um dos textos essenciais para enterder as lendas e tradições gregas e, por que não, as contradições de nossa sociedade.

Serviço
Filoctetes (edição bilingue)
Sóflocles
Tradução: Trajano Vieira
216 páginas - R$ 34,00 (em média)
Editora 34

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

A intimidade da arquitetura de Lina

Lina Bo Bardi deixou traços escritos na paisagem urbana de cidades diversas, nas linhas que conduzia no papel, fez de areia e cimento instrumentos a favor da permanencia; 'objetos' que contextam o papel do tempo e figuram no imaginário do contemporâneo.

Esta é a primeira publicação dedicada aos textos de Lina Bo Bardi, o livro revela a extraordinária capacidade que a arquiteta ítalo-brasileira tinha de transformar seu universo criativo em palavras.

Publicados originalmente em revistas como as italianas Lo Stile, Grazia, Domus e A - Cultura della Vita, e em períodicos brasileiros como Habitat e Diário de Notícias de Salvador, os 33 artigos aqui reunidos repassam e propõem novos conceitos para temas como habitação, mobiliário, arte popular, museologia, restauro, educação e políticas culturais. Os textos são ilustrados por desenhos originais, fotografias e obras gráficas da própria arquiteta, incluindo alguns leiautes empregados na publicação de seus textos. Com este volume, fica mais evidente como a mulher que criou projetos emblemáticos como o MASP, o SESC Pompeia e o Museu de Arte Moderna da Bahia foi peça-chave na constituição de um olhar moderno sobre a cultura, tanto na Itália como no Brasil. A edição é o 13º título da Coleção Face Norte.

Por meio destes textos, conhecemos a 'literatura' imbutida nos traços e rabiscos que construiram paisagens de concreto. Aqui temos uma Lina Bo Bardi na intimidade de sua arquitetura.

Serviço
Lina por escrito - textos escolhidos de Lina Bo Bardi
Lina Bo Bardi
208 páginas - R$ 59,00 (em média)
Editora: Cosac & Naify