segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Nelson Rodrigues - Ensaista


Em 'Inteligência com Dor', o professor e escritor Luís Augusto Fischer analisa as crônicas de Nelson Rodrigues, especialmente aquelas reunidas sob o título de 'Confissões'. Para Fischer, o Nelson que surge da leitura desses textos não era apenas cronista, mas ensaísta. Na verdade, o livro defende a tese de que Nelson é uma espécie de Montaigne (o fundador do gênero ensaio) brasileiro.

Serviço
Inteligência com Dor
Luís Augusto Fischer
336 páginas - R$ 39,00 (em média)
Editora Arquipélago Editorial

O Rock mudou o mundo


No livro, lançado com estardalhaço nos Estados Unidos em 1998, os bastidores de clássicos como ‘Bonnie e Clyde’, ‘Star Wars’, ‘Taxi Driver’, ‘Chinatown’, ‘M.A.SH’, ‘O Poderoso Chefão’ e muitos outros são contados pelos protagonistas das tramas — e suas ex-mulheres, claro — em centenas de entrevistas realizadas pelo ex-editor executivo da revista ‘Premiére’.

Algumas delas, verdadeiras revelações sobre a personalidade e o gênio criativo de seus autores, como a máxima de Dennis Hopper, diretor e astro de ‘Easy Rider’: “Eu sou o responsável pelo problema da cocaína nos Estados Unidos. Não havia cocaína nas ruas antes de ‘Sem Destino’. Depois, estava por toda parte”. O ‘poderoso chefão’ Francis Ford Coppola também não teve papas na língua para alfinetar o ex-amigo George Lucas: “Eu o carreguei comigo para toda parte, mas ele jamais me levou junto”.

Mais que revelar ao mundo as orgias protagonizadas por Peter Fonda e Warren Beatty, a tonelada de drogas consumida por Hopper e Jack Nicholson, a timidez patológica do bom garoto Lucas, a aversão de todos a Robert Altman e o carisma sem igual de Coppola, o livro serve principalmente para satisfazer a curiosidade de todo cinéfilo sobre o estranho processo que fez com que a nada santa trindade do título forjasse a maior geração de cineastas que a América já viu.

Serviço
Como a geração sexo-drogas-e-rock'n'roll salvaou Hollywood
Peter Biskind
204 páginas - R$ 45,00 (em média)
Editora Intrinseca

Fulvio Pennacchi


O livro Fulvio Pennacchi - Seu Tempo, Seu Percurso, que será lançado hopje, às 19h, no James Lisboa Escritório de Arte, é mais que uma biografia do artista nascido na província de Lucca, na Itália, mas que em 1929 chegou a São Paulo e no Brasil viveu até sua morte, em 1992. Parente do pintor por parte do avô, Valerio Antonio Pennacchi é o autor da publicação, um relato alentado com informações e histórias que contextualizam cada importante momento e lugar na vida do artista, dando, assim, uma visibilidade mais ampla sobre sua trajetória.

"Mostro que seu percurso dependeu de um momento crítico e confuso que se passava na história da Itália", diz o pesquisador de arte. De certa forma, no livro, Valerio ressalta os porquês das escolhas de Pennacchi, que ocupa um posto particular na história da arte brasileira. Pennacchi foi sempre fiel à vertente humanista, inspirada no grande renascimento italiano, que fez parte de sua formação na Toscana.

Seu Tempo, Seu Percurso dá bastante espaço para essa questão de desenvolvimento do artista, afetado, por assim dizer, pelo classicismo toscano e pelo movimento de retorno à ordem como resposta à catástrofe que foi a Primeira Guerra na Europa. "Ele tinha todas as opções, até o futurismo já estava velho quando ele se formou", diz Valério.

Fundador - Quando veio ao Brasil, Pennacchi, um dos fundadores na década de 1940 do Grupo Santa Helena, seguiu a sua corrente. Fiel aos preceitos clássicos da beleza, entre meados da década de 1950 e 1964, ele mesmo fez a opção de se relegar do meio da arte, resguardando sua produção para si ao retirá-la do mercado e não participando de exposições.

"Ele não concordava com a pintura abstrata dos anos 1950 e, em vez de lutar, retirou-se, numa atitude que se pode dizer até geniosa e, para mim, o maior erro de sua carreira", diz Valerio Pennacchi, que desde os anos 1960 teve contato muito próximo com Fulvio.

Obra na região - A grande "volta" do artista, segundo Valerio, foi em 1973, com sua retrospectiva realizada no Masp (Museu de Arte de São). Pennacchi produziu muito durante sua trajetória, não apenas fazendo pinturas de temas clássicos e religiosos, como também cerâmicas (entre as décadas de 1950 e 1960) e afrescos - é uma de suas marcas a de ter trazido a prática desta técnica ao Brasil e ter realizado por meio dela as obras da Igreja Nossa Senhora da Paz, em São Paulo.

O Grande ABC possui um de seus afrescos na Igreja de São José , em Ribeirão Pires.

O livro passa por todas as atividades do artista com riqueza de detalhes e de imagens e seu lançamento, no James Lisboa Escritório de Arte, é completado com uma mostra, até dia 2 de dezembro, na galeria, com mais de uma centena de obras, algumas delas, inéditas.

Serviço
Fulvio Pennacchi - seu tempo, seu percurso
Valério Antonio Pennachi
260 páginas - R$ 100,00 (em média)
James Lisboa Escritório de Arte

Hungria


Em Libertação, Sándor Márai conta a história da jovem Erzsébet, estudante húngara que luta pela sobrevivência durante o cerco de Budapeste, no fim da Segunda Guerra Mundial

A conhecida habilidade de Sándor Márai em misturar as diferentes vozes da narrativa num discurso polifônico e envolvente encontra uma delicada realização neste pequeno romance, que embora escrito em terceira pessoa incorpora as falas e pensamentos de toda uma cidade sitiada. Erzsébet se esconde das bombas, tiros e morteiros que assolam a capital da Hungria nos últimos dias da ocupação nazista ao mesmo tempo em que cuida obsessivamente da segurança do pai. Nos estertores da Segunda Guerra Mundial, a polícia política do regime colaboracionista intensifica a perseguição ao célebre astrônomo e matemático, cuja reprovação silenciosa ao fascismo e ao antissemitismo o obriga a viver nos subterrâneos da clandestinidade. Enfraquecida pela alimentação e pela saúde precária, cada vez mais isolada num escuro porão convertido em abrigo coletivo, Erzsébet é uma espécie de símbolo vivo de Budapeste e, por extensão, da Hungria. Encurralada entre as atrocidades nazistas e a ocupação soviética, o país, a cidade e a personagem compartilham a angustiosa espera pela libertação, enquanto o futuro se anuncia ao mesmo tempo luminoso e sombrio, promissor e incerto.

Serviço
Libertação
Sándor Marai
Tradução: Paulo Schiller
152 páginas - R$ 36,50 (em média)
Editora Companhia das Letras

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Paulo Markun


Álvar Núñez Cabeza de Vaca foi tão ousado e persistente quanto seus contemporâneos Cristovão Colombo, Fernão de Magalhães, Hernán Cortés e Francisco Pizarro. Pode ter tido menos fortuna e reconhecimento, se comparado a esses homens que mudaram o mapa do mundo, mas não lhe faltou sorte. Seu jogo de cintura, aliado a sinais da cruz, um grilo e um temporal, lhe permitiram escapar da morte diversas vezes, vivendo o suficiente para eternizar sua história singular.
Neto de um grande guerreiro, o fidalgo espanhol deixou sua casa em Jerez de la Frontera quando adolescente, para se tornar soldado profissional. Lutou na Itália e foi gravemente ferido. Recuperado, serviu como camareiro de um duque e envolveu-se em incidentes picantes. Depois de lutar contra um movimento rebelde, embarcou rumo à Flórida, na condição de tesoureiro real. Foi o início de uma odisseia.

A história é mesmo surpreendente: Cabeza de Vaca sobreviveu a três naufrágios, curou centenas de índios, atravessou, nu e desclaço, parte dos atuais Estados Unidos e México, voltou à Espanha e obteve um cargo como recompensa por suas desditas. Depois de nova viagem, tomou posse de Santa Catarina, na condição de seu primeiro governador. Mas não sossegou: atravessou a pé o território brasileiro, chegando a Assunção. Dali, partiu novamente em busca de uma serra misteriosa, feita de prata, até ser imobilizado pela malária num pequeno forte no meio do nada. Ao retornar à cidade, foi deposto por seus opositores. Passou quase um ano numa cela úmida e voltou para casa como traidor e prisioneiro, quando um terrível temporal mudou sua sorte mais uma vez.

Para reconstituir essa história fantástica, Paulo Markun cotejou a obra autobiográfica de Cabeza de Vaca com os depoimentos de mais de uma centena de testemunhas ouvidas em vários processos judiciais na Espanha. Confirmando ou desmentindo as afirmações do protagonista e de seu secretário particular nos Naufrágios e Comentários - obra pioneira da literatura de viagens -, o autor recupera a saga desse conquistador cuja vida atribulada e cercada pelo mito é ainda larga e injustamente ignorada.

Serviço
Cabeza de Vaca
Paulo Markun
304 páginas - R$ 34,00 (em média)
Editora Companhia das Letras

Pegaram a mulhé...


"Mona Lisa tinha o rosto mais famoso do mundo e também a identidade mais incerta. Afinal, quem foi ela? Qual era sua relação com Leonardo da Vinci? Qual o segredo de seu sorriso perturbador? Gerações após gerações de historiadores investigam incansavelmente seus enigmas. E, de repente, a Mona Lisa sumiu! Agora havia um novo mistério a ser desvendado: Onde ela estava? Quem a roubou? E todos se perguntavam: Por quê?"

No final da tarde de 20 de agosto de 1911, um domingo, três homens entraram no Museu do Louvre, em Paris. Disfarçados de funcionários, esconderam-se até o cair da noite. Dezesseis horas depois, o quadro mais famoso do mundo, a Mona Lisa, tinha desaparecido. Passaram-se 24 horas até que alguém percebesse o roubo. Quando o alarme finalmente soou, a polícia apressou-se até a cena do crime. As portas foram trancadas e funcionários e visitantes foram detidos; mas o quadro já não estava lá há muito tempo. A França fechou suas fronteiras. E quando o museu reabriu, uma semana depois do roubo, os parisienses fizeram filas gigantescas para ver o lugar vazio em que o famoso quadro antes ficava pendurado.

Serviço
Roubaram a Mona Lisa!
R.A. Scotti
Tradução de Ana Ban
240 páginas - R$ 48,00 (em média)
Editora L&PM

Diálogos no inferno

"Este livro tem traços que podem aplicar-se a todos os governos", já adverte Maurice Joly no início de seu livro Diálogo no inferno entre Maquiavel e Montesquieu, novo título da Coleção Pequenos Frascos, lançado pela Editora Unesp. Apesar de sua publicação original ter sido feita há quase 150 anos, Joly não poderia ser mais universal e contemporâneo. Isso porque o embate ideológico imaginado pelo autor é muito mais do que um debate de conceitos divergentes: é a própria defesa dos regimes políticos de liberdade contra os regimes autoritários.

Entretanto, na época de sua produção, a obra tinha como objetivo atingir um governo e um governante específicos. Quando Diálogo no inferno entre Maquiavel e Montesquieu foi escrito, Maurice Joly vivia numa França sacudida por revoluções e transições de ordem política, e acabava de ver ascender ao trono Napoleão III (sobrinho de Napoleão Bonaparte), que instaurou um império despótico e desencadeou as reações liberais dos republicanos franceses.

Em resposta às condutas do novo imperador, Joly idealizou um embate histórico entre dois pensadores que marcaram a história política do mundo ocidental. Colocando os autores de O príncipe e de O espírito das leis (cujas vidas se separam por mais de um século) para defender seus conceitos, o escritor põe em discussão ideais muito maiores. Criou uma discussão entre a Força e a Lei, a Astúcia e o Direito, o Interesse e a Moral.

O resultado é a oposição de duas linhas de argumentos fortes que se embatem num diálogo lógico que desperta a atenção do leitor. Exatamente por isso, a obra se configura não só como uma aula sobre o pensamento político desses dois grandes pensadores, mas uma fonte de reflexão sobre os regimes políticos para todo o mundo contemporâneo.

Serviço
Diálogo no inferno entre Maquiavel e Montesquieu
Maurice Joly
Tradução: Nilson Moulin
356 páginas - R$ 45,00 (em média)
Editora Unesp

Quero mais é que se danem!!!


Dois velhos amigos octogenários, cujas trajetórias de vida foram e continuam sendo marcadas pela lucidez, acompanhados pelo jovem neto de um deles, protagonizam a narrativa.

A ação decorre da conversação entre os três, ampliada por digressões relativas a fatos que cobrem os últimos 70 anos, da adolescência dos dois velhos até a atualidade, em diversos países da Europa e das Américas, dando ensejo a confrontações e reflexões a respeito das idiossincrasias do mundo contemporãneo, com forte dose de sarcasmo e ironia, permitidos a quem viveu plenamente uma vida de viagens, buscas, realizações e militâncias diversas. Digna de nota a cena do cozinheiro polonês do trem que viraria um sui generis guarda-costas. Igualmente tocantes os episódios da resistência italiana durante a Segunda Guerra.

Da Orelha

“Viver intensamente a vida, participar ativamente da história, acumular extraordinária riqueza na memória afetiva. E quando já muitos anos são passados, recordar tudo o que se fez e se viveu sem ter na consciência o peso de ter ficado à margem, sem arrependimento pela vida que poderia ter sido e que não foi. E todas as lembranças chegam envoltas num halo de poesia e de reflexões positivas, tendo como referências grandes poetas e pensadores que elevaram às culminâncias a espiritualidade humana. Não há mágoas nem ressentimentos e não há espaço para os que não deram contribuição positiva e só tiveram e têm da vida e da história dos homens e dos povos uma avaliação pessimista, num derrotismo crônico. As memórias aqui reunidas são todas positivas, com variações que são comparadas, às vezes, às vibrações de uma grande sinfonia e, outras vezes, ao encanto suave de uma sonata ou de um noturno acalentador.

Tudo isso se encontra neste livro, que é, basicamente, uma sequência dinâmica de lembranças que são testemunhos e que permitem caminhar com o autor pelos meandros da história do século XX, com a segurança e as emoções de quem viveu essa história. Além da variação de épocas e do testemunho de intensas lutas travadas em defesa dos valores supremos da humanidade e da própria sobrevivência humana, aqui também se encontra o registro da diversidade de situações e das diferentes perspectivas decorrentes das diferenças culturais, pois pelas mãos e pelos olhos do autor viaja-se por vários continentes e países, e na rememoração de experiências vividas caminha-se intensamente no tempo e no espaço. Em todas as circunstâncias o balanço das memórias é positivo e a visão é otimista. Que se danem os derrotistas e pessimistas, porque neste livro não há espaço nem ambiente para eles.”

Serviço
Quero mais é que se danem!
Mario Lorenzi
294 páginas - R$ 43,00 (em média)
Editora Estação Liberdade

Alice!!!!

Chega às livrarias Alice no País das Maravilhas pela Cosac Naify. O inventivo texto de Lewis Carroll ganhou tradução integral e impecável do escritor e historiador Nicolau Sevcenko, revista, com posfácio exclusivo e versões inéditas dos poemas. O artista plástico Luiz Zerbini, atraído pelo universo de baralhos, inspirou-se em Lewis Carroll para criar pequenas maquetes com as cartas recortadas em forma de pop up, fotografadas em verdadeiros cenários, com direito a jogos de luz e sombra.

O resultado são ilustrações teatrais das quais saltam os personagens. A edição ainda conta com o fino texto de Ana Maria Machado na quarta capa. Uma nova edição de Alice no País das Maravilhas é sempre bem-vinda ainda mais quando não se limita a ser uma adaptação ligeira, mas soma uma boa tradução do texto integral a maravilhosas ilustrações.

CARTAS NA MESA
A editora lança o livro em papel couché e cantos arredondados (que simula carta de baralho, recurso inédito no catálogo) com a tiragem de 7 mil exemplares para os jovens leitores. Prevendo o desejo dos adultos que certamente gostarão de ter este livro-arte a Cosac Naify preparou uma
edição especial de 3 mil exemplares, para o Natal. Eles são impressos no delicado papel gardapat (de textura macia e amarelado), têm uma capa ousada, sem qualquer texto, além de virem dentro de uma caixa que simula embalagem de baralho.

Serviço
Alice no país das maravilhas
Lewis Carrol
Ilustração: Luiz Zerbini
Tradução: Nicolau Sevcenko
Quarta Capa: Ana Maria Machado
168 páginas - 31 ilustrações - R$ 45,00 (em média)

EDIÇÃO ESPECIAL
Capa: brochura com cantos
arredondados + caixa
Papel: gardapat
168 páginas - 31 ilustrações - R$ 89,00 (em média)
Editora Cosac & Naify

Wilson Simonal e seus enigmas


De menino pobre a ídolo pop. De maior astro do país ao banimento sumário dos palcos, da mídia, da história. Wilson Simonal descreveu a mais meteórica e trágica curva de ascensão e queda já vista no Brasil. Na metade final dos anos 1960, Simonal rivalizava apenas com Roberto Carlos em termos de popularidade. Dez anos depois, acusado de ser o mandante do sequestro e tortura de seu contador, foi estigmatizado como delator a serviço da ditadura militar – e, oficiosamente, acabou condenado ao ostracismo artístico até morrer em 2000, corroído pelo álcool, pela depressão e pelo esquecimento do público.

Simonal era culpado ou inocente? Dedo-duro ou vítima de difamação movida por rancor, inveja, racismo? A polêmica, que se arrasta há quase quatro décadas, foi reacendida de vez em 2009, com o lançamento do documentário Ninguém sabe o duro que dei, dirigido por Cláudio Manoel, Micael Langer e Calvito Leal, cuja repercussão pôde ser medida pela avalanche de artigos em jornais, revistas e blogs com pontos de vista divergentes acerca de fatos, versões e mitos relativos ao “caso Simonal”, numa espécie de processo coletivo de exumação da história recente do Brasil.

Nesse contexto, Nem vem que não tem – A vida e o veneno de Wilson Simonal, biografia escrita por Ricardo Alexandre que chega agora às livrarias, é uma contribuição mais do que bem-vinda. Jornalista musical e diretor de redação da revista Época São Paulo, Alexandre dedicou boa parte dos últimos dez anos a um paciente trabalho de investigação sobre a vida do autodenominado “rei da pilantragem”. Além de se debruçar sobre jornais, revistas, filmes, discos e documentos de época, realizou centenas de entrevistas a fim de produzir aquele que talvez seja o mais completo retrato do cidadão Wilson Simonal de Castro, antes, durante e depois da fama.

Serviço
Nem vem que não tem – A vida e o veneno de Wilson Simonal
Ricardo Alexandre
392 páginas - R$ 39,90 (em média)
Editora Globo

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Somente para os bonzinhos se verem no espelho



Clássico da literatura brasileira, reeditado oportunamente pela Nova Fronteira, a trilogia O espelho partido, de Marques Rebelo (pseudônimo literário de Edi Dias da Cruz, 1907-1973), é composta por O Trapicheiro (1959), A mudança (1962) e A guerra está em nós (1968), volumes que formam um grande, ainda que lamentavelmente inconcluso painel fragmentário da vida brasileira, especialmente carioca, na primeira metade do século.

Serviço
A guerra está em nós
Marques Tebelo
592 páginas - R$ 54,00 (em média)
Editora José Olympio

Escrito na carne


Poemas de oito livros do poeta romeno Paul Celan, publicados entre 1952 e 1971. Autor de linguagem densa e original, Celan teve maior reconhecimento após a sua morte, por suicídio, em 1970. Abaixo um dos poemas de Celan e basta.

Não procura nos meus lábios
tua boca,
não diante da porta o forasteiro,
não no olho a lágrima.

Sete noites acima caminha
o vermelho ao vermelho,
sete corações abaixo bate a mão à porta,
sete rosas mais tarde rumoreja a fonte.


Paul Celan,1950
(Tradução de Cláudia Cavalcanti)

Serviço
Cristal
Paul Celan
Tradução: Cláudia Cavalcanti
192 páginas - R$ 44,00 (em média)
Editora Iluminuras

Mapas para entender a sociedade


“Mapas de um mundo” traz aquarelas, rolos e intervenções sobre livros do arquiteto e artista plástico. Com sobreposições de imagem e texto e variação de suportes, os trabalhos são apresentados por comentários de Berta Waldman. O livro será lançado pela Imprensa Oficial do Estado de São Paulo na Pinacoteca do Estado no dia 24 de outubro

“A imagem muda em palavra, a palavra em mancha, um texto confunde-se com outro, estabelecem-se diálogos entre texto posto e o sobreposto, além do trânsito de um idioma a outro. Esses sinais de incompletude forçam o movimento que busca significar mais”. A descrição poética de Berta Waldman pretende dar conta do trabalho múltiplo e inquieto de Feres Lourenço Khoury, que lança, pela Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, “Mapas de um mundo”, no dia 24 de outubro, às 11 horas, na Pinacoteca do Estado. Uma versão em inglês da obra também foi editada.

Neste mesmo dia, a Imprensa Oficial lança “O quadrado amarelo”, livro de ensaios do poeta, ensaísta, memorialista, historiador, diplomata e membro da Academia Brasileira de Letras Alberto da Costa e Silva.

O livro faz uma amostragem de suas obras dos últimos anos, com aquarelas e colagens sobre papel, intervenções em livros e rolos de dez metros de comprimento. Por todos os trabalhos perpassa a sobreposição entre imagens – ora figurativas, ora abstratas – e textos, com ênfase na poesia. Artista plástico, arquiteto e professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP e da Faculdade de Design de Moda Santa Marcelina, Feres Khoury entrou em 1972 na FAU e no ano seguinte já participava de mostras coletivas expondo suas gravuras. Mestre e doutor em Poéticas Visuais, desenvolve pesquisa na área de Narrativas Visuais, estudando as relações entre imagem e poesia – tema que se traduz em sua produção artística.

“Mapas de um mundo” agrupa as reproduções do trabalho do artista em séries: “Papéis avulsos”, “Livros de Pensar”, “Caderno de todos os dias”, “Cadernos de Poesia” e “Rolos”. No primeiro grupo, a produção do artista de aquarela sobre papel combina imagens abstratas e pictóricas (uma xícara, um pé, uma taça) com textos de Pina Bausch, Fernando Pessoa e Paul Celan, por exemplo. “Traços de linha viva movem-se por si mesmas, atravessando fotografias, fotogramas, versos de poemas, compondo o conjunto por uma diagramação que contém as partes credenciadas em situação de diálogo onde, também, soa a música”, comenta Berta Waldman, cujo texto “’Margens” acompanha, ao longo do livro, a exposição dos trabalhos de Khoury.

Serviço
Mapas de um mundo
Feres Lourenço Khory
184 páginas - R$ 100,00 (em média)
Editora Imprensa Oficial

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

A reunificação alemã


Às vésperas de completar 20 anos da queda do Muro de Berlim (dia 9 de novembro de 1989), a Editora Unesp relança A reunificação da Alemanha - do ideal socialista ao socialismo real, obra em que o cientista político e historiador Luiz Alberto Moniz Bandeira apresenta vários aspectos inéditos do processo que culminou com a queda dos regimes comunistas no Leste Europeu, a derrubada do muro e a desintegração do chamado Bloco Socialista.

Um desses aspectos é a participação do KGB, o serviço secreto soviético, com a colaboração de Markus Wolf e Erich Mielke, dirigentes do Stasi, o serviço de inteligência alemão, na derrubada de Erich Honecker, uma vez que ele se opunha à glasnost e perestroika, promovida por Mikhail Gorbachev.

Esta e outras informações sobre as lutas internas entre os dirigentes da extinta República Democrática Alemã, antes e depois da demolição do Muro de Berlim, foram obtidas por meio de entrevistas feitas diretamente com Egon Krenz, o sucessor de Honecker como primeiro-
secretário do SED (Partido Socialista Unificado da Alemanha) e presidente do Conselho de Estado da RDA. Além dele, Hans Modrow e Lothar de Maizière que exerceram o posto de primeiro-ministro entre a demolição do Muro de Berlim em 1989 e a reunificação da Alemanha (3 de outubro de 1990), bem como com Günter Schabowski, membro Politburo do SED, do qual era igualmente o primeiro-secretário no Distrito de Berlim.

Vernon Walter, embaixador dos Estados Unidos em Bonn, também deu o seu depoimento. Todos esses homens desempenharam o mais relevante papel nos acontecimentos, e suas entrevistas, concedidas entre janeiro e fevereiro de 1991, permitiram que Moniz Bandeira reconstruísse a história e desvelasse a trama que ocorreu nos bastidores da RDA antes e depois da queda do Muro de Berlim por pressão popular, condenando o regime comunista ao desmoronamento e possibilitando a reunificação.

Serviço
A reunificação da Alemanha - Do ideal socialista ao socialismo real
(3a. edição revista e ampliada)
Luiz Alberto Moniz Bandeira
236 páginas - R$ 45,00 (em média)
Editora Unesp

Falando da sociedade


Com sua habitual originalidade, o sociólogo americano Howard Becker lança um desafio para os cientistas sociais: admitir que eles não detêm o monopólio de representação da sociedade, reconhecendo que outros gêneros também produzem conhecimento indispensável sobre o social.

Consagrado por seu olhar inovador sobre a transgressão, em Falando da sociedade, Becker oferece a qualquer leitor interessado no estudo da cultura uma série de ensaios a respeito de artistas, escritores, gêneros literários e formas de representação.

Na primeira parte, o autor trata das ideias que permitem construir um relato sobre a sociedade e analisa diferentes exemplos, como estatísticas, gráficos, fotos, filmes e obras de arte conceitual.
Na segunda parte, demonstra como áreas não convencionais de representação desempenham bem o papel de relatar o social, analisando com muita criatividade peças de teatro (Major Barbara e A profissão da senhora Warren, ambas de Bernard Shaw), documentários (Titticut Follies, de Frederick Wiseman), ensaios (Manicômios, prisões e conventos, de Erving Goffman) e romances (Orgulho e preconceito, de Jane Austen, e As cidades invisíveis, de Ítalo Calvino). Apesar dos textos serem relacionados entre si, foram abordados pelo autor de forma a serem independentes e podem ser lidos em qualquer ordem.

Falando da Sociedade
Howard S. Becker
Tradução: Maria Luiza X. de A. Borges
312 páginas - R$ 44,00 (em média)
Editora Jorge Zahar

Arquitetura pelas escadas


Em Arquitetura pelas escadas, a arquiteta e fotógrafa Patrícia Cardoso conta histórias inusitadas da capital paulista, num livro com mais de 60 fotos de escadas e rampas que expressam estilos arquitetônicos de diversas épocas da cidade.

A câmera de Patrícia guia o leitor pelos meandros desses elementos da arquitetura paulistana, desde a tradicional escada do saguão principal do Museu Paulista – Ipiranga (Tommaso Gaudenzio Bezzi, 1883), passando pela escada-rampa que Lina Bo Bardi desenhou para o subsolo do Museu de Arte de São Paulo (1957), até chegar à escada caracol da Livraria da Vila do Shopping Cidade Jardim, concebida por Isay Weinfeld (2008).

Suas fotos destacam peculiaridades às vezes despercebidas por muitos, cuidadosamente retratadas. Como a própria autora diz na apresentação do livro, ela foi se afeiçoando por cada uma das escadas e rampas que fotografava, à medida que ouvia relatos sobre a arquitetura de cada obra, e isso influenciou, inevitavelmente, o foco e o ângulo das imagens registradas.

Como escreve Simonetta Persichetti na orelha do livro: “A cada degrau, um olhar diferente. Nenhuma imagem se repete e o ritmo que ela criou ao editar as imagens só fez crescer a idéia que suas escadas não são obra de construção, mas criação de novos desenhos. A cada escada uma história particular em que ela aponta jogos de linhas, de formas e volumes. Surpresa a cada imagem que nos é aqui apresentada pelos olhos curiosos de Patrícia, já que, sim, ela tem um olhar fotográfico”.

Serviço
Arquitetura pelas escadas
Patrícia Cardoso
128 páginas - R$ 39,00 (em média)
Editora Estação Liberdade

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Para além da história oficial


Revolução Francesa: Às armas, cidadãos! é o segundo volume da grande obra de Max Gallo, iniciada com Revolução Francesa – V. I – O povo e o rei (1774-1793). Este conjunto se tornou um dos maiores best-sellers na França e transformou-se num fenômeno editorial, mostrando uma versão surpreendente do maior acontecimento da Idade Moderna. Preciso do ponto de vista histórico, ágil como uma reportagem e emocionante como um romance.

Às armas, cidadãos! inicia num momento crucial da história: Luís Capeto – como é chamado Luís XVI, ex-rei da França, após a proclamação da República – sobe ao cadafalso na segunda-feira, 21 de janeiro de 1793. O sangue real derramado torna impossível qualquer tipo de conciliação. A república precisa vencer ou morrer. A Convenção conclama a nação: “Às armas, cidadãos!”.
O perigo está em toda parte, tanto nas fronteiras como dentro do país. Por quase nada, as pessoas se tornam suspeitas de traição à pátria. A guilhotina, “navalha nacional”, ameaça a todos. O Terror está na ordem do dia. O povo, por sua vez, passa fome.

De tanto jorrar, o sangue se torna um rio que carrega a todos em seu furor. Marat, Danton, Robespierre, montanheses, jacobinos, girondinos, enfim, todas as variadas tendências – uns mais à esquerda, outros à direita –, são sucessivamente aclamados, odiados, reabilitados, decapitados.
Em 1795, o Diretório finalmente proclama o tempo da Concórdia, e todos começam a sonhar com uma reconciliação. Mas os dirigentes corrompidos desviam as riquezas, se refestelam no luxo. E o povo volta a reclamar: “No tempo de Robespierre, pelo menos tínhamos pão!”.

Enquanto isso, se destaca um jovem general aureolado pela glória conquistada na Itália e no Egito. Ele promete o retorno à ordem. No golpe de Estado de 18 brumário, ele toma o poder. E declara: “Cidadãos, a revolução está fixa nos princípios que lhe deram início: ela acabou”. Seu nome é Napoleão Bonaparte.

Serviço
Revolução Francesa - Para além da história oficial
Max Gallo
Tradução de Julia da Rosa Simões
340 páginas - R4 54,00 (em média)
Editora L&PM

O povo e o rei


Revolução Francesa: O povo e o rei é o primeiro volume da grande obra de Max Gallo que, para além da história oficial e dos livros escolares, nos mostra uma versão surpreendente do maior acontecimento da Idade Moderna, definidor do mundo atual. Preciso do ponto de vista histórico, ágil como uma reportagem e emocionante como um romance.

"Ele era o rei da França, o 16o com o nome de Luís, herdeiro de uma linhagem que há mais de dez séculos edificara e governara o reino da flor-de-lis e que, pela graça de Deus, tornara-o um dos mais poderosos do mundo.
Seus reis eram de direito divino; a França era a filha mais velha da Igreja, e um Luís, o IX, morto em uma cruzada, se tornara São Luís.
No entanto, naquela manhã de segunda-feira, 21 de janeiro de 1793, exatos quatro meses depois da proclamação da República, em 21 de setembro de 1792, enquanto um nevoeiro gelado paralisa Paris e abafa o rufar dos tambores que batem sem interrupção, Luís XVI é apenas Luís Capeto, ex-rei da França, ex-rei dos franceses.
Seu corpo será cortado em dois, e assim será separado o corpo do rei do da nação."
Trecho de Revolução Francesa: O povo e o rei

Serviço
Revolução Francesa- V.1 - O povo e o Rei
Max Gallo
Tradução de Julia da Rosa Simões
348 páginas - R$ 58,00 (em média)
Editora L&PM

J' accuse!!!!

Em 22 de dezembro de 1894, o capitão judeu Alfred Dreyfus é condenado por traição à degradação militar e à deportação perpétua num reduto fortificado. Uma carta contendo informações relativas à defesa nacional francesa endereçada ao militar alemão Von Schwartzkoppen é a prova utilizada em sua condenação, muito embora o documento não estivesse assinado e datado. Somente três anos depois, em 1897, é que a verdade vem à tona e se descobre que o autor da carta era, em realidade, o comandante da infantaria Esterhazy, e não Dreyfus. Este é o início de um dos maiores escândalos políticos da história da França, que por muitos anos dividiu seus habitantes e mobilizou a opinião pública para tentar corrigir a injustiça cometida pelo Estado. Entre os intelectuais que saíram em defesa de Dreyfus estava Émile Zola (1840-1902), grande romancista da época, autor de Germinal, O paraíso das damas, A morte de Olivier Bécaille, entre outros.

Em J’accuse...! a verdade em marcha¸ Émile Zola reúne os artigos que publicou na imprensa francesa e nos quais revelou as entranhas de um dos maiores atentados à liberdade que o mundo conheceu. Diante de um exército que, temendo macular sua imagem, preferia condenar um inocente a reconhecer seu engano, e de nacionalistas que adotaram uma postura antissemita, Zola recorreu à força da palavra. A carta aberta ao presidente da república da França, publicada em 13 de janeiro de 1898 no jornal L’Aurore – com tiragem de 300 exemplares –, sob o título de J’accuse, marca o início dessa série de textos de denúncia. Zola, que faleceu em 1902 – alguns especulam que fora assassinado –, não viu a absolvição de Dreyfus em 1906, mas sem dúvida foi um dos responsáveis por esse marco da história, da justiça e da imprensa, que mostrou a força dos intelectuais frente à opinião pública e ao Estado.

Leia aqui o prefácio
http://www.lpm-editores.com.br/v3/livros/Imagens/jaccuse_2.pdf

Serviço
J'accuse...! A verdade em marcha
Émile Zola
Tradução:Paulo Neves
176 páginas - R$ 14,00 (em média)
Editora L&PM

Sem Woody, Plumas



Sem plumas traz 18 textos de formatos variados – peças, ensaios, contos, argumentos e outras improbabilidades – que têm em comum a imaginação e o humor característicos de Allen. Na hilariante peça "Morte", temos uma paródia do velho mito da morte que vem buscar suas vítimas, e em "Deus", a outra peça curta do livro, Allen lança-se no teatro do absurdo e no teatro grego para fazer rir e pensar sobre seus assuntos preferidos: culpa, sexo, o que estamos fazendo aqui, qual o papel do artista no mundo e outras neuroses humanas.

Contos:

"Excertos de um Diário"
"Examinando Fenômemos Psíquicos"
"Alguns Balés sem Importância"
"Os Pergaminhos"
"As Mulheres de Lovborg"
"A Puta com Ph.D."
"Morte (Peça em um Ato)"
"Os Primeiros Ensaios"
"Guia Breve, Porém Útil, à Desobediência Civil"
"Quem Ganha do Inspetor Ford?"
"O Gênio Irlandês"
"Deus (Peça em um Ato)"
"Fábulas, Bestas e Mitos"
"Mistérios da Literatura"
"Se os Impressionistas Tivessem Sido Dentistas"
"Nada de Preces para Weinstein"
"Os Bons Tempos: uma Memória Oral"

Serviço
Sem Plumas
Woody Allen
184 páginas - R$ 13,50 (em média)
Editora L&PM

Uhhhh... que loucuraaaa!!!!


Quando publicou Que loucura! (Side effects), em 1980, Woody Allen já era um artista aclamado, tendo dirigido, entre outros, os antológicos Tudo o que você gostaria de saber sobre sexo (1972), Annie Hall (1977, vencedor de quatro Oscar) e Manhattan (1979). Mas o livro, com dezessete textos humorísticos, também é testemunha do início da carreira do multitalentoso Allen, quando ele desepjava verve, piadas e gags para platéias em restaurantes e casas noturnas.

Estrondoso sucesso de público, tendo freqüentado as listas de mais vendidos do mundo inteiro, Que loucura! traz textos em que Allen mistura humor, filosofia, psicanálise e história, tudo com uma indefectível dose da neurose moderna que é sua característica principal. Em A pele de Sócrates, o humorista coloca-se no lugar do filósofo, nos seus últimos dias de vida, antes de ser obrigado a suicidar-se. No conto intitulado O caso Kugelmass (que ganho o prêmio O. Henry de 1978), um professor, graças aos poderes de um obscuro mágico, é levado para dentro de Madame Bovary, onde viverá uma história de amor – longe da sua mulher supercontroladora. Com seu estilo personalíssimo e sua imaginação que desconhece limites, o autor prescruta – sempre rindo, é claro – as mais inusitadas situações e facetas da humanidade. Que loucura!: um programa tão divertido quanto os filmes de Woody Allen.

Serviço
Que Loucura!
Woody Allen
175 páginas - R$ 13,00 (em média)
Editora L&PM

Cuca Fundida


Antes de iniciar, em meados da década de 1960, uma das mais brilhantes carreiras de cineasta, roteirista e ator do cinema moderno, Woody Allen trabalhou como humorista, contando piadas e fazendo sketches em bares e auditórios. Com o sucesso de seus primeiros filmes (Um assaltante bem trapalhão, 1969, e Bananas, 1971), sua carreira foi catapultada à imprensa de peso norte-americana, e seus textos humorísticos começaram a ser publicados em The New York Times, The New Yorker, entre outros jornais e revistas.

Cuca fundida, lançado originalmente em 1971, é o primeiro dos três livros com textos curtos, geniais e impagáveis daquele que é talvez o maior cineasta norte-americano (os outros dois livros são Sem plumas e Que loucura!, também disponíveis na Coleção L&PM Pocket). São dezessete textos que mesclam humor judaico, psicanálise, culpa, sexo e outros temperos e neuroses da vida moderna – tudo isso em um estilo inteligente, rápido e cheio da comicidade trágica presente nos filmes do autor.

Um livro para fãs de Woody Allen e para fãs do riso inteligente.

Contos:

"O Cara"
"Os Róis de Metterling"
"A Morte Bate à Porta"
"Uma Espiada no Crime Organizado"
"Minha Filosofia"
"A História de Uma Grande Invenção"
"Como Realfabetizar um Adulto"
"Contos Hassídicos"
"Correspondência entre Gossage e Vardebedian"
"Reflexões de um Bem-Alimentado"
"Os Anos 20 Eram Uma Festa"
"Conde Drácula"
"Um Pouco Mais Alto, Por Favor"
"Conversações com Helmholz"
"Viva Vargas!"
"Descoberta e Uso do Respingo Imaginário"
"As Memórias de Schmeed"

Serviço
Cuca Fundida
Woody Allen
158 páginas - R$ 13,00
Editora L&PM

Em letras, o mestre do cinema


Adultérios traz três histórias de Woody Allen, engraçadíssimas, espirituosas e agradabilíssimas de ler, todas sobre infidelidade, todas passadas em Nova York e arredores. Os personagens, típicos novaiorquinos, surgem em cena de forma insuspeita, mas as coisas mais inesperadas acontecem – ou são reveladas –; faz-se o caos e a delícia dos leitores.

Nestas peças, encenadas com sucesso nos Estados Unidos, encontramos na verdade várias temáticas que são preocupações recorrentes na obra do autor. É o caso das pessoas que tentam racionalizar as próprias ações, que se debatem com as possibilidades e as angústias da arte e, é claro, com a tentação dos casos extraconjugais. Temos aqui Allen – o frasista, o genial piadista – em plena forma cômica. Tudo no melhor estilo dos diálogos frenéticos e cheios de verve que são a marca do mestre.

Serviço
Adultérios
Woody Allen
Tradução de Cássia Zanon
208 páginas - R$ 14,00 (em média)
Editora L&PM

Desenho adulto


Dando início às comemorações no Brasil dos 60 anos da publicação das primeiras tiras Peanuts, a L&PM Editores publica Peanuts Completo: 1950 a 1952, do cartunista norte-americano Charles M. Schulz (1922-2000), um dos lançamentos em quadrinhos mais aguardados dos últimos anos. O livro é o primeiro de uma série editada originalmente em inglês pela Fantagraphics Books que reúne todas as tiras Peanuts, realizando o desejo do autor de ver o trabalho de uma vida reunido em livro.

Publicada pela primeira vez em 2 de outubro de 1950, Peanuts mostra, através de um grupo de crianças que tem por costume falar a verdade umas para as outras, a sociedade norte-americana pós-guerra em que Schulz cresceu. Nas histórias protagonizadas por Charlie Brown e sua turma estão retratados os sentimentos de insegurança, inadequação e melancolia que sempre acompanharam o cartunista e que são pertinentes a todos nós, seres humanos. Publicada atualmente em mais de 2,6 mil jornais em todo o mundo, Peanuts é um caso único na história dos quadrinhos: as tiras continuaram a ser criadas ininterruptamente ao longo de mais de 50 anos, sempre desenhadas por Schulz, que se recusava a trabalhar com colaboradores. Não por acaso, a última tira inédita foi publicada em 13 de fevereiro de 2000, um dia após sua morte.

Dando início às comemorações no Brasil dos 60 anos da publicação das primeiras tiras Peanuts, a L&PM Editores publica Peanuts Completo: 1950 a 1952, do cartunista norte-americano Charles M. Schulz (1922-2000), um dos lançamentos em quadrinhos mais aguardados dos últimos anos. O livro é o primeiro de uma série editada originalmente em inglês pela Fantagraphics Books que reúne todas as tiras Peanuts, realizando o desejo do autor de ver o trabalho de uma vida reunido em livro.

Publicada pela primeira vez em 2 de outubro de 1950, Peanuts mostra, através de um grupo de crianças que tem por costume falar a verdade umas para as outras, a sociedade norte-americana pós-guerra em que Schulz cresceu. Nas histórias protagonizadas por Charlie Brown e sua turma estão retratados os sentimentos de insegurança, inadequação e melancolia que sempre acompanharam o cartunista e que são pertinentes a todos nós, seres humanos. Publicada atualmente em mais de 2,6 mil jornais em todo o mundo, Peanuts é um caso único na história dos quadrinhos: as tiras continuaram a ser criadas ininterruptamente ao longo de mais de 50 anos, sempre desenhadas por Schulz, que se recusava a trabalhar com colaboradores. Não por acaso, a última tira inédita foi publicada em 13 de fevereiro de 2000, um dia após sua morte.

Serviço
Peanuts Completo
Charles M. Schulz
340 páginas - R$ 34,00 (em média)
Editora LP&M

A arte e a filosofia


Toda a obra de Deleuze – e suas elaborações sobre a filosofia de diferentes épocas e campos variados, como as ciências, as artes e a literatura – é abordada nesse livro essencial. O professor Roberto Machado investiga o modo de funcionamento e a constituição do pensamento filosófico de Deleuze e conclui que ele sempre privilegiou a diferença em detrimento da identidade. Demonstra, ao mesmo tempo, que existe uma sistematicidade em sua filosofia, que em geral se desconhece. Uma visão global e, ao mesmo tempo, original do pensamento deleuziano.

Serviço
Deleuze, a arte e a filosofia
Roberto Machado
340 páginas - R$ 35,00 (em média)
Editora Jorge Zahar

Spinoza e Nietzshe


Nietzsche, em uma célebre carta enviada a Franz Overbeck em julho de 1881, diz encontrar em Spinoza seu único precursor, e que a partir de então sua solidão (Einsamkeit) passava a ser uma dualidão (Zweisamkeit). Tal pequeno texto é o ponto de partida deste livro. Nele, Nietzsche afirma que sua filosofia e a de Spinoza têm a mesma tendência geral: fazer do conhecimento o mais potente dos afetos. E lista em seguida outros cinco pontos de aproximação entre elas: negar o livre-arbítrio, a teleologia e as causas finais, a ordem moral do mundo, o desinteresse e o mal. No início desse mesmo ano, Nietzsche já havia afirmado que o conhecimento da realidade é aquilo que “aumenta a beleza do mundo e torna mais ensolarado tudo o que há” e que por isso “a felicidade suprema consiste no conhecer”, encerrando o aforismo mencionando Spinoza entre aqueles que vivenciaram o conhecimento como um descobrir e inventar.

Cada um dos seis pontos de proximidade mencionados na carta é abordado separadamente por um nietzschiano e por um spinoziano, dentre alguns dos mais consagrados especialistas nas filosofias de Spinoza e de Nietzsche do Brasil e da França. A intenção é a de que cada leitor possa chegar a suas próprias conclusões, a partir do cotejamento de um e outro texto sobre cada um dos pontos em questão. Se tanto para Spinoza quanto para Nietzsche o conhecimento é um afeto – e o mais potente dos afetos –, esperamos que este livro possa afetar seu leitor, contribuindo para a vitalidade da pesquisa filosófica atual.

Serviço
O mais potente dos Afetos: Spinoza e Nietzsche
André MArtins (org)
308 páginas - R$ 59,00 (em média)
WMF Martins Fontes

O diálogo entre as culturas


“Um livro notável sobre o universal, os direitos humanos e o diálogo entre as culturas, escrito por um eminente filósofo.” Nonfiction.fr

Como conceber um diálogo entre as culturas? No mundo globalizado em que vivemos, essa é uma das grandes questões e chega acompanhada de contradição. De um lado, a tendência à padronização dos modos de vida disseminados pela cultura dominante nos últimos séculos – a ocidental –, pondo em risco toda diversidade. De outro, uma onda violenta de rejeição, justamente ao que é identificado com o modelo ocidental de pensamento. Em busca de respostas para esse impasse, o filósofo e sinólogo francês François Jullien propõe uma reflexão, profunda e original, sobre diversos conceitos-chave, que, segundo ele, moldam a nossa forma de pensar. Nesse percurso, aborda temas caros à filosofia, antropologia, história, sociologia e teologia.

A edição brasileira conta com apresentação do professor de filosofia Danilo Marcondes.

Serviço
O diálogo entre as culturas
François Jullien
244 páginas - R$ 32,00 (em média)
Editora Jorge Zahar

A 2ª guerra e o Brasil


Os brasileiros que foram presos na época colonial, acusados de judaismo, homosexualismo, bigamia, feitiçaria, heresias e blasfêmias, todos delitos proibidos pela Igreja e pelo Estado.

Entre eles grande nomes da nossa cultura como Bento Teixeira, o primeiro poeta do Brasil e Antonio José da Silva, o mais importante poeta de língua portuguesa do século XVIII, além de nomes das mais tradicionais famílias brasileiras, como Mesquita, Almeida e Sodré, cujos processos e condenações, algumas delas à fogueira, são listados neste livro.

Foram levados do Brasil 1076 prisioneiros para os cárceres da Inquisição em Portugal, durante a época colonial, porque sentiam e pensavam “diferente”. Judaísmo, luteranismo, islamismo, assim como feitiçaria, sodomia, bigamia, proposições heréticas e blasfêmias, eram considerados crimes e punidos com degradação moral, exílio, confisco, cárcere perpétuo ou morte na fogueira. Como a sobrevivência do Tribunal dependia do confisco, o moloch inquisitorial clamava por mais oferendas, recriando as heresias sempre que arrefeciam.

A Inquisição foi sobretudo uma instituição racista, que discriminava e excluía, por lei, os descendentes de judeus, árabes, ciganos, negros e mulatos, até onde a memória podia chegar. A esta imposição forçada de crença e pensamento, os diversos grupos étnicos responderam com uma contestação clandestina, recusando os dogmas, semeando a livre crítica e perpetuando seus costumes ancestrais.

A este mundo subterrâneo e clandestino luso-brasileiro levam as fontes que são aqui apresentadas, em Inquisição: Prisioneiros dos Brasil, da renomada historiadora e pesquisadora Anita Waingort Novinsky, e que descortinam “outra” história do Brasil, ainda oculta e em grande parte inexplorada.

Serviço
Inquisição: Prisioneiros do Brasil
Anita Novinsky
276 páginas - R$ 45,00 (em média)
Editora Expressão e Cultura

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Adriana em letras


Em SAGA LUSA, Adriana Calcanhotto relata com muito humor e ironia as peripécias por que passou durante a turnê portuguesa do disco Maré, em maio e junho de 2008. Após um vôo Rio-Lisboa sem dormir, entrevistas na aterrissagem, um show em que falta luz e é irresistível continuar cantando, além de um desastroso coquetel de remédios para combater uma gripe fortíssima, Adriana tem um surto psicótico induzido por medicamentos que a obriga a cancelar, por vários dias, os compromissos de sua turnê. Convalescendo em um quarto de hotel, ainda sem conseguir dormir, dividida entre médicos, remédios, exames e o temor de ignorar quando tudo aquilo passaria, ela começa a escrever compulsivamente. Adriana busca afastar o medo – e reencontrar o equilíbrio e a lucidez – narrando sua saga, rindo de si mesma no laptop, revirando a língua portuguesa do avesso, divertindo-se com canções e livros que insistem em invadir sua escrita. Na Saga Lusa de Adriana, em meio a tantos sustos e surpresas, apenas uma certeza: a de que “A alegria é a prova dos nove(s)”.

Serviço
Saga Lusa, o relato de uma viagem
Adriana Calcanhotto
168 páginas - R$ 30,00 (em média)
Editora Cobogó

Chiquina, a madrinha do carnaval


'Ó abre alas que eu quero passar...' Edinha Diniz, autora do consagrado ensaio 'Chiquinha Gonzaga', uma história de vida, acaba de lançar uma versão da história da vida de Chiquinha Gonzaga para a Coleção Mestres da Música no Brasil. Num livro de 32 páginas, recheado de humor, fotos, reproduções de capas de partituras, ilustrações de época e obras de arte, este livro dá aos joves de todas as idades a oportunidade de conhecer e entender um pouco da vida dessa rebelde sinhazinha do Segundo Reinado que abriu alas para as mulheres e para a música brasileira.

Serviço
Chiquinha Gonzaga
Edinha Diniz
240 páginas - R$ 34,00 (em média)
Editora Moderna

Verdades e mentiras por Manguel


Se a verdade é muitas vezes fugaz, se um caso que envergonhado seus jogadores é sempre difícil de resolver, descobrir o que eu queria esquecer, parece quase impossível depois de trinta anos em um mundo onde tudo muda, exceto o que foi escrito séculos atrás no Livro dos Salmos: "Todos os homens são mentirosos." No entanto, quando um jornalista francês a se esforçar para esclarecer a queda inexplicável do grande escritor sul-americano Alberto Bevilacqua, da varanda da casa onde viveu em Madrid ainda escuro meados dos anos setenta, os testemunhos de quem o conhecia será o seu único caminho para a verdade. As histórias questionáveis e diverso do seu alegado amante espanhol, um escritor argentino que afirma ter sido seu único confidente, o cubano que jura que ele compartilhou celular durante a ditadura militar na Argentina, e mesmo informante um morto que está relatando do além entrelaçam em uma trama fascinante do leitor incrédulo não pode desviar o olhar até à última página. Um assassinato não é assassinato, morte acidental, mas também deliberada traição é um ato de lealdade, um manuscrito apócrifo com muitos dos suspeitos, uma mulher pela qual não há nada mais erótico fama literária, um homem reservado, que É revelado como um sedutor e um patife, que acaba por ser quase heróico ... Depois de três décadas de vida em uma sociedade que é um baile de máscaras, os personagens que contam suas histórias aqui não são ainda capazes de distinguir a sua verdadeira face. Mentiras disfarçadas de verdades, as invenções que ecoam falsidades, ficções com ar crônicas, confissões e fabricado notícias ... Ambos vão esconder a verdade sobre o misterioso Bevilacqua, que irá cativar todos os que vêm a estas páginas, mas apenas aqueles que sabem ler entre linhas serão capazes de descobrir.

Serviço
Todos los hombres son mentirosos
Alberto Manguel
(em espanhol - sem tradução)
240 páginas - R$ 34,00 (em média)
Editora RBA

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

O Brasil por meio de seus impressos

Este é um Post a la twitter.
Livro sobre a história dos impressos no Brasil, desde a chegada da família real até as primeiras décadas do século 20, com base no acervo da Biblioteca Nacional. A partir de um panorama histórico de livros, jornais, revistas, estampas e efêmeros, o volume aborda a evolução da arte gráfica no Brasil e o surgimento de identidades e linguagens locais. Fartamente ilustrado com 320 imagens.

Serviço
O impresso no Brasil, 1808-1930:
Destaques da História Grafica no Acervo da biblioteca Nacional
Rafael Cardoso
180 páginas - R$ 90,00 (em média)
Editora Verso Brasil

O cotidiano sobre os olhos da ficção


Os contos reunidos em Lúcia McCartney têm o vigor das manchetes de jornais e a consagrada verve ficcional de Rubem Fonseca. Neles vibram as ameaças e seduções, as surpresas e a insensatez que cercam os personagens das grandes cidades. A mesma amarga ingenuidade da garota de programas que se apaixona por um cliente ressurge no caso do conselheiro E. A., que tenta salvar uma prostituta de sua cafetina francesa. A obstinação do boxeador que esgota suas forças num combate de vida ou morte provoca tanto impacto quando a acirrada disputa num bando de miseráveis que retalham com voracidade uma vaca atropelada.

Lúcia McCartney é o retrato de um mundo irônico e angustiado onde tudo pode acontecer. Como num ringue, não há lugar para sentimentos de culpa nem moral redentora. O que conta, na vida como na arte, é o golpe preciso que ilumina a implacável verdade de uma vida.

Serviço
Lúcia McCartney
Rubem Fonseca
240 páginas - R$ 39,90 (em média)
Editora Agir

O Som que fez o Brasil




Se existe alguma documentação acerca da produção cultural erudita no Brasil, o mesmo não pode ser dito no que concerne à produção popular ou aquela produzida por sujeitos que se encontram, histórica e socialmente, à margem dos grupos hegemônicos. Se a abstrata e sempre tendenciosa qualidade artística das obras, cujo estofo e escopo fundamenta-se nos cânones clássicos, nada, a não ser os preconceitos raciais e classistas, justificariam a exclusão dos músicos e cantores negros da história da música erudita brasileira. Em tese, e a partir de significativa pesquisa documental, Antônio Carlos dos Santos toma como objeto de investigação a participação de escravos negros como músicos e cantores na Real Fazenda de Santa Cruz, localizada no Rio de Janeiro, de 1808 (chegada da Família Real Portuguesa ao País) até 1871. Nessa ampla fatia de tempo, o pesquisador apresenta tanto os motivos econômicos na formação de escravos e ex-escravos no aprendizado da música erudita. De todos os motivos, destaca o autor principalmente o fato de tanto os observadores estrangeiros como os brasileiros “bem nascidos” conceberem os negros de modo perversamente ideológico. Trata-se, portanto, de excelente possibilidade de ter acesso a um significativo trabalho desenvolvido por negros músicos escravos em um período da história repleto de tantas lacunas históricas.

Serviço
Os músicos negros
Antonio Carlos dos Antos
203 páginas - R$ 38,00 (em média)
Editora Fapesp, Editora Annablume

O casamento da princesa


Celso Sisto é escritor, ilustrador, ator, tem mais de 30 livros publicados e ainda divulga a literatura como contador de histórias, ministrando cursos, palestras, enfim, respirando literatura.

Em seu novo livro, Celso nos presenteia com uma belíssima adaptação de um conto popular originário da África Ocidental. O casamento da princesa é uma história repleta de simbologia e significados. História essa similar as que eram contadas pelos mais velhos aos mais novos. Lendas passadas de geração a geração.

Abena, a mais bela princesa da África Tropical, está finalmente apta a se casar. Com o passar dos anos, sua beleza só se fez aumentar, despertando a ternura e paixão de quem a rodeia. A notícia da singela graça da moça percorre todo o continente e logo surgem vários pretendentes. Os primeiros a disputar a mão da princesa são dois concorrentes de peso: o Fogo e a Chuva.

A Chuva, delicadamente, promete à princesa toda a vitalidade que a água proporciona: crescimento de plantações, multiplicação das colheitas… “Graças a mim, teremos sempre água pura para beber e rios cristalinos, cheinhos de peixes, onde se pode nadar e pescar” – foi a sua oferta. Diante de palavras tão musicais, a solitária Abena aceita a proposta da chuva, sem ter o conhecimento do que acontecia naquele exato instante.

O Fogo, consciente de seu poder, discursa para o pai de Abena: “Minhas chamas mantém os animais perigosos ao longe, cozinham a comida diariamente, iluminam as intermináveis noites escuras e aquecem o corpo durante o frio” – palavras fortes o suficiente para impressionar o Rei que, deslumbrado, cede a mão de sua filha.

Apaixonada pela Chuva, mas prometida para o Fogo, a princesa Abena cai em profunda tristeza e, para não ver a beleza de sua filha desaparecer, o Rei tem uma ideia. Uma disputa entre a Chuva e o Fogo encerraria o impasse. O vencedor do duelo teria a mão da princesa. A notícia sobre o maior embate já ocorrido corre pela África toda e todos (principalmente Abena) estão ansiosos para saber qual será o resultado final.

É neste tom de fábula que o autor Celso Sisto resgata a magia por trás dos contos africanos. Os guaches da ilustradora Simone Matias ajudam a dar forma aos tons quentes da África Tropical onde a obra é retratada: “Fiz pesquisas sobre o povo ashanti: vestuário, tambores, joias, trono do rei, estandartes”, diz.

Com uma história repleta de simbologia e significados, O casamento da princesa adapta para as gerações atuais a oralidade da cultura africana, repleta de deuses e mistérios, tornando-a desta forma, atemporal.

Serviço
O casamento da princesa
R$ 28,90 (em média)
Editora Prumo

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Contos Africanos


A proposta de Três contos africanos de adivinhação - além de recontar três narrativas recolhidas da literatura oral nigeriana - é de interagir com o leitor, desafiando-o a solucionar os enigmas apresentados às personagens, antes do desfecho das histórias.

Em "Os três gravetos" e "As três moedas de ouro", as personagens têm que desmascarar malfeitores e ladrões; em "Três mercadorias muito estranhas", um ancião precisar fazer a travessia do Rio Níger, em um pequeno barco, para levar um leopardo, uma cabra e um saco de inhame, driblando a cadeia alimentar.

Os textos são resgates de narrativas africanas - marca registrada do autor que trabalhou como voluntário da ONU na Guiné-Bissau -, cuja literatura tem como um dos propósitos transmitir ensinamentos de ética para uma boa convivência.

Serviço
Três Contos Africanos de Advinhação
Rogério de Andrade Barbosa
R$ 18,30 (em média)
Editora Paulinas

As ervas do Sítio


Os títulos trazem de volta o pioneirismo na divulgação das propriedades medicinais, cosméticas e culinárias das plantas. Por meio de um texto pessoal e despretensioso, a autora Rosy L. Bornhausen apresenta as informações necessárias para o cultivo e o uso das ervas no dia a dia, mostrando como elas são capazes de curar, embelezar e dar sabor a nossas vidas.

Em As ervas do sítio a autora resgata um pouco da história e das tradições relativas a dezenas de espécies. Entre as trinta ervas catalogadas na obra estão a babosa, a camomila, a erva-cidreira e o manjericão. O livro inclui um glossário com nomes científicos e populares das espécies.

No segundo volume, As ervas na cozinha , a autora faz uma saborosa celebração à boa mesa. Agrupadas segundo as estações do ano, as receitas são acompanhadas por dicas para servi-las de maneira elegante e prática, contando como tirar o máximo proveito de ervas aromáticas e temperos naturais. Entre mais de noventa receitas estão suflê, para a primavera; fettuccine com ervas e queijo, para o verão; panquecas, para o outono; e, sopa de milho com creme de ervas para o inverno.

A nova edição traz uma novidade: o leitor tem a opção de adquirir cada volume separadamente, ou como um kit, em uma luva personalizada.

Rosy L. Bornhausen foi uma das primeiras autoras brasileiras contemporâneas a tratar de conceitos como a valorização da cultura popular, a contenção do consumo e a busca pelo equilíbrio, popularizando assuntos amplamente debatidos pela sociedade atual. Assim, os livros são um verdadeiro elo de ligação entre o homem de hoje e conhecimentos ancestrais esquecidos em meio às atribulações da vida moderna.

As ilustrações de Maria Eugênia constituem uma atração à parte, traduzindo com seus traços a delicadeza do texto.

Serviço
As ervas do sítio
176 páginas - R$ 49,00
Editora Bei

As ervas na cozinha
214 págians - R$ 49,00
Editora Bei

Israel e seus conflitos de outra natureza


Em uma aldeia centenária - o que em Israel significa quase pré-histórica -, entre o fim do verão e o início do inverno, histórias diferentes se desenrolam paralelas, enquanto seus protagonistas se cruzam transversalmente como figurantes em histórias alheias. No cenário, recorrentes ciprestes esguios e escuros, a beleza campestre de uma Toscana israelense, o tórrido calor das tardes de verão, as primeiras chuvas e tempestades do inverno, chacais e cães em duelo orfeônico nas noites, as mesmas ruas, as mesmas praças, os mesmos pontos de referência, plácidos em sua imobilidade de guardiães de rotinas cotidianas, de doces e amargas reminiscências, do amor e do desespero, de mistérios, de personagens que surgem do nada e nele desaparecem, ou de pessoas com raízes firmes que somem sem deixar rastro. O trivial e o insólito se cruzam tal como os personagens, eles mesmos testemunhas da aventura do viver. Em 'Cenas da vida na aldeia', Amós Oz se atém à simplicidade das pessoas, dos acontecimentos, das paisagens corriqueiras que se repetem e se cruzam para, a partir deles, abrir diante do leitor a cortina de outro mundo possível.

Serviço
Cenas da Vida na Aldeia
Amos OZ
Tradução: Paulo Ceiger
182 páginas - R$ 38,00 (em média)
Editora Companhia das Letras

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Asterix e Obelix


O Aniversário de Astérix e Obélix – O Livro de Ouro», lançado hoje em 18 países em simultâneo, compila textos inéditos criados por Uderzo e Gosciny. Nascidas em 1959, estas personagens encantaram e fizeram “rir a bom rir” gerações de leitores dos 8 aos 80 anos, cada qual com uma interpretação muito própria de cada um dos livros. Não é surpresa que várias eram as alusões políticas e sociais que Uderzo e Goscinny faziam nos livros desta dupla gaulesa sem, mesmo assim, permitir que se perdesse o humor e a ingenuidade. Contudo, parece ser de opinião geral que os livros editados após a morte de Goscinny são, embora imperdíveis, um pouco menos apelativos e com um humor bastante menos refinado. Mesmo assim, torna-se obrigatória a leitura de toda a colecção Astérix e Obélix com muito tempo, disponibilidade e vontade de dar umas boas gargalhadas.

Serviço
O aniversário de Asterix e Obelix - O livro de Ouro
Uderzo e Gosciny
Tradução: Cláudio Varga
56 páginas - R$ 25,90 (em média)
Editora Record

Besouro e feijoada



FEIJOADA NO PARAÍSO, do cartunista e publicitário Marco Carvalho, conta a história do lendário capoeirista Besouro, ícone da cultura popular baiana entre os séculos XIX e XX. A capoeira - jogo atlético constituído por um sistema de ataque e defesa, de caráter individual - é uma das poucas manifestações folclóricas genuinamente brasileiras. Surgida entre os escravos bantos procedentes de Angola, no Brasil Colônia, sua prática foi intensamente perseguida até as primeiras décadas do século XX, mas sobreviveu à repressão e atualmente está regulamentada.

Serviço
Feijoada no Paraíso
Marco Carvalho
158 páginas - R$ 34,90 (em média)
Editora Record

O contrário da Morte


O Contrário da Morte é o primeiro livro de Roberto Saviano, desde que Gomorra o tornou um alvo a abater. Junta duas histórias, unidas pela Itália do Sul, desesperançada e seca, onde amor e morte se confundem e onde a máfia napolitana está sempre presente, prepotente e ameaçadora. Maria ainda não fez 18 anos. O seu noivo, Enzo, tem 21. São pobres, vão casar-se quando ele voltar de Cabul – virá de lá sem glória, mas com o dinheiro certo para a casa, quando se é soldado, ganha-se bem no Afeganistão. Mas Enzo não volta… Passou muito tempo desde que Giuseppe e Vincenzo foram mortos. Mortos, inocentes, que nenhum jornal recordou no dia seguinte. À esquerda, à direita, ao centro, todos mudos. Nasceram na terra da culpa. Não podiam dizer-se inocentes.

Roberto Saviano nasceu e cresceu em Nápoles, onde começou uma brilhante carreira como jornalista. Infiltrado na Máfia napolitana, publicou em 2006 o aclamado best-seller internacional Gomorra (editado pela Caderno em 2008). O sucesso do livro, porém, tornou–se um pesadelo – desde então o autor italiano, perseguido pelos mafiosos que denunciou, viu-se obrigado a viver na clandestinidade, sempre sob protecção policial. Vencedor do Prémio Viareggio, a obra deu origem a um filme com o mesmo nome, galardoado com o Grande Prémio do Júri do festival de Cannes.

Serviço
O contrário da morte
Roberto SAviano
96 páginas - R$ 26,00 (em média)
Editora Bertrand Brasil

Padre Cícero - Poder, Fé e Guerra no Sertão


Ele foi o mais polêmico líder espiritual e chefe político da história brasileira. O padre cearense Cícero Romão Batista (1844-1934) foi acusado de proclamar falsos milagres e acabou excomungado pelo Vaticano. Banido pela Igreja, fez da política um novo sacerdócio. Elegeu-se prefeito, vice-governador e deputado federal. À frente de um exército de jagunços e cangaceiros, apoiou uma revolução armada que derrubou um governo constitucionalmente eleito. Depois, concedeu a patente de capitão a Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, para que o célebre cangaceiro enfrentasse a Coluna Prestes em sua passagem pelo Nordeste. Odiado por uns, idolatrado por outros, considerado um verdadeiro santo pelos sertanejos, até hoje o nome de padre Cícero continua a arrastar multidões de peregrinos à cidade de Juazeiro do Norte, onde ele viveu e está sepultado. A cada ano, cerca de dois milhões e meio de pessoas acorrem à chamada "Meca nordestina", para pagar promessas e pedir graças ao Padim Ciço. Diante de tamanha massa de devotos ? e do avanço das igrejas evangélicas no Brasil ?, o Vaticano estuda agora a reabilitação canônica post-mortem do controvertido sacerdote, anistiando-lhe de todas as penas que lhe foram impostas em vida pela Inquisição. É o primeiro passo para elevá-lo à condição de santo oficial da Igreja Católica.

Serviço
Padre Cícero - Poder, Fé e Guerra no Sertão
Lira Neto
576 páginas - R$ 49,00 (em média)
Editora Companhia das Letras

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Emílio Salgari


A fotografia de uns quantos médicos, disfarçados de piratas algures numa ilha malaia, ilustra as inúmeras notícias sobre as agressivas técnicas de marketing da indústria farmacêutica. Onde acaba a promoção e acaba a corrupção?

Para além do problema de polícia que eventualmente possa vir a existir, há um outro que continua escamoteado de forma permanente e que ninguém parece estar muito interessado em discutir. O exercício das profissões de saúde, e não exclusivamente da médica, exigem um constante e significativo esforço de actualização, sem o que não é possível garantir-se a introdução de inovação nem o aperfeiçoamento técnico essenciais ao desenvolvimento da qualidade dos cuidados de saúde. Até ao momento, tem sido a indústria farmacêutica, de forma naturalmente interessada e sempre dependente da ética que cada empresa coloca na sua forma de estar no mercado, a assegurar uma parte substancial desse investimento. Criaram-se regras, é um facto, mas as regras não pagam os encargos que as entidades empregadoras dos clínicos deveriam suportar. Esta matéria não é de fácil abordagem. Grande parte dos médicos exerce medicina quer de forma independente quer institucionalmente e os benefícos da formação abrangem a sua actividade sob qualquer das formas. Mas, enquanto as instituições empregadoras, públicas e privadas, não conseguirem assumir o investimento da formação dos seus quadros como uma responsabilidade sua, tornando-os assim mais indiferentes às ofertas da indústria, continuaremos a assistir às aventuras do pirata Sandokan.

Serviço
Os piratas da Malásia
Emílio Salgari
Tradução: Maiza Rocha
256 páginas - R$ 38,00 (emm média)
Editora Iluminuras

Roberto Bolaño


O narrador viu pela primeira vez aquele homem, em 1971, ou 1972, quando Allende era ainda presidente do Chile. Então, fazia-se chamar Ruiz-Tagle e deslizava com a distância e a cautela de um gato pelos ateliers literários da Universidade de Concepción. Escrevia poemas também distantes e cautelosos, seduzia as mulheres, despertava nos homens uma indefinível desconfiança. Voltou a vê-lo depois do Golpe, época em que até os poetas jovens de dezoito anos, como eles se viram de repente mergulhados numa repentina e sangrenta maturidade. Mas nessa ocasião, o narrador - que conta a história desde o limite entre o fascínio e a necessidade de saber, ou de fazer saber - , ainda ignorava que aquele aviador, Wieder, militar de carreira que escrevia com fumo versículos da Bíblia com um avião da Segunda Guerra Mundial, e Ruiz-Tagle, o péssimo aprendiz de poeta, eram uma e a mesma pessoa. Versículos que os prisioneiros nos estádios liam, e que já não leriam as irmãs Garmendia, duas das poetas que tinha seduzido e feito desaparecer.

E assim, num percurso pelas muitas bifurcações dos caminhos da história, das mitologias e das literaturas da nossa época, é-nos contada a fábula nada exemplar de um impostor (mas não somos todos impostores nalgum momento das nossas vidas?), de um homem de muitos nomes, sem outra moral a não ser a estética (mas não é esta a aspiração de qualquer artista?), dandy do horror, assassino e fotógrafo do medo, artista bárbaro que levava as suas criações até às ultimas e letais consequências.

Serviço
Estrela Distante
Roberto Bolaño
Tradução: Bernardo Ajzenberg
144 páginas - R$ 33,00 (em média)
Editora Companhia das Letras

Walter Benjamin


Estes Escritos sobre Goethe dão início à publicação, pela Coleção Espírito Crítico, dos ensaios mais importantes de Walter Benjamin (1892-1940). O presente volume é composto pelos textos "As afinidades eletivas de Goethe" (1922) e "Goethe" (1928). Este último, redigido sob encomenda para uma enciclopédia, mas só publicado na íntegra após a sua morte, traça um perfil abrangente da vida e da obra do grande poeta alemão, relacionando-as às circunstâncias da história europeia.

Inédito no Brasil, o primeiro ensaio, dedicado à leitura do romance As afinidades eletivas (1809), obra da maturidade de Goethe, é uma indagação de longo alcance sobre a natureza da obra de arte, a tarefa da crítica e da interpretação. Partindo da distinção decisiva entre "teor factual" e "teor de verdade", constitui um dos exemplos mais finos da arte reflexiva de Benjamin, tendo se tornado referência indispensável para a teoria da literatura e a crítica de arte de modo geral.

Serviço
Ensaior Reunidos Escrito sobre Goethe
Walter Benjamin
Tradução: Mônica Krausz Bornebusch, Irene Aron e Disney Camargo
192 páginas - R$ 36,00 (em média)
Editora Duas Cidades e Editora 34