Em nosso meio acadêmico, muitos são os livros que tratam do passado escravagista brasileiro. Algumas obras ressaltam a violência dos senhores e outras chamam a atenção para as formas de resistência empregadas pelos escravos para a preservação de suas culturas.
No entanto, pode-se dizer que um elemento que une as duas tendências historiográficas é o fato de que estudiosos de ambas as correntes utilizaram para a compreensão da realidade dos escravos africanos no Brasil os anúncios publicados em jornais do século XIX que anunciavam a venda, a compra e a fuga de escravos. Gilberto Freyre foi um dos primeiros intelectuais a alertar para a riqueza desses anúncios como fontes documentais para nos aproximar do universo do cotidiano dos escravos. Dando continuidade à série de publicações do vasto legado do mestre de Apipucos, a Global Editora relança O escravo nos anúncios de jornais brasileiros do século XIX, uma de suas obras mais instigantes.
Gilberto Freyre afirma, no livro, ter reunido em sua pesquisa cerca de dez mil anúncios retirados de jornais do século XIX, como Diário de Pernambuco (Recife), Jornal do Commercio (Rio de Janeiro), entre outros. A partir de tais anúncios, ele flagra com perspicácia as relações que se estabeleceram entre os escravos e seus proprietários. São desnudadas pelo sociólogo as diversas ocupações que os cativos vindos da África exerciam deste lado do Atlântico: desde trabalhadores das lavouras de cana-de-açúcar até barbeiros e cozinheiros pessoais de seus proprietários. Nos anúncios que colocavam escravas à venda, Freyre destaca a preocupação dos textos em vangloriar os atributos físicos das negras.
As marcas nos corpos dos escravos que aparecem nos anúncios são estudadas com minúcia por Freyre. Algumas delas seriam relacionadas à cultura africana a qual pertenciam. Outras, por sua vez, seriam marcas da violência empregada pelos seus senhores. Freyre nos mostra, por meio desses anúncios, o quão eram péssimas as condições de saúde da população escrava. Ele revela que era frequente nos anúncios de escravos fugidos, por exemplo, encontrar indivíduos doentes e com deformidades físicas: “negros de pernas cambaias”, com “pernas tortas pra dentro”, “zambos”, uma infinidade de termos que indicam não só o excesso de trabalho dos cativos, bem como os maus-tratos que recebiam por parte de seus senhores.
Serviço
O escravo nos anúncios de jornais brasileiros do século XIX
Gilberto Freyre
256 páginas - R$ 47,00 (em média)
Editora Global
No entanto, pode-se dizer que um elemento que une as duas tendências historiográficas é o fato de que estudiosos de ambas as correntes utilizaram para a compreensão da realidade dos escravos africanos no Brasil os anúncios publicados em jornais do século XIX que anunciavam a venda, a compra e a fuga de escravos. Gilberto Freyre foi um dos primeiros intelectuais a alertar para a riqueza desses anúncios como fontes documentais para nos aproximar do universo do cotidiano dos escravos. Dando continuidade à série de publicações do vasto legado do mestre de Apipucos, a Global Editora relança O escravo nos anúncios de jornais brasileiros do século XIX, uma de suas obras mais instigantes.
Gilberto Freyre afirma, no livro, ter reunido em sua pesquisa cerca de dez mil anúncios retirados de jornais do século XIX, como Diário de Pernambuco (Recife), Jornal do Commercio (Rio de Janeiro), entre outros. A partir de tais anúncios, ele flagra com perspicácia as relações que se estabeleceram entre os escravos e seus proprietários. São desnudadas pelo sociólogo as diversas ocupações que os cativos vindos da África exerciam deste lado do Atlântico: desde trabalhadores das lavouras de cana-de-açúcar até barbeiros e cozinheiros pessoais de seus proprietários. Nos anúncios que colocavam escravas à venda, Freyre destaca a preocupação dos textos em vangloriar os atributos físicos das negras.
As marcas nos corpos dos escravos que aparecem nos anúncios são estudadas com minúcia por Freyre. Algumas delas seriam relacionadas à cultura africana a qual pertenciam. Outras, por sua vez, seriam marcas da violência empregada pelos seus senhores. Freyre nos mostra, por meio desses anúncios, o quão eram péssimas as condições de saúde da população escrava. Ele revela que era frequente nos anúncios de escravos fugidos, por exemplo, encontrar indivíduos doentes e com deformidades físicas: “negros de pernas cambaias”, com “pernas tortas pra dentro”, “zambos”, uma infinidade de termos que indicam não só o excesso de trabalho dos cativos, bem como os maus-tratos que recebiam por parte de seus senhores.
Serviço
O escravo nos anúncios de jornais brasileiros do século XIX
Gilberto Freyre
256 páginas - R$ 47,00 (em média)
Editora Global
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